Itaú
Por Gabriel Codas, da Investing.com – Nos primeiros negócios da parte da manhã desta terça-feira, as ações do Itaú Unibanco (SA:ITUB4) operam com perdas na B3, abaixo da queda do Ibovespa. O desempenho ruim vem na esteira da divulgação do balanço trimestral, que voltou trazer a elevação de provisões para perdas com crédito no segundo trimestre para responder à crise da Covid-19, apesar de alguns sinais de recuperação.
O maior banco privado do país informou ontem, após fechamento do mercado, que seu lucro líquido recorrente, que exclui itens pontuais, atingiu R$ 4,2 bilhões, queda de 40% contra um ano antes. O resultado ficou ligeiramente da mediana do consenso de mercado, que projetava lucro líquido de R$ 4,31 bilhões.
Por volta das 14h17, os papéis do Itaú caíam 5,32% a R$ 25,83, disputando a maior perda do Ibovespa com Cogna (SA:COGN3). O Ibovespa recuava 1,74% a 101.045 pontos.
O retorno sobre o patrimônio do banco ficou em 13,5%, queda de 10 pontos percentuais em relação ao ano anterior, mas subiu na comparação sequencial.
Visão dos analistas
A XP Investimentos destaca que o Itaú publicou um resultado em linha com as estimativas e as de mercado, com lucro de R$ 4,2 bilhões (vs. R$ 4,3 bilhões do esperado mercado), implicando 13,9% de retorno sob patrimônio líquido.
Se comparado ao Santander (SA:SANB11) e Bradesco (SA:BBDC4), a equipe acredita que o mercado possa ter uma reação negativa. Embora os resultados gerais tenham chegado como esperado, a combinação de uma queda de NIM dos clientes, taxas/seguros mais baixos e uma queda abaixo da média nas inadimplências e nos custos pode estar abaixo das expectativas dos investidores. No entanto, os analistas reiteram a recomendação neutra e preço-alvo de R$ 29,00, pois acreditam que a qualidade do banco deve entregar a longo prazo.
Para o BTG Pactual (SA:BPAC11), no geral, os números ficaram próximos das expectativas. Mas, considerando a linha superior mais fraca e a melhoria de NPL/capital menor em relação aos pares, o banco espera que as ações do Itaú tenham um desempenho abaixo do esperado hoje, devido ao desempenho superior recente.
Enquanto o banco envia uma boa mensagem de que a visibilidade está melhorando, a administração decidiu manter as orientações suspensas por enquanto. A recomendação para o Itaú Unibanco é de COMPRA, mas a equipe reitera a preferência por players de receita/mercado de capitais/pagamentos; por exempo, B3, XP, STNE, PAGS e Inter, em vez de mais histórias de crédito/macroexpostas, como os grandes bancos brasileiros.
Balanço
O banco reservou R$ 7,77 bilhões no período para cobrir possíveis perdas com empréstimos, alta de 92% ano a ano, mas diminuindo 23% em relação ao trimestre anterior.
O índice de inadimplência de 90 dias diminuiu 0,4 ponto percentual no trimestre, para 2,7%, tendência já observada nos maiores rivais privados do Itaú.
Como os bancos estão concedendo aos clientes carência para pagar empréstimos ou renegociá-los em meio à crise, os índices de inadimplência têm mostrado melhora momentânea.
O Itaú afirmou já ter concedido aos clientes carência de até seis meses o equivalente a R$ 52 bilhões em empréstimos para que possam renegociar suas dívidas.
A receita com tarifas também sentiu o impacto das medidas de isolamento social, caindo 7,4% no trimestre, principalmente em cartões de crédito e débito, além da administração de fundos.
No lado do crédito, os empréstimos corporativos lideraram um crescimento de 2,9% da carteira de empréstimos total. Ou seja, mais do que compensam a queda nos empréstimos para pessoas físicas.
Assim como os demais bancos, o Itaú está se apoiando em medidas de redução de custos para aliviar a pressão das perdas com calotes. As despesas operacionais ficaram estáveis no trimestre, embora o número de funcionários do banco tenha aumentado em 2,3% no trimestre.
O presidente-executivo Candido Bracher discutirá as perspectivas do banco na terça-feira em teleconferências com analistas e jornalistas