A pandemia pode ter colocado várias coisas em modo de pausa, mas os IPOs (Oferta Pública Inicial, na sigla em inglês) não foram uma delas. Já são 10 empresas novatas na B3 em 2020, já ultrapassando as novas listagens de 2019. E vem mais por aí: 25 pedidos estão em análise na CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Para os próximos meses, os investidores estão esperando, entre outros, a oferta da One Innovation e a Pet Center, dona das lojas Petz (veja lista completa abaixo). Mas, como saber se vale a pena ou não entrar em um IPO, ainda mais com a neblina ainda presente no cenário macro?
Empresa | Status do IPO |
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Igua Saneamento | Interrompido até 10/09 |
Vamos Locação de Caminhões, Máquinas e Equipamentos S.A | Interrompido até 03/12/2020 |
Pet Center Comércio e Participações S.A. | Em processo |
One Innovation Empreendimentos e Participações S.A | Em processo |
Lavvi Empreendimentos Imobiliários | Início das negociações previsto para 02/09 |
2w Energia S.A | Em processo |
22 Nortis Incorporadora e Construtora S.A. | Em processo |
Fonte: CVM |
"A pandemia afetou a economia real e colocou uma série de dúvidas sobre a saúde financeira das empresas", explica Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos. Por outro lado, há uma convergência de fatores que pode empurrar o investidores para os IPOs: a taxa de juros na mínima histórica e o custo baixo de captação, para as empresas, por meio das ações.
"Algumas operações recentes têm recebido demanda várias vezes superior aos volumes ofertados, o que evidencia um momento favorável para novas entrantes na B3", afirmam, em relatório distribuído ao mercado, os analistas Mario Roberto Mariante, Karoline Sartin Borges e Nicole Cohen, da Planner Corretora.
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Deste modo, o foco na hora de escolher entrar ou não no IPO deve continuar no horizonte mais longo, uma vez que os efeitos da pandemia devem ser limitados ao médio prazo, defende Simone Passianotto, economista-chefe da Reag Investimentos.
"A questão mais importantei é a capacidade de geração de fluxo de caixa e de valor agregado, e se as premissas que a sustentam são fortes", diz. "Os setores de e-commerce e locação de carros, por exemplo, parecem que vão continuar em crescimento daqui 10 anos".
Cuidados nos IPOs
A maior dificuldade ao avaliar as empresas no momento da oferta pública inicial é a falta de histórico. Assim, a consolidação da imagem da companhia pode pesar muito nesse momento.
"Também contam fatores macro, micro, de governança e matriz de risco", aponta Passianoto. "É importante ler todo o regulamento do IPO, participar de roadshows, ver as empresas por trás do lançamento, enfim, reunir o máximo de informações para tomar uma decisão".
Nesse sentido, para os CPFs recém-chegados na B3, pode parecer uma boa ideia seguir o hype que alguns IPOs têm em torno de si. Mas "imitar" outros investidores nem sempre dá um bom resultado.
"Hoje há muito conteúdo disponível na internet que ajuda na formação do investidor", indica Silveira. "Não tem fórmula mágica, mas faz sentido entrar em IPOs de empresas que você acredita que vão crescer — e isso pode ser analisado a partir de relatórios diversos, por exemplo".