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NFT, a mais nova oportunidade em ativos alternativos

Tecnologia atesta a autenticidade de obras de arte digitais

- Liza Summer
- Liza Summer

A tecnologia digital impressiona pelo poder de transformação, pela velocidade de processamento e pela capacidade de ser disruptiva mesmo quando incorpora conceitos do mercado tradicional. É o caso do novíssimo NFT, sigla em inglês para o termo Token não-fungível. Até a Sotheby’s se rendeu às possibilidades financeiras que as artes digitais proporcionam.

A tradicional casa de leilões inglesa anunciou, agora em outubro, o lançamento de uma nova plataforma chamada "Sotheby's Metaverse" (“O Metaverso da Sotheby’s”), que permitirá aos seus visitantes conhecer as obras de arte digitais disponíveis em cada leilão e também aprender sobre os colecionadores e artistas por trás desses NFTs. 

Trata-se de uma iniciativa importante, mas não é pioneira e sim desdobramento de movimentações anteriores. Em março deste ano, a peça "Everydays: The First 5000 Days", de Mike Winkelmann, foi a primeira obra de arte em NFT a ser negociada em outra tradicional casa britânica, a Christie's. Ela recebeu mais de 120 ofertas de compra, sendo a mais alta de US$ 3 milhões. 

Dessa forma, a obra digital de Winkelmann se tornou um marco definitivo na disrupção do mercado de leilões de arte, onde a procura por NFTs tem crescido exponencialmente. No entanto, o NFT ganhou popularidade graças à venda do famoso meme da menina em frente ao incêndio, numa transação que movimentou US$ 500 mil, em abril. Muita gente ficou impressionada com o valor, mas há razões que dão lastro ao fenômeno. 
 
Na prática, o NFT funciona como uma espécie de certificado digital, estabelecido via blockchain, que define originalidade e exclusividade a bens digitais. Seu surgimento traz novas oportunidades para o segmento de ativos reais — e a seus investidores — porque possibilitou a mensuração das obras digitais dentro dos mesmos conceitos utilizados tradicionalmente. 

O mercado adota determinados parâmetros para definir o valor de tudo o que é comercializável. E o mais importante deles é o conceito de escassez. No mundo, há menos ouro do que prata, daí ele ser mais valioso. E o preciosíssimo diamante é mais raro do que o ouro. Basicamente, é assim que funciona. Não por acaso, a Economia é chamada de “ciência da escassez”.
 
Existem outros quesitos que devem ser considerados na definição do valor das coisas, como tecnologia, originalidade, exclusividade. Mas observe que mesmo eles são, de alguma forma, ligados à escassez. Um Porsche ou uma Ferrari são produzidos dentro de conceitos únicos no que diz respeito à aerodinâmica, tecnologia embarcada e design. Não são produzidos em série e por isso mesmo custam muito caro. Às vezes, um modelo é desenvolvido para um único cliente.
 
O mesmo ocorre com uma obra de arte. O que lhe dá valor é a originalidade e autenticidade. As cópias, que são abundantes e não originais, custam pouco, mas a original, que é única, portanto escassa, pode valer milhões. Moedas antigas também. Além do valor histórico, elas vão desaparecendo até se tornarem raras e ganharem valor para os colecionadores. Percebem como a palavra escassez está presente em tudo o que tem valor?

Comprovação de origem

Voltando aos NFTs, até pouco tempo, esses parâmetros eram mais difíceis de serem aplicados no mundo digital ou virtual. Isso porque a capacidade de reprodução de um determinado arquivo é surpreendentemente alta e, pior, original e cópia são exatamente iguais, de forma que não havia como distinguir o primeiro dos demais depois que eles começassem a circular.

Confiar simplesmente na palavra do autor não dá. É preciso uma forma de se certificar da autenticidade daquela obra. Com o surgimento do NFT a realidade é outra.
 
A partir de agora, não só obras físicas (materiais), mas também obras digitais podem ser avaliadas tendo como base a comprovação de sua origem, de sua autenticidade. O NFT tornou isso possível para fotos, conversas em redes sociais, tudo que, por sua importância possa ter valor.
 
E assim como obras de arte, composições musicais, carros antigos, moedas raras etc, as obras digitais convertidas em NFTs integram o rol de ativos reais, aumentando a possibilidade de negócios para investidores que buscam alocar recursos em ativos alternativos. Afinal, obra de arte é obra de arte não importando a ferramenta e o material usados em sua criação. Pode ser pincel e tinta para uma pintura, cinzel e martelo para uma escultura em madeira ou um computador para uma ilustração virtual.
 
Por enquanto, esses ativos digitais ainda estão na fase de atrair a atenção de colecionadores. Em abril foi a vez da foto digital da menina sorrindo enquanto observava um prédio em chamas ao fundo.  A imagem, feita em 2005, na realidade retratava um incêndio causado de forma controlada pelos próprios bombeiros com a finalidade de treinamento. Mas o sorriso no rosto da garota deixava a impressão de que ela era a responsável pelo fogo. Virou meme e circulou o mundo. 
 
Transformada em NFT, a imagem original ganhou autenticidade e se tornou interessante para colecionadores. Só uma pessoa tem a original. As demais são meras cópias. Daí ser vendida por um preço tão alto. Reforçando a analogia já feita, é o que acontece com obras tradicionais. Há muitas cópias da Monalisa circulando mundo afora. Mas só uma foi feita pelas mãos de Leonardo da Vinci.
 
É uma questão de tempo para que esses novos ativos no formato NFT comecem a ter seus direitos de propriedade adquiridos com a finalidade de serem negociados no mercado de ativos alternativos, gerando ótimas oportunidades de rentabilidade aos investidores. Considerando a velocidade com que a tecnologia transforma tudo, esse tempo está mais próximo do que imaginamos.