Ouro

Ouro cai abaixo de US$ 1.500 apesar de programas de compra de ativos

Por Geoffrey Smith

Investing.com – Os preços do ouro caíram novamente sob pressão de vendas forçadas na quarta-feira (18), enquanto os temores de uma recessão global mais uma vez circularam pelos mercados financeiros mundiais.

Às 15h51 (horário de Brasília), os futuros do ouro para entrega na Comex estavam em baixa de 1,71% a US$ 1.498,70 por onça, enquanto o ouro spot caía 2%, a US$ 1.497,93 por onça.

Além disso, os futuros da prata estavam em queda de 4,6%, a US$ 11,90 por onça, enquanto os futuros da platina caíam 8% a US$ 611,55, enquanto ainda mais montadoras fechavam suas fábricas, diminuindo a demanda por conversores catalíticos.

Não é que o ouro não esteja mais em demanda como porto-seguro: a loja online da Degussa, maior trading de barras e moedas de ouro, vendeu todo o seu estoque da grande maioria das barras, até mesmo as de um quilograma, que custam mais de 47 mil euros (US$ 52 mil) cada uma.

Em vez disso, a eliminação geral de outros ativos continua a imperar em portfólios em que o ouro ainda é apenas uma pequena participação e é propenso a ser liquidado para atender às solicitações de margem de outros produtos.

A queda dos preços na quarta-feira veio contra uma ampla marcha de alta nos rendimentos dos títulos do governo na Europa e nos EUA, à medida que os mercados começaram a precificar a enxurrada de possíveis emissões de títulos que serão necessárias para manter a economia estável durante a crise de Covid-19.

Os rendimentos de EUA a 10 anos subiram 21 pontos-base para 1,215%, enquanto os rendimentos alemães a 10 anos  para -0,22%, em meio a declarações da chanceler alemã Angela Merkel de que seu governo pode estar aberto à emissão de dívida em conjunto com outros estados da zona do euro como parte da resposta à crise da região.

Os rendimentos de 10 anos do Reino Unido, por sua vez, tiveram alta acentuada após o governo prometer centenas de bilhões em suporte à economia na terça-feira, com o primeiro ministro Boris Johnson aludindo a medidas fiscais que remetem a um tempo de guerra, sugerindo um crescimento em empréstimos.

Nem mesmo tudo isso será suficiente para evitar que o mundo entre em recessão este ano, alertou o economista chefe do HIS Nariman Behravesh. Ele agora espera um crescimento global de apenas 0,7% neste ano, com um declínio acentuado nos EUA e na Europa no segundo trimestre.

“O crescimento irá retornar apenas no final do ano”, disse Behravesh em comentários enviados por e-mail.