Projeções

Medicamentos devem ter reajuste de 10,4% em 2022, diz Ativa

Estimativa anterior feita pela corretora era uma alta de 8%

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O Comitê Técnico-Executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) definiu em 0% o valor do fator de produtividade (Fator X) referente ao reajuste de preços de medicamentos para o ano de 2022.

Com isso, a Ativa Investimentos espera que os remédios tenham reajuste de 10,4% neste ano.

Étore Sanchez, economista-chefe da corretora, explica que a taxa tem funcionalidade igual ao IPCA acumulado no período pregresso ao reajuste, descontado o fator de produtividade e somado ao preço os fatores de ajuste de preços relativos (entre e intra-setor).

"Deste modo restam apenas dois pontos de incerteza. A inflação acumulada até fevereiro, na qual esperamos que esteja em 10,47%, com as observações de janeiro e fevereiro em, respectivamente, 0,54% e 0,95%, e o Fator Y"

Sanchez pontua que, de 2007 a 2020 esse fator foi praticamente 0, com apenas 2021 tendo alta de 1,2%. "Deste modo, discricionariamente, adotamos a hipótese de que o Fator Y será igual a zero. A divulgação do mesmo ocorre em meados de março", diz.

Com isso, a inflação de 10,47% deverá ser integralmente refletida no reajuste autorizado pela CMED em abril, visto que todos outros fatores ficaram zerados (2 observados e 1 projetado).

O economista pontua que o reajuste autorizado, por vezes não se reflete integralmente no IPCA, mas a correlação é relativamente alta, principalmente nos meses de incidência, abril a junho.

Outro aspecto relevante é que o preço de medicamentos, tal qual outro monitorado, tem comportamento de pulso, com grande parte do reajuste anual ficando concentrado em alguns meses.

"Em sendo assim, quando falamos de reajuste anual subentende-se que o impacto nos meses de abril a junho terá grande reflexo no ano, sem eventuais compensações", afirma.

A Ativa estima que o reajuste autorizado de 10,47% deverá chegar quase integralmente ao consumidor, com 60% afetando o mês de abril (6,36%), 31% afetando maio (3,27%) e o restante impacto o junho (0,83%).

Antes da divulgação de ontem da CMED, a corretora tinha, em suas projeções do comportamento dos itens para o IPCA, uma alta de cerca de 8%. "Deste modo, ao incorporarmos a alteração para 10,4% nossa projeção para a inflação deste ano foi majorada em 8bps, passando de 4,6% para 4,7%", conclui Sanchez.