Muitas vezes, você já deve ter ouvido a expressão “liquidez” no mercado financeiro. Em linhas gerais, a liquidez é a capacidade de transformar um ativo em dinheiro. E isso é muito importante na hora de investir. Confira o que significa o termo e como ele pode – e deve – ser utilizado nos seus investimentos.
Dentro do “patrimônio” de uma pessoa, por exemplo, temos uma combinação de diferentes ativos, como imóveis, carros, joias, investimentos e, claro, dinheiro vivo. Ou seja: ter R$ 1 milhão em patrimônio não significa necessariamente que a pessoa tenha esse valor depositado na conta-corrente e possa sacar a qualquer momento. E é aí que entra o conceito de liquidez.
Quanto mais “líquido” um ativo, mais facilmente ele pode ser transformado em dinheiro. Nesse sentido, quando você tem uma casa que vale R$ 1 milhão, para ter acesso a esse valor e poder utilizá-lo em outra coisa, primeiro será necessário vender a casa, o que, segundo a Abrainc (Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias) leva em média um ano e quatro meses no mercado imobiliário brasileiro. Por outro lado, se você tem o mesmo valor aplicado em ações da Petrobras, conseguirá levantar o valor com muito mais rapidez. Ou seja: ações da Petrobras têm mais liquidez que uma casa.
Entender a liquidez de um investimento – em conjunto com outros fatores – é importante para planejar a sua carteira e até evitar perder dinheiro.
Para cada objetivo, um tipo de ativo
Está planejando a aposentadoria? Tem reserva financeira de emergência, mas não quer deixar ela parada? Quer trocar de carro daqui três anos por um modelo superior? Todos esses objetivos são possíveis por meio dos investimentos. Mas o que isso tem a ver com liquidez?
Tudo. Para cada objetivo também é necessário analisar a liquidez para saber se vale a pena determinado investimento. Você não quer, por exemplo, aplicar os R$ 100 mil da sua reserva financeira de emergência em um apartamento na praia, pois o objetivo da reserva é justamente estar acessível para algum momento de necessidade. Caso você perca o seu emprego ou tenha alguma emergência médica na família, precisará de dinheiro rápido e vender um apartamento, como vimos acima, pode levar bastante tempo. Porém, também pode não ser interessante colocar toda a sua reserva em papéis da bolsa de valores: pode ser que no momento de necessidade você encontre o mercado desfavorável e os seus papéis desvalorizados. Nesse caso, pode ser que os seus R$ 100 mil valham bem menos!
Para a sua reserva financeira de emergência, o ideal é buscar rendimentos que tenham baixa exposição a risco. Basta que a rentabilidade seja maior que a inflação, para que o valor real não diminua. Nesse caso, aposte em títulos como Tesouro Direto e CDBs (Certificado de Depósito Bancário), que têm rentabilidade diária e alta liquidez.
Para outras dicas de como fazer esse importante “colchão de renda” para os momentos difíceis, confira este texto!
Como avaliar os investimentos?
Se os seus objetivos são de “longuíssimo prazo”, apostar em ativos com baixa liquidez, mas possibilidade de valorização futura – como um apartamento na planta ou lote -, pode ser uma ótima aposta. Da mesma forma, há títulos que pagam melhor rentabilidade caso o investidor se disponha a ficar muito tempo sem resgatar. O Tesouro Direto IPCA+ com vencimento para 2055 (34 anos) renderá, desde já, 4,37% ao ano mais a inflação nos 12 meses; enquanto o mesmo tipo de título com vencimento para 2026 (5 anos) pagará 3,72% de rentabilidade ao ano.
Então é melhor contratar o título com vencimento em 2055? Depende. Se o seu objetivo for sacar daqui a mais de 30 anos, sim. Se pretende sacar antecipadamente, é melhor encontrar outras alternativas. Isso porque o governo cobra taxas para recompra dos títulos antes do prazo e, naturalmente, títulos mais longos têm taxas maiores.
Ao investir, sempre verifique o prazo de carência (taxas para resgate logo após a compra), prazo de vencimento (quanto terá de rentabilidade no vencimento) e quais são as condições para o caso de precisar se desfazer do ativo antes do tempo previsto, como o prazo de resgate de um fundo de investimentos, por exemplo. O ideal é criar um portfólio diversificado de investimentos, que misture ativos líquidos com outros que podem ser “esquecidos” na sua carteira, para que seu patrimônio cresça de forma consistente, por anos a fio.