"Nova lógica do dinheiro"

Painel na ICXP2022 debate o espaço das fintechs nos negócios das imobiliárias

Segmento reuniu executivos de startups ligadas a crédito imobiliário e que são alternativas aos grandes bancos

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Apresentado por Unioncorp

As fintechs de crédito têm ganhado grande espaço no mercado imobiliário. Porém, segundo números do Banco Central, ainda são os grandes bancos que dominam o setor: em 2020, mais de 80% do crédito para compra de imóveis foi concedido pelos maiores bancos do Brasil, como Santander, Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.

Haverá espaço para as fintechs diminuirem essa concentração, considerando o encarecimento do crédito provocado pela escalada da Selic? O que as imobiliárias ganham ao poderem contar com essas empresas?

Para discutir essas e outras questões, a ICXP 2022, evento do mercado imobiliário realizado neste final de semana em Curitiba (PR), trouxe um painel com líderes de três fintechs do mercado: Felipe Bergamaschi (CashMe), Guilherme Bruno (Homelend) e Renato Caporrino (Atta). O encontro foi mediado por Ernani Assis, da Nomad.

Dinheiro “mais caro” não deve ser obstáculo 

Após trazer o cenário atual da economia brasileira, que viu os juros básicos saírem de 2% ao ano em 2021 para os atuais 11,75% a.a, Ernani questionou os convidados de que forma a conjuntura econômica influenciaria a capacidade de funding das fintechs e a sua competitividade em relação aos bancos.

Os três executivos veem um cenário atual desafiador, porém, não acreditam em grandes obstáculos para a operação das fintechs.

“O dinheiro está mais caro e isso naturalmente impactará nas nossas taxas, mas ainda seguiremos com condições mais baratas do mercado, pois trabalhamos com o segmento de garantia”, afirmou Felipe, diretor de negócios da CashMe, que destacou a importância de diversificar o portfólio de produtos oferecidos além do crédito imobiliário.  

“No Brasil, a gente fala de uma média de 1,8 imóveis por vida. O crédito é uma relação transacional, faz e acabou. As fintechs terão que transformar essa forma de se relacionar para o cliente não sair da carteira, oferecendo crédito pessoal e outros produtos. Fazendo mais negócios com o mesmo cliente, a gente diminui o custo de aquisição”, afirmou.

Guilherme Bruno, que é cofundador da Homelend, aponta que não vê um “futuro brilhante” para o mercado de vendas no futuro próximo, mas que a questão ultrapassa os juros básicos definidos pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central.

“A gente não deve olhar tanto para a Selic, mas para a curva futura de juros. Quando você olha o Brasil, vê uma relação clara entre os números. Nos últimos anos, os juros que oscilavam em torno de 7%, agora estão entre 10% e 12%. Isso significa que, para comprar o mesmo imóvel, vamos precisar encontrar pessoas que ganhem 32% a mais de renda, em média. Vamos ver 64% dos clientes que poderiam comprar aquele imóvel irem embora”, citou ele, que apontou que as soluções trazidas pelas fintechs chegam como complementação ao que os bancos não oferecem (por não quererem ou não poderem, por conta de regulamentações). 

“Os bancos no Brasil são obrigados a conceder esse crédito e ninguém faz nada direito quando é obrigado. Então a experiência com eles é ruim e eu compreendo. Para os bancos é ruim conceder crédito porque é complexo, regulamentado, muito por culpa do Bacen. A gente culpa muito os bancos, mas de alguma forma eles também são reféns. De cada quatro clientes, o mercado está acostumado a perder um por causa de crédito. E agora esse número pode subir para dois. Para as imobiliárias, usar as fintechs significa não perder vendas”, argumenta.

Renato Caporrino, CEO da Atta, também acredita que a jornada do cliente é um dos diferenciais para o sucesso das fintechs no mercado de crédito e que ele precisa ser assessorado na sua compra. “Hoje, 72% dos imóveis são financiados e desses 72%, 61% são primeiro imóvel. Com as fintechs, a jornada de crédito é muito mais rápida, mas você não pode simplesmente aprovar o crédito e deixar ele seguir a vida dele. Na nossa operação, a gente tenta dar o máximo de opções possíveis que sejam atrativas para ele”, afirmou.

Felipe Bergamaschi, da CashMe, também citou a experiência e a criação de relação com o cliente como fator de competitividade para as fintechs. “ Oferecem menos burocracia. Com o banco, ele vai ter que ir atrás de laudo e de documentação. E as fintechs já internalizam tudo".
 

A SpaceMoney traz os principais destaques da ICXP2022. A iniciativa é fruto de uma parceria com a Unioncorp, maior corretora do Brasil especializada em garantias locatícias.