Brasileiros que somos, estamos de volta à bagunça, caminhando na areia movediça. Como se não bastassem os problemas de saúde acarretados pela pandemia, mergulhamos também em uma nova crise política, que se soma ao vírus na produção de severos impactos econômicos para as atuais e futuras gerações.
Ainda mais em momentos como este, não cansamos de repetir o nosso mantra: a melhor forma de passar por esses solavancos políticos e econômicos é investindo em empresas bem geridas, que têm posição de liderança nos seus mercados e que, preferencialmente, atuem em mercados com oportunidades de crescimento e investimento. Pela própria descrição acima, não é difícil inferir que tais empresas são raras e, por isso, nem sempre são baratas.
Nesse contexto, esforçamo-nos diariamente para “não desviar o olho da bola”. São basicamente duas as competências que buscamos aprimorar: a) a capacidade de identificar essas “pepitas de ouro” – empresas que, por combinações de incontáveis fatores, como competência, disciplina, timing, sorte etc., tornam-se máquinas de gerar e compor retorno ao longo dos anos; e b) identificar qual é ponto certo de entrada desses ativos especiais, sabendo que a busca aqui não é por uma barganha, mas por um preço que ainda nos reserve boa parte do valor a ser gerado nos investimentos futuros da companhia (afinal, não podemos querer comprar um Porsche a preço de Fusca – simplesmente não vai acontecer!).
A questão do preço de entrada até poucos meses atrás estava relacionada aos elevados múltiplos de empresas deste tipo. Mesmo com o “céu de brigadeiro” que parecia estar à frente, negociando a 30 ou 40 vezes seu lucro (quando não acima), não necessariamente encontraríamos boa margem de segurança na compra.
Desde o agravamento da pandemia, a questão agora está mais relacionada a que tipo de cenário econômico essas empresas encontrarão. Ninguém sabe quando e como sairemos dessa crise. Ninguém é capaz de prever qual será o nível de atividade econômica, desemprego, renda e todos os demais indicadores relevantes para o lucro de uma empresa, seja ela qual for.
Sendo assim, portanto, nos esforçamos para investir primordialmente no tipo de empresa descrito acima. Ainda que não saibamos como será a maré, temos convicção que essas serão as melhores e mais seguras embarcações para suportar tormentas. Não raramente, empresas com as maiores e mais numerosas vantagens competitivas saem fortalecidas de crises, pois ganham mercado de seus concorrentes mais frágeis. Esse continuará sempre sendo nosso foco.