Aversão ao risco

Mercado eleva projeções para Selic e inflação enquanto reduz estimativas para crescimento do país

Pessimismo de analistas está relacionado às sinalizações de desrespeito da equipe econômica do governo Jair Bolsonaro ao teto de gastos

- REUTERS/Bruno Domingos
- REUTERS/Bruno Domingos

Analistas do mercado financeiro já trabalham com a hipótese de que o Banco Central (BC) deve elevar a taxa Selic entre 1,25 e 1,5 ponto percentual na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que ocorre nos dias 26 e 27 deste mês, para compensar efeitos inflacionários do abandono da agenda de responsabilidade fiscal prometida pelo governo.

Além dessas projeções, expectativas para inflação, crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e dólar têm sido deterioradas por conta da aversão ao risco, sinalizada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para implementar o Auxílio Brasil, de R$ 400, fora do teto de gastos, e por toda a movimentação que visa mudar as regras do teto com o andamento da PEC dos Precatórios.

Na última quinta-feira (21), o presidente Jair Bolsonaro também prometeu a caminhoneiros uma ajuda para a categoria: o Auxílio Diesel. O benefício, segundo o presidente, deve abranger cerca de 750 mil caminhoneiros autônomos que receberão um valor provável de R$ 400.

Santander

Ontem (21), analistas do Santander publicaram relatório em que foram elevadas as projeções da taxa básica de juros e da inflação em 2021, com a redução da previsão de crescimento do país. 

No material, o banco citou a piora do cenário fiscal e a elevação dos preços das commodities.

Segundo o Santander, a previsão da taxa Selic foi elevada de 8,50% para 9,00%. As estimativas para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) passaram de 8,50% para 9,00% e as expectativas para o PIB foram reduzidas de 5,10% para 4,90%.

Já a projeção para o dólar foi revisada de R$5,25 para R$5,35 no fim deste ano.

UBS BB

Já o UBS BB Investment Bank prevê que o Copom deve impor uma aceleração de 1,5 ponto percentual na taxa Selic nas duas últimas reuniões deste ano.

Antes, o UBS BB projeta elevações de 1,0 ponto nas duas ocasiões.

Com isso, o juro fecha 2021 em 9,25%, ante os atuais 6,25% e projeção anterior de 8,25%.

O UBS BB também elevou o prognóstico para a inflação medida pelo IPCA em 2022, passando de 3,5% para 4% –ficando acima, portanto, da meta para o ano que vem (3,50%).

Credit Suisse

O Credit Suisse prevê dois aumentos consecutivos de 1,25 ponto percentual – na próxima semana e em dezembro – e altas de 1,0 ponto e de 0,75 ponto no começo de 2022.

Os acréscimos elevariam a Selic a 10,5%.

As expectativas do banco agora giram em torno de um dólar a R$ 5,50, para 2021 e 2022 – antes era R$ 5,20 -, e um IPCA que avança de 8,70% para 9,10% ao fim deste ano e que chegue a 5,5% em 2022 – antes 5,2%.

Por fim, o Credit Suisse revisou a projeção de crescimento do PIB de 5,3% para 5,0% em 2021 e de 1,1% para 0,6% em 2022.

Necton

Para o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, o Banco Central já ter acrescido à taxa Selic 1,25 ponto percentual na última reunião. 

Entretanto, Perfeito acredita que a autoridade monetária não deve elevar a taxa em 1,5 ponto, mas, pelo menos, em 1,25 ponto.

Essa nova avaliação força uma revisão nas projeções da Necton Investimentos.

Com a mudança de 1,0 ponto para 1,25 ponto para a reunião de outubro (7,50%), e com a expectativa de que haja um acréscimo de 1,0 ponto na reunião de dezembro (8,5%), a Necton Investimentos mantém para 2022 a trajetória de 0,75 ponto e depois mais uma alta de 0,50, que deve fazer a Selic ficar em 9,75% já em março.

Foram elevadas também as projeções da Necton para o dólar, que deve terminar o ano em R$ 5,55 – antes era R$ 5,40 – e também para o IPCA, para 9,03% – de 8,84%.

Com informações de Reuters e Correio Braziliense.