Termina na próxima sexta-feira (02) o período de reserva de ações na Oferta Pública Inicial (IPO) da Sequoia Logística e Transportes. A empresa oferece, desde o dia 22 de setembro, 70.175.438 ações ordinárias negociadas em uma faixa de preço sugerida entre R$ 14,25 e R$ 17,75.
A oferta pode representar uma movimentação de R$ 1,5 bilhão, considerando os lotes inicial e suplementares. Um relatório divulgado pela casa de análises Suno Research, na última segunda-feira (28), ressalta pontos negativos da oferta e considera que não há margem de segurança para recomendar a entrada de investidores nesse IPO.
A Sequoia dividiu sua oferta inicial de forma que 40% das ações estão disponibilizadas em oferta primária e 60% em secundária. Na primeira modalidade os recursos levantados convertem-se em investimentos na empresa; já na segunda, o dinheiro vira remuneração para os investidores. O início das negociações na B3, a bolsa paulista, está previsto para o dia 07 de outubro.
Oferta secundária
De acordo com a Suno, considerando os lotes adicionais e suplementares, essa é uma oferta quase 80% secundária. Para a casa de análises, situações desse gênero não são bem-vistas pois, geralmente, tornam-se formas de viabilização da saída de investidores que compraram os ativos no passado a preços bem mais atrativos e agora buscam retorno com lucro.
Do R$ 1,5 bilhão que pode ser levantado pelo IPO, apenas cerca de R$ 420 milhões de fato entrarão no caixa da empresa. Segundo a companhia, o valor terá como destino aquisições nos segmentos de logística e transporte para expansão, otimização da estrutura de capital e investimentos em automação logística e novas tecnologias.
Privatização dos Correios
Um dos pontos fortes da companhia é sua eficiência de custo e tempo quando comparada aos Correios, principal player e referência para todo o setor. Nos últimos anos, porém, especialmente nas semanas que antecedem a oferta inicial, a privatização da estatal tem sido assunto recorrente na pauta nacional; há inclusive especulações a respeito de grandes empresas nacionais e estrangeiras com interesse no negócio.
Segundo informações do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), do Governo Federal, o projeto de lei para a privatização dos Correios deve ser encaminhado ao Congresso nas próximas semanas. A eventual desestatizaçãoCaso isso venha a ocorrer, causaria alterações significativas no ambiente das companhias de logística. Um aumento nos níveis de eficiência dos Correios pode acarretar na diminuição de uma das grandes vantagens competitivas da Sequoia.
Crescimento inorgânico
Uma das características da companhia de logística é que seu crescimento é feito majoritariamente por meio da aquisição de outras empresas. A partir da destinação dos recursos levantados com a oferta primária, é possível concluir que esse modelo continuará em voga após o IPO.
De acordo com o documento da Suno, companhias com grande parte do crescimento ligado a aquisições enfrentam um risco que está conectado à alocação de capital. Isso se deve ao fato de, de tempos em tempos, a companhia incorporar empresas com padrões de rentabilidade e performance ainda desconhecidos.
Empresas com esse perfil com frequência precisam contrair dívidas para viabilizar novos projetos. A Suno complementa o relatório com a informação de que isso tem acontecido com a Sequoia (neste ano, a companhia comprou 100% da Transportadora Americana, por exemplo) e, com o passar do tempo, pode tornar-se um problema para as finanças da empresa no caso de aquisições que não obtenham o retorno esperado.
Nova distribuição societária
Outro ponto de atenção na oferta inicial é a formação de uma nova composição na empresa após o término do processo. Atualmente, os principais acionistas da Sequoia são Armando Marchesan Neto, sócio-fundador e dois FIPs (Fundos de Investimento em Participações) multiestratégia: Fram Capital Sherman e Fram Capital Sherman II.
Após o IPO, a venda das ações pode chegar a 74,6% da empresa. Dessa forma, a Sequoia deve ficar sem um acionista controlador e a Suno aponta que, com essa ausência, é preciso tempo para avaliar como a empresa lidará com a situação e se isso pode ocasionar lentidão na tomada de decisões e outros prejuízos ligados ao novo modelo de governança.