Coluna da Ida Nuñez

Mulheres maduras, profissionais e competentes x trabalho

As mulheres maduras precisam provar seu valor de forma constante, enfrentando uma percepção distorcida de que sua experiência não é tão relevante ou atual quanto a de seus colegas mais jovens

Crédito: Copyright (c) 2018 fizkes/Shutterstock
Crédito: Copyright (c) 2018 fizkes/Shutterstock

Um estudo recente realizado pela McKinsey & Company revela que 50% dos recrutadores hesitam em contratar candidatos com mais de 45 anos, uma estatística que já demonstra o grande obstáculo que os profissionais mais experientes enfrentam no mercado de trabalho.

No entanto, essa realidade é ainda mais desafiadora para as mulheres maduras.

Elas não apenas lidam com o preconceito relacionado à idade, mas enfrentam também uma barreira adicional devido ao machismo persistente nas empresas, que torna sua inclusão ainda mais difícil.

Milton Beck, diretor-geral do LinkedIn para América Latina e África, em um artigo publicado na Forbes, aponta uma visão importante sobre esse cenário. Ele destaca que a responsabilidade por mudar essa dinâmica não deve cair sobre os profissionais mais experientes, mas sim sobre as empresas, que precisam parar de ver a senioridade como um obstáculo.

Para Beck, não somos nós que precisamos nos encaixar em empresas que colocam data de validade em talentos – são elas que perdem por não enxergar esse potencial. No entanto, as mulheres maduras enfrentam um desafio adicional.

Além de enfrentarem a resistência ao avanço da idade, elas têm que lutar contra a falta de igualdade de oportunidades no mercado de trabalho, um fator que as coloca em uma posição ainda mais vulnerável em relação aos seus colegas homens.

A ideia de que a senioridade é algo a ser descartado está longe de ser verdadeira. Beck defende que a experiência deve ser vista como um ativo valioso, e que o futuro do trabalho não pertence apenas aos mais jovens, mas a todos que se dedicam a aprender, se reinventar e contribuir com suas habilidades ao longo dos anos.

Porém, para as mulheres, esse reinventar-senão é apenas uma questão de adaptação, mas frequentemente exige superar uma série de desafios estruturais e culturais.

As mulheres maduras precisam provar seu valor de forma constante, enfrentando uma percepção distorcida de que sua experiência não é tão relevante ou atual quanto a de seus colegas mais jovens, especialmente em um mercado que ainda carrega fortes preconceitos de gênero.

A colaboração intergeracional, que Beck enxerga como essencial para resultados mais criativos e eficazes, também precisa ser repensada.

Embora a troca entre diferentes gerações seja vista como enriquecedora, muitas vezes as mulheres maduras são deixadas de fora dessa equação. Isso se deve à persistente subvalorização de suas competências, com sua experiência sendo ignorada ou minimizada.

No contexto atual, elas continuam sendo subestimadas, tanto pela idade quanto pelo gênero, o que acaba limitando suas oportunidades de contribuição significativa.

Em um cenário como esse, as empresas que não reconhecem o valor da senioridade, especialmente no caso das mulheres maduras, perdem uma grande oportunidade de potencializar seus resultados.

A senioridade não deve ser vista como um fardo, mas como uma oportunidade de aprendizado e inovação.

O mercado precisa entender que a experiência é um ativo fundamental que não deve ser desconsiderado, seja qual for a idade ou o gênero de quem a possui. Até que essa mentalidade mude, mulheres maduras continuarão enfrentando um caminho mais desafiador e desigual no mercado de trabalho.

A opinião e as informações contidas neste artigo são responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, a visão da SpaceMoney.