Inicialmente desenvolvido pelo Butão, país asiático de crenças budistas, o conceito da Felicidade Interna Bruta (FIB) foi criado como uma alternativa ao Produto Interno Bruto (PIB) para medir o progresso e o bem-estar de uma nação. Em vez de focar exclusivamente no crescimento econômico, são considerados também o bem-estar psicológico, a preservação da cultura, a sustentabilidade, a harmonia social e outros elementos que influenciam a felicidade e a satisfação das pessoas.
Medida mais holística para medir o sucesso de uma nação, o indicador foi adotado pela ONU (Organização das Nações Unidas) e despertou o interesse de diversos outros países e organizações que buscam alternativas para avaliar o progresso de uma sociedade de maneira mais abrangente e inclusiva. Finalmente, entendeu-se que felicidade e qualidade de vida estão diretamente relacionadas ao desenvolvimento.
O sucesso de um país pode ser medido pela felicidade do seu povo
Em tempos de transição para um novo modelo de desenvolvimento, mais contemporâneo, a compreensão do bem-estar como estratégia de gestão também entrou fortemente na agenda das empresas. Medir a Felicidade Interna Bruta (FIB) no ambiente organizacional e o impacto das condições laborais no contentamento e desempenho de seus colaboradores tornou-se crucial.
O impacto do trabalho na felicidade e na saúde mental das pessoas é gigantesco
É claro que as razões podem estar em outras dimensões da nossa vida, mas o trabalho é onde passamos a maior parte do nosso tempo e, portanto, tem um impacto direto na nossa saúde.
O relatório “Diretrizes sobre Saúde Mental no Trabalho”, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em setembro de 2022, confirmou a necessidade de se intensificar esse debate. “De acordo com as diretrizes globais, 60% da população mundial trabalha e esse trabalho pode impactar a saúde mental tanto de forma positiva quando negativa”.
Quando negativa, o colaborador paga um preço alto – com sua saúde emocional, física e mental, e as empresas perdem enormemente com isso. Estima-se que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente por causa da depressão e da ansiedade, custando à economia mundial quase US$ 1 trilhão.
Não à toa, cada vez mais as empresas se preocupam em monitorar o ambiente de trabalho, como também reforçam seus aportes em iniciativas de saúde, qualidade de vida e bem-estar de seus colaboradores. Mas não são todas.
Temos discutido muito os casos de precarização do trabalho em vários modelos de negócio que não asseguram nem mesmo direitos trabalhistas e condições essenciais aos seus terceiros. Igualmente alarmante, são os números dos casos de denúncias de assédio moral e sexual, que só crescem. O Ministério Público do Trabalho registou mais de 8 mil queixas no 1º semestre deste ano; número que se aproxima de todo o ano de 2022.
Em casos extremos como esses, não há dúvidas de que o trabalho seja insalubre, mas se você quer começar a medir seu grau de Felicidade Interna Bruta na atividade que desempenha hoje, sugiro começar por duas perguntas preciosas que Carla Furtado, autora do livro “Feliciência: Felicidade e Trabalho na Era da Complexidade”, nos deixou:
Ao avaliar seu trabalho, você vive mais emoções positivas do que negativas? Porque são as emoções positivas que aumentam nossas reservas de felicidade. Ao olhar para sua rotina, você tem a percepção de que ela, tal qual é, tem sentido e vale a pena? Se respondeu sim para as duas, já é um ótimo ponto de partida!
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