Se antes a busca por ativos reais estava em decadência, a crise trazida pelo coronavírus empurrou a procura para investimentos que priorizam proteção, como imóveis. E essa tendência deve continuar no pós-pandemia. "Em períodos de volatilidade, como o que vivemos, há oportunidade de compra", afirma Francisco Pérez, CEO da plataformas de investimentos imobiliários Glebba. "Depois que isso passar, mas o mercado de imóveis vai sair fortalecido, pois o investidor percebeu a resiliência do setor". Junto com moedas e metais, os imóveis são vistos como um porto-seguro em momentos de incerteza. "A terra não proporciona alta liquidez, mas sim proteção do patrimônio, essencial em momentos de crise", explica Pérez. Agora, o mercado apresenta oportunidades interessantes, com famílias se desfazendo de ativos para complementar a renda afetada nos últimos meses. Mas, para o executivo, "os preços no setor devem se estabilizar com incrementos, com a maior procura dos investidores".
Um ramo em transformação
O mercado imobiliário experimentou uma redução no volume de transações com o novo normal imposto pela pandemia, explica Paulo Fernandes, CEO da RuaDois. "Apesar de não percebermos correção nos preços de locação, por exemplo, houve renegociação expressiva de contratos em vigência". Outra mudança foi a necessidade de digitalização rápida em um mundo que não permitia mais tanto contato social, tão associado aos fechamentos de contratos imobiliários. E as opções online vieram pra ficar. "A situação acelerou uma tendência", explica Paulo. "A aposta agora é a confluência de serviços, com a possibilidade de alugar, contratar uma diarista ou alguém para passear com o seu cachorro, tudo na mesma plataforma". Para além das residências, o futuro de shoppings e escritórios ainda permanece em suspenso. "Ainda são discussões, mas centros comerciais podem virar centros de distribuição logística", revela Fernandes. "Com a possibilidade de home office, a tendência é termos escritórios menores, com um novo papel de ponto de convívio".