Por Gabriel Codas, da Investing.com – As ações da JBS (SA:JBSS3) operam com forte valorização no início da tarde desta sexta-feira, entre as maiores altas do Ibovespa hoje. O frigorífico reportou ontem, após fechamento do mercado, lucro líquido de R$ 3,38 bilhões no segundo trimestre, crescimento de 54,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, superando estimativas do mercado, com crescimento de receitas principalmente nos Estados Unidos.
Com isso, por volta das 15h24, os papéis tinham valorização de 4,74% a R$ 23,20. O Ibovespa avançava 0,84% a 101.303 pontos.
O resultado operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado mais do que dobrou e atingiu R$ 10,5 bilhões.
Projeções de analistas do setor compiladas pela Refinitiv apontavam, na média, lucro de R$ 1,846 bilhão e Ebitda de R$ 7,068 bilhões.
A receita líquida totalizou R$ 67,58 bilhões nos três meses até junho, de R$ 50,84 um ano antes, com todas as unidades de negócios registrando crescimento na receita em reais. Na unidade JBS USA Beef, a receita cresceu 30,6%.
No trimestre, aproximadamente 74% das vendas globais da JBS foram realizadas nos mercados domésticos em que a companhia atua e 26% por meio de exportações.
Visão dos analistas
Os analistas da XP Investimentos destacam que a JBS reportou resultados mais fortes do que o esperado no 2T20. O EBITDA ajustado atingiu R$ 10,5 bi e ficou 32,2% acima da expectativa, além de ter praticamente dobrado na comparação anual (+105,9% A/A).
Todas as unidades de negócio apresentaram bons resultados, mas aquelas focadas em carne bovina se sobressaíram.
A alavancagem em R$ caiu para de 2,8x no 2T19 para 2,1x agora. A empresa segue contando com um balanço forte, com quase R$ 31,3 bilhões em caixa e equivalentes. Tal valor é suficiente para pagar todas as dívidas da JBS até 2025. A corretora reiterou a recomendação de compra para JBS, com preço-alvo de R$ 35.
Listagem nos EUA
A empresa está retomando os planos de listar suas ações nos Estados Unidos depois de lidar com as consequências da pandemia de Covid-19, disse o presidente-executivo da maior processadora de carnes do mundo, Gilberto Tomazoni, nesta sexta-feira, após a empresa reportar fortes resultados trimestrais. Falando em teleconferência com analistas após a divulgação do balanço do segundo trimestre, Tomazoni disse que a empresa voltou a tratar do tema, agora que o pior da crise do coronavírus parece ter passado.
“No trimestre passado falamos que iríamos priorizar a proteção das nossas pessoas e os desafios operacionais que estavam sendo impostos pela pandemia”, disse Tomazoni. “As coisas estão mais sob controle. A gente vai aprendendo a lidar com os desafios. Estamos voltando a tratar da listagem.”
Sobre o momento da realização da listagem nos EUA, Tomazoni disse que “isso não pode acontecer este ano”, dadas as etapas necessárias para concluir tal projeto.
Redução da despesa financeira
A JBS também espera diminuir as despesas financeiras em 100 milhões de dólares neste ano, afirmou a maior processadora de carnes do mundo em teleconferência com analistas após forte resultado no segundo trimestre.
O diretor financeiro da companhia, Guilherme Cavalcanti, disse que, hipoteticamente, se a JBS trocasse toda a sua dívida por um bônus de 10 anos, poderia reduzir outros 100 milhões de dólares em despesas financeiras em razão dos ratings positivos de crédito.
No segundo trimestre, a alavancagem da JBS caiu para 1,75 vezes em dólar, o menor de sua história.
*Com contribuição de Reuters