Por Gabriel Codas, da Investing.com – Na parte da manhã desta segunda-feira, as ações da JHSF (SA:JHSF3) Participações operam com forte queda na B3, indo na contramão do Ibovespa. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) recebeu reclamão anônima contra eventuais falhas de contabilidade, controle e governança na companhia.
Com isso, o mercado penaliza as ações da companhia. Por volta das 13h37, os ativos da JHSF tinham perdas de 3,98% a R$ 7,96. O Ibovespa avançava 0,74% a 102.274 pontos.
A autarquia recebeu 16 páginas detalhadas de reclamações após um gestor publicar no Twitter uma análise que questionava transações com parte relacionadas da companhia. O documento solicitava também avaliação de propriedades para investimento (PPI) e a classificação de alguns ativos, como também menciona pagamentos ao sócio controlador. O documento alerta para a relevância do tema, já que a JHSF realizou dois follow-ons no último ano, levantando cerca de R$ 1 bilhão, além de contar com mais de 121 mil pessoas físicas detentoras do papel.
Resposta
A companhia, que é dona de shoppings, hotéis e restaurantes, já admitiu falhas em processos internos e que está trabalhando para aprimorar controles, segundo reportagem da edição de hoje do Valor Econômico.
No último dia 19, a JHSF entregou a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um documento informando que a EY afirma que o controlador recebeu pagamentos da empresa, em transações sem o aval do conselho de administração ou da diretoria estatutária, nos casos em que era obrigatória a análise. A operação em questão é de compra e venda de terrenos de José Auriemo Neto, presidente do conselho, para a companhia.
De acordo com a publicação, a auditoria viu irregularidades em uma das operações, que levou a prejuízo de R$ 13 milhões. Auriemo Neto, ou “Zeco” como é chamado pelos mais próximos, é o maior acionista individual da JHSF, com 12% das ações.
O jornal explica que os auditores ressaltam que as questões foram apresentadas para a companhia em 2018 e foram “amplamente discutidas” com os gestores, “os quais se comprometeram com a solução do problema.
“Contudo, em 2019, o problema se repetiu, e com volume de gastos próximos entre os exercícios de 2018 e 2019, o que nos leva a concluir que essa deficiência é uma deficiência significativa e deve ser regularizada pelos gestores”, reproduz o veículo atribuindo ao documento da EY.
O Valor explica que segundo o estatuto social, qualquer transação com sócios controladores precisa de aprovação do conselho se superar R$ 5 milhões. Caso fique abaixo desse valor, é obrigatória a anuência de dois diretores estatutários. A EY diz que três operações acima desse limite (quase R$ 30 milhões pagas ao controlador) foram aprovadas sem o aval do colegiado. Outras duas, de menor valor (R$ 3,8 milhões, no total), também feita com o sócio, não tiveram anuência de diretores.