EUA

Maior patamar desde 2008: Federal Reserve eleva juros em 0,75% pela terceira vez, conforme esperado

Taxa norte-americana passa do intervalo de 2,25% a 2,5% ao ano para 3% a 3,25%

- Jerome Powell, presidente do Federal Reserve
- Jerome Powell, presidente do Federal Reserve

O Federal Reserve decidiu elevar os juros norte-americanos em 0,75% pela terceira vez, conforme esperado. Com isso, a taxa norte-americana passa do intervalo de 2,25% a 2,5% ao ano para 3% a 3,25% – o maior patamar desde 2008.

A magnitude da revisão (0,75 p.p.) foi a maior empregada pela autoridade monetária desde 1994, e o valor já foi acrescido em duas altas anteriores neste ano.

Para William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue Securities, o aumento dos juros não representam em si uma surpresa. No entanto, as demais projeções da autoridade monetária realmente surpreenderam e apresentaram uma perspectiva bastante negativa, com inflação maior e mais permanente; taxas de juros que devem se manter altas por um período prolongado; e com projeção de menor crescimento para economia americana.

Adicionalmente, o Fed revisou todas suas estimativas para economia americana. Em suma:

– revisão do crescimento de PIB para 2022 para 0.2% ante 1.7%, estimado anteriormente;

– elevação das estimativas para taxas dos Fed Funds olhando a frente em 4.4% para 2022, 4.6% para 2023 e 3.9% para 2024;

– elevação das estimativas de inflação, a qual deve (de acordo com estimativas do Fed) acabar 2022 em 5.4%, caindo para 2.8% em 2023, mas somente chegando à meta de 2% em 2025. 

De acordo com o analista, os impactos disso são um dólar mais forte, um cenário desafiador para o mercado de ações em um cenário de desaceleração/recessão nos EUA.

“O Fed parece buscar recompor a credibilidade com o mercado através de uma postura mais hawkish frente ao cenário inflacionário que teima em não ceder”, conclui.

Antonio van Moorsel, sócio e chefe do Advisory da Acqua Vero Investimentos, também destaca a revisão das estimativas oficiais como o fator de maior surpresa aos mercados ao projetar a deterioração do cenário.

A sinalização de que o comitê não projeta cortes para o próximo ano contraria o consenso de mercado, destaca o analista.

“A revisão baixista para a atividade, apesar de não surpreender, fortalece o cenário de desaceleração da maior economia do mundo. A conjuntura, favorável à valorização do dólar, tende a reduzir o fluxo de capital estrangeiro para os países emergentes, caso do Brasil. Enquanto o Copom sinaliza o fim do ciclo de alta, o FOMC indica disposição para ir até onde for preciso para domar a inflação galopante”, diz.