
Por Ana Beatriz Bartolo, da Investing.com – As ações da Natura (NTCO3) sofreram um duro golpe após a divulgação das prévias do resultado do primeiro trimestre de 2022 na quarta-feira (20). De acordo com a XP (XPBR31), os números mostram meses mais fracos e maiores desafios para as operações da Avon.
Na véspera do feriado, os papéis da Natura fecharam com queda de 15,58%, a R$ 21,35, ampliando a desvalorização de 56,63% apresentada nos últimos 365 dias.
Às 13h50, os papéis da Natura recuavam 3,06%, a R$ 20,60.
Com base nas prévias, a XP projeta que a Natura terá uma queda anual de 14,5% na sua receita líquida consolidada do 1T22, com um Ebitda ajustado em R$522 milhões, uma margem Ebitda de 6,5% e um prejuízo líquido de R$222 milhões. Para a XP, só será possível ver os resultados da reestruturação da Avon no segundo semestre.
Apesar dos números estarem abaixo do consenso, a corretora já esperava um trimestre mais difícil. Os principais motivos que levaram a XP a essa conclusão, além da expectativa para a Avon, foram a dinâmica macroeconômica ainda desafiadora, os desafios de demanda e custo causados pela Guerra na Ucrânia e os impactos negativos da apreciação do Real nas operações internacionais.
A receita líquida na América Latina deve cair 10% na comparação anual, segundo a XP, para R$ 4,7 bilhões, porque o crescimento de 3,5% da Natura Brasil não deve compensar o tombo de 17% nas operações da Avon América Latina.
A The Body Shop também deve apresentar uma redução de 26% na sua receita líquida, para R$ 983 milhões, com a operação de varejo físico ainda abaixo dos níveis de 2019, e-commerce em desaceleração e um impacto negativo da conversão cambial, de acordo com a XP.
Queda nas ações
Ao longo da quarta-feira passada, a Natura se reuniu com diversos analistas do sellside para falar sobre os resultados do 1T22 e contou em detalhes o que deve ser esperado do balanço da companhia.
A ideia, segundo o site Brazil Journal, era alinhar as expectativas do sellside sobre o números do trimestre para evitar que a ação fosse penalizada da mesma forma que aconteceu em novembro passado, quando o papel caiu mais de 20% em um único dia, após o balanço negativo do 3T21.
A estratégia, porém, deu errado. De acordo com um gestor consultado pelo Brazil Journal, a queda nas ações foi antecipada por quem compareceu às primeiras reuniões do dia com a Natura, que ao ouvir os detalhes das prévias, começaram a vender os papéis com força.
A Natura informou que a sua expectativa é que a sua receita líquida caia entre 12,7% e 13,3% no 1T22, para algo entre R$ 8,20 bilhões e R$ 8,25 bilhões. Já a margem Ebitda estimada está entre 7,0% e 7,3% em relação ao 10,2% no primeiro trimestre de 2021.