Os papéis da resseguradora IRB Brasil (IRBR3) ficaram em evidência nos últimos dias após tornarem-se alvo de uma tentativa brasileira de replicar o movimento que valorizou as ações da norte-americana GameStop e atrapalhar operações de short selling com a empresa.
As ações chegaram a ter alta de 17%, na última quinta-feira (28), após investidores varejistas organizados em grupos no Telegram — alguns com mais de 40 mil membros — comprarem os papéis em massa. Contudo, o movimento perdeu força, os ativos voltaram ao patamar anterior e eram negociados a R$ 7,29 com ganhos de 0,69% por volta das 15h10 desta quarta-feira (3).
De acordo com o analista da Nord Research Bruce Barbosa, a descida na cotação corrigiu um movimento que não condizia com a situação atual da empresa. “As ações de IRB não estão desvalorizadas. Diria até que IRB, hoje, está cara”, afirma ele no último Nord Insights.
O analista explica que a resseguradora negocia a aproximadamente 1,8x de seu patrimônio e está no mesmo patamar de outras empresas brasileiras do setor, como SulAmérica e Porto Seguro. Porém, ao contrário do lucro crescente apresentado pelas duas companhias citadas, a IRB registra prejuízo.
“Em minha humilde opinião, IRB ainda terá muitos problemas para arrumar seu balanço e se livrar das fraudes que cometeu”, ressalta Barbosa que, durante a publicação, conta como a empresa passou de rentável a problemática.
“Queridinha do mercado”
Barbosa explica que, desde seu IPO, em meados de 2017, a resseguradora vinha apresentando “lucros fortes e crescentes”: subiu 445% e chegou a sua máxima em janeiro do ano passado. “A empresa era uma queridinha do mercado e era negociada a preços premium — nada poderia abatê-la”, cita.
Até que, no mês seguinte ao topo, em fevereiro de 2020, a gestora carioca Squadra divulgou que passaria a apostar na queda das ações da IRB e suportou a indicação com um relatório que expôs dúvidas sobre a contabilidade e resultados anunciados pela empresa.
“O trabalho da Squadra desmascarou anos de fraudes contábeis na resseguradora”. O analista conta que os resultados da exposição foram desde a queda de 82% nos ativos a demissão de CEO e CFO, reestruturação, reavaliação da companhia pelo regulador (SUSEP) e prejuízos enormes, entre outros.
Valorização repentina
Os ativos da empresa mostravam o resultado das denúncias até janeiro deste ano, quando voltaram a chamar a atenção dos investidores “que acreditavam (ou acreditam) que ela voltará ao topo”. Porém, Barbosa dá o veredito: não voltará.
Para os que procuram o “bilhete da loteria” entre as companhias listadas na B3, a bolsa brasileira, o analista ressalta que, como diz Warren Buffet, um dos investidores mais importantes do mundo, “é muito mais fácil prever resultados do que prever cotações”. Por fim, Barbosa indica que apostar em “ótimas empresas, com resultados crescentes e preços baixos” é o que leva a rentabilidade superiores.
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