Agenda Econômica

Juros nos EUA, desemprego e IPCA-15 no Brasil: veja o que movimenta os mercados nesta semana

Gigantes da tecnologia divulgarão resultados do quarto trimestre, e dados dos EUA, do Reino Unido e da zona do euro demonstrarão o impacto da variante Ômicron

- Jerome Powell, presidente do Federal Reserve
- Jerome Powell, presidente do Federal Reserve

Por Noreen Burke e Jessica Bahia Melo, da Investing.com – Esta tem tudo para ser uma semana importante para os mercados, com a reunião do Federal Reserve e uma avalanche de resultados de grandes corporações.

Espera-se que o presidente do Fed, Jerome Powell, sinalize que o banco central está na rota de realizar seu primeiro aumento de taxas de juros desde março de 2018, numa tentativa de combater a escalada da inflação.

Gigantes de tecnologia como Microsoft (NASDAQ:MSFT) (SA:MSFT34), Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34) e Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34) divulgarão seus resultados, com investidores atentos aos ganhos em busca de garantia após a sequência de vendas da semana passada, embora a princípio a volatilidade do mercado deve continuar, pelo menos por enquanto.

Também há os dados sobre o PIB dos EUA no quarto trimestre, enquanto os dados econômicos do Reino Unido e da zona do euro demonstrarão o impacto da variante ômicron.

No Brasil, foco nos dados de desemprego e prévia da inflação oficial do país.

Aqui está o que você precisa saber para começar a sua semana:

1. Fed deve sinalizar aumento dos juros em março

Os investidores estão atentos ao Fed em busca de mais clareza quanto aos futuros rumos das taxas de juros, depois que os dados da semana passada mostraram que a inflação dos EUA está avançando para perto dos seus maiores níveis em quase quarenta anos.

Espera-se que Jerome Powell indique que o Fed irá encerrar o seu programa de estímulo de compras de títulos conforme o calendário planejado durante sua reunião de março, aumentando as taxas de juros em 0,25 em relação aos atuais níveis, próximos a zero, na mesma reunião.

Com os mercados já precificando em torno de quatro aumentos de juros este ano, os investidores também estarão focados naquilo que o Fed vier a dizer sobre o seu balanço de quase US$ 9 trilhões.

Os mercados atualmente esperam que o Fed comece a cortar o balanço mais ao final o ano, como uma forma de apertar a política monetária. A ata da reunião de dezembro do Fed indicou que os dirigentes tiveram longas discussões sobre a redução dos títulos detidos.

Qualquer indicação de que o balanço possa ser encolhido mais rápido que antes pode prolongar a venda de títulos do Tesouro e de ações de tecnologia.

2. Enxurrada de resultados

Gigantes de tecnologia como Microsoft, Apple e Tesla estão entre as empresas de renome que divulgarão seus resultados em uma semana agitada de ganhos, com os investidores tentando separar as histórias de sucesso da pandemia das empresas de fundamentos robustos.

A Netflix (NASDAQ:NFLX) (SA:NFLX34), queridinha das FAANG, despencou mais de 20% na sexta-feira, impactando o S&P 500 e a Nasdaq, após projetar que o crescimento do número de novos assinantes no primeiro trimestre seria menos de metade das previsões dos analistas.

A Microsoft, que anuncia seus resultados na terça-feira, deverá registrar pela primeira vez receitas trimestrais superiores a US$ 50 bilhões, de acordo com dados compilados pela FactSet.

Espera-se que a Tesla e a Apple, que fazem suas divulgações na quarta e quinta-feira, respectivamente, registrem lucros recordes, segundo a FactSet.

Além do setor de tecnologia, há uma série de outras grandes empresas que anunciam seus resultados, incluindo 3M Company (NYSE:MMM) (SA:MMMC34), General Electric Company (NYSE:GE), IBM (NYSE:IBM) (SA:IBMB34), Intel (NASDAQ:INTC) (SA:ITLC34), Caterpillar (NYSE:CAT) (SA:CATP34) e American Express Company (NYSE:AXP) (SA:AXPB34). Boeing (NYSE:BA) (SA:BOEI34), Mastercard (NYSE:MA) (SA:MSCD34), Visa Steel Ltd (NS:VISA) (SA:VISA34), McDonald’s Corporation (NYSE:MCD)(SA:MCDC34), Johnson & Johnson (NYSE:JNJ) (SA:JNJB34) e Colgate-Palmolive Company (NYSE:CL) (SA:COLG34) também têm previsão de divulgarem seus ganhos.

3. Turbulência do mercado

Os mercados devem permanecer turbulentos na próxima semana, com os investidores focados no Fed e nos resultados.

Numa continuação da sequência de vendas de ações do setor de tecnologia que empurrou o Nasdaq para uma zona de correção, os principais índices de Wall Street fecharam em queda acentuada na sexta-feira.

O S&P 500 e o Nasdaq, com forte participação de empresas do setor de tecnologia, registraram suas maiores quedas percentuais semanais desde o início da pandemia, em março de 2020.

As empresas de tecnologia se beneficiaram em sua grande maioria ao longo da pandemia e viram as suas ações subirem nos últimos dois anos.

Mas as ações de tecnologia e de crescimento têm sido atingidas com dureza desde o início de 2022 pelo aumento rápido dos rendimentos do Tesouro, na esteira das expectativas de que o Fed irá aumentar as taxas de juros de forma agressiva a fim de combater a inflação em alta.

Taxas mais altas podem prejudicar as empresas de tecnologia com valuations elevados, baseados na perspectiva de lucros futuros.

4. Dados econômicos dos EUA, zona do euro e do Reino Unido

Na quinta-feira os EUA devem liberar dados preliminares sobre o produto interno bruto do quarto quarto trimestre, com os economistas antecipando um crescimento anualizado de 5,2%.

As expectativas foram reduzidas nas últimas semanas, devido ao impacto da alta dos casos de coronavírus, motivada pela variante ômicron, sobre a atividade econômica.

O calendário econômico também inclui os dados de dezembro sobre renda e gastos pessoais.

Os economistas esperam que os gastos pessoais caiam acentuadamente, dado o declínio acentuado já verificado nas vendas a retalho no mês passado.

Há ainda o relatório semanal de pedidos iniciais de auxílio-desemprego, que saltaram para o maior nível em três meses na semana passada.

Alguns economistas estão preocupados que o aumento dos pedidos de auxílio-desemprego, junto com a queda acentuada nas vendas do varejo em dezembro, possa ser uma indicação de que a economia está perdendo o fôlego, embora seja pouco provável que isto impeça o Fed de elevar os juros em março.

A Alemanha, maior economia da zona do euro, deve liberar dados relativos ao PIB do quarto trimestre na sexta-feira, juntamente com a França e a Espanha.

Os números demonstrarão os impactos da variante ômicron na recuperação econômica, às vésperas dos dados do PIB do bloco na semana seguinte.

A zona do euro deve divulgar os dados do PMI na segunda-feira, que vão indicar como a atividade econômica se comportou este mês.

O Reino Unido também vai divulgar dados do PMI na segunda-feira, e embora a atividade do setor de serviços tenha diminuído de forma marcante em dezembro, em meio à onda da ômicron, outros dados desde então têm indicado que a atividade econômica começou a se recuperar.

Espera-se que os dados mostrem um ligeiro avanço a partir de dezembro e, por enquanto, o Banco da Inglaterra parece ainda manter a programação de outra alta dos juros em fevereiro.

5. Dados de inflação e emprego no Brasil

A semana inicia com a divulgação do Boletim Focus nesta segunda-feira (24), com previsões do mercado sobre inflação, PIB e juros.

As informações serão divulgadas 8h25 (de Brasília).

Na terça-feira, a Fundação Getulio Vargas divulga o Índice de Confiança do Consumidor às 8h.

Na quarta-feira às 9h, saem os dados do IPCA-15, prévia do indicador oficial da Inflação no país.

Em dezembro, atingiu 0,78%, 0,39 ponto percentual abaixo da taxa de novembro. Em 12 meses, está em 10,42%.

A projeção é que o próximo dado reflita uma continuidade da desaceleração da inflação, com 0,43% no mês, chegando a 10,04% ao ano.

Na quinta-feira, é a vez da reunião do Conselho Monetário Nacional, que inicia também às 9h.

Na sexta-feira, destaque para a divulgação do IGP-M de janeiro às 8h e da taxa de desemprego às 9h, hoje em 12,1%.