Por Gabriel Codas, da Investing.com – Nos primeiros negócios da manhã desta terça-feira, as ações do Magazine Luiza (SA:MGLU3) lideram os ganhos do Ibovespa na B3 com alta de mais de 5%. A varejista reportou na noite de ontem que teve um salto nas vendas do segundo trimestre, com as vendas pelo comércio eletrônico compensando com sobras a queda nas vendas das lojas físicas, fechadas desde meados de março devido às medidas de isolamento social para conter a pandemia da Covid-19.
A varejista especializada em bens duráveis reportou vendas totais de R$ 8,6 bilhões entre abril e junho, um aumento de 49% ante mesmo período de 2019. O faturamento supera a do rival Via Varejo (SA:VVAR3), com R$ 7,26 bilhões no trimestre.
Por volta das 12h47, os ativos tinham ganhos de 6,22% a R$ 86,73. O Ibovespa tinha alta de 2,12% a 101.708 pontos.
E-commerce
Refletindo a disparada das compras pela internet no período, o Magazine Luiza viu suas vendas darem um salto de 182% no e-commerce total. Enquanto isso,suas lojas em ruas e shopping centers venderam 45% menos. O CEO da companhia, Frederico Trajano, diz em entrevista ao jornal Valor Econômico que os números colocam o Magazine Luiza como a “maior varejista de venda online do país”.
O resultado operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 147,2 milhões trimestre; ou seja, queda de 61,3% ano a ano.
“Considerando as circunstâncias, foi um resultado épico”, afirma Trajano.
De todo modo, o Magazine Luiza teve prejuízo ajustado de 62,2 milhões de reais no segundo trimestre, ante lucro de 85,2 milhões um ano antes. Em termos líquidos, o prejuízo foi de 64,5 milhões. Ainda assim, a última linha do resultado veio melhor do que a previsão média de analistas consultados pela Refinitiv, de prejuízo de 125 milhões de reais.
Visão dos analistas
XP
Os números foram negativamente impactados pelo fechamento temporário das lojas no trimestre, conforme esperado. Apesar disso, a XP Investimentos destaca que o Magazine Luiza teve resultados acima das estimativas. A receita no período veio 8,6% acima das expectativas, com a operação de varejo físico apresentando uma queda de vendas no conceito mesmas lojas de -50,9% A/A (vs. XPIe -61%). O e-commerce foi novamente o principal destaque positivo, tendo apresentado um sólido crescimento de vendas de +181,9% na comparação anual (vs. +72,6% no 1T20); isto é, incluindo a aquisição da Netshoes (NYSE:NETS).
Os analistas esperam uma reação positiva em relação aos resultados, com os resultados tendo excedido as nossas expectativas. Eles acreditam que o forte crescimento orgânico apresentado em julho deva suportar a continuidade do ritmo de expansão acelerado na segunda metade do ano. No geral, enxergam uma contribuição importante dos investimentos contínuos na plataforma de serviços da companhia (Magalu-as-a-service); e, também, na aquisição de clientes (com expansão do sortimento e melhora da logística).
A equipe enxerga um potencial de valorização das ações relativamente limitado nos níveis atuais. O papel negocia a um múltiplo de 2,6x em relação às vendas totais (GMV) (vs. 1,7x para B2W (SA:BTOW3)). Portanto, manteve a recomendação Neutra para as ações da Magazine Luiza (MGLU3) com preço-alvo de R$78,0 ao final de 2020.
Mirae Asset
A Mirae Asset destaca que a companhia mostrou um aumento de receita acima da expectativa, mesmo impactado pelos fechamentos das lojas físicas. Apesar disso, teve queda de resultado operacional, que também foi melhor do que a estimada. Por fim, adiciona que a empresa teve o seu pior desempenho em abril, mas melhorando ao longo do 2T19 e já voltando ao lucro em junho.
Com a abertura das lojas físicas, forte crescimento no e-commerce, aumento significativo na base de clientes, e expectativa de um cenário de recuperação gradual da economia, com cenário de juros e de inflação baixos, os analistas acreditam que a MGLU3 terá um cenário favorável nos próximos meses, com melhora de margens e de resultado.
Balanço
Uma das consequências da rápida migração dos canais de vendas – a fatia do comércio eletrônico subiu de 41,5% a 78,5% no comparativo anual – a margem bruta da companhia caiu de 29,3% para 25,8%. Segundo Trajano, com a gradual reabertura das lojas – 92% das 1.100 estão abertas -, essa queda diminuiu.
O fluxo de caixa, ajustado pelos recebíveis, somou 2,2 bilhões de reais no trimestre e o giro dos estoques caiu para menos de 60 dias em junho; ou seja, um dos melhores índices dos últimos anos. A companhia fechou o semestre com posição de caixa líquido ajustado de 5,8 bilhões de reais, alta de 5 bilhões em um ano.
A companhia afirmou que em julho suas vendas totais cresceram 82% ano a ano. Por outro lado, o e-commerce avançou 162% e as vendas nas lojas físicas cresceram 10%.
Com esses indicadores, Trajano disse que a companhia tem perspectivas positivas para a segunda metade do ano. Nesse sentido, planeja contratar cerca de 2,5 mil pessoas até setembro, com foco nas áreas de atendimento e logística.
O executivo admitiu que o resultado teve apoio importante das medidas de apoio financeiro; principalmente o auxílio emergencial mensal de R$ 600 a famílias de baixa renda. Além disso, defendeu que o programa seja mantido por mais tempo.
“O efeito ‘coronavoucher’ ajudou a amortecer significativamente os efeitos da recessão; acho que ainda não é o momento para recuar nas medidas anticíclicas”, disse Trajano à Reuters.