Agenda Econômica

Payroll, IGP-M, petróleo e outros assuntos que movimentarão a semana de 28 de março a 1 de abril

Aqui está o que você precisa saber para começar a sua semana

Ruas dos Estados Unidos - Reuters
Ruas dos Estados Unidos - Reuters

Por Noreen Burke e Jessica Bahia Melo, da Investing.com – O relatório de empregos dos EUA para março, a ser divulgado na sexta-feira, será acompanhado de perto, por ser o último relatório mensal de emprego antes da próxima reunião do Federal Reserve em maio.

Antes disso, haverá uma atualização sobre a inflação, durante o que deve ser uma semana agitada no calendário econômico.

Os acontecimentos na Ucrânia e nos preços do petróleo também continuarão a influenciar no sentimento do mercado à medida que o primeiro trimestre se aproxima do fim.

No Brasil, dados de emprego devem ser o foco dos próximos dias.

Aqui está o que você precisa saber para começar a sua semana:

1. Postos de trabalho não agrícolas e dados de inflação nos EUA

O relatório de sexta-feira para folhas de pagamento não agrícolas para o mês de março pode ajudar os mercados a ter uma ideia se o plano do Fed para a escalada dos juros é agressivo de mais ou de menos.

Os economistas esperam que a economia dos EUA tenha somado 475.000 empregos, depois dos 678.000 criados em fevereiro. A previsão é que a média do salário-hora suba 5.5% numa base anual, enquanto a taxa de desemprego deverá diminuir para 3,7%.

Sinais da continuação da força no mercado de trabalho enfraqueceriam a defesa de um ritmo mais agressivo de subida dos juros, enquanto o Fed luta para travar o crescimento da inflação.

O Fed elevou os juros em 0,25 ponto percentual em 16 de março, mas desde então o presidente do Fed, Jerome Powell, indicou que o banco central está preparado para aumentar as taxas em incrementos de meio ponto percentual, se justificado, apesar dos receios de que isto possa desencadear uma recessão econômica.

Antes do relatório de empregos, os EUA devem liberar os números de fevereiro sobre renda e gastos pessoais na quinta-feira. O relatório contém dados relativos às despesas de consumo pessoal, um indicador de inflação monitorado de perto pelo Fed.

Os economistas esperam que o índice central de preços aumente 5,5% numa base anual, mantendo-se bem acima da meta de inflação de 2% do Fed.

O calendário econômico também inclui atualizações sobre a confiança do consumidor, novas vagas de trabalho, contratações do setor privado, pedidos de auxílio-desemprego e o PMI de manufatura do ISM.

Além disso, o presidente do Fed de Nova York, John Williams, o chefe do Fed de Filadélfia, Patrick Harker, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic e o presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, devem fazer aparições públicas ao longo da semana.

2. Dados econômicos no Brasil

A semana inicia com divulgação do saldo em transações correntes e investimento estrangeiro direito de fevereiro. A expectativa é que haja um aumento expressivo do investimento, com projeção de U$9 bilhões em fevereiro, contra U$4,7 bi em janeiro. As informações serão divulgadas às 9h30.

Mas o foco da semana deve ser voltado aos indicadores de emprego. Na terça, às 8h, o governo divulga os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), que mostra as admissões e demissões de vagas com carteira assinada.

Em janeiro, o saldo foi positivo em 155,2 mil empregos, mas abaixo das estimativas. Para fevereiro, a expectativa é de uma evolução em 220 mil vagas.

Na quinta-feira, às 9h, o indicador mais esperado é a taxa de desemprego, que foi estimada em 11,2% no trimestre encerrado em janeiro. O país soma 12 milhões de desempregados.

Na quarta, a inflação entra em destaque novamente. Às 8h, a Fundação Getulio Vargas divulga os dados do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), popularmente conhecido como inflação do aluguel. Após um resultado mensal de 1,83%, a estimativa é que haja uma desaceleração para 1,46%.

Mesmo com alta acumulada de 3,68% no ano e 16,12% nos últimos 12 meses, o indicador ainda está longe da forte alta vista no mesmo período do ano passado. No mesmo dia, também entram em cena a inflação ao produtor (IPP), às 9h; empréstimos bancários, às 9h30 e fluxo cambial estrangeiro, às 14h30.

Dados fiscais do governo federal como relação dívida líquida/bruta e Produto Interno Bruto (PIB), balanço orçamentário e superávit saem na quinta às 14h, enquanto informações industriais como produção industrial e PMI Industrial Markit serão divulgados na sexta, às 9h e 10h, respectivamente.

3. Preços do petróleo

Os preços do petróleo registaram o seu primeiro ganho semanal das últimas três semanas no fim do pregão de sexta-feira, com o Brent com alta de mais de 11,5% e o WTI ganhando 8,8%.

Os preços do petróleo dispararam – subindo 50% desde o início do ano, em meio às sanções contra a Rússia, um grande fornecedor mundial, em retaliação por sua invasão da Ucrânia.

O aumento dos preços do petróleo vem alimentando as expectativas de inflação, enterrando as esperanças dos bancos centrais do globo de que a inflação causada pelos pacotes de estímulo da pandemia seria transitória.

Jerome Powell disse na segunda-feira passada que a economia dos EUA é evidentemente mais capaz de suportar melhor um choque de petróleo agora do que nos anos 70. Os EUA são o maior produtor de petróleo do mundo. Mas isto não impediu Powell de utilizar um tom mais duro ao falar sobre a inflação (veja acima) do que fez durante a coletiva de imprensa após o Fed ter aumentado as taxas poucos dias antes.

4. Mercados de ações americanas

Os três principais índices de Wall Street fecharam em alta na semana passada, com Nasdaq e S&P 500 subindo 2% e 1,8%, respectivamente, enquanto o Dow postou um avanço de 0,3%.

Os rendimentos do Tesouro dos Estados Unidos saltaram na sexta-feira, com a nota de 10 anos, referência no mercado, disparando para perto de seu maior nível em três anos, à medida que o mercado se deparava com a inflação alta e com um Federal Reserve que pode acabar desencadeando uma recessão enquanto aperta a política monetária de forma agressiva.

O mercado de capitais está precificando um ambiente de juros mais altos, disse à Reuters Keith Buchanan, gestor de carteiras da Globalt Investments, em Atlanta.

Isso está fazendo com que as ações do setor bancário tenham um desempenho acima do mercado, ao mesmo tempo em que "adicionam mais pressão aos elementos de maior risco do mercado", como as ações de crescimento, disse.

5. Inflação da zona do euro

A zona do euro vai publicar dados sobre a inflação na sexta-feira, com economistas esperando que o IPC atinha um novo recorde de 6,5% em meio à escalada dos custos energéticos.

O Banco Central Europeu indicou que não há pressa em aumentar as taxas de juros, mas tendo em conta a sua meta de inflação de 2%, não é surpresa para ninguém que alguns funcionários façam apelos para um ou dois aumentos dos juros.

Uma forte leitura da inflação reforçaria o seu argumento. Mas os mercados de títulos também sugerem a chegada de juros mais altos, tendo precificado cinco movimentações de 10 pontos base cada até o fim do ano.

O rendimento do título de dois anos da Alemanha aumentou 30 pontos base até agora em março, rumo a seu maior crescimento mensal desde 2011. Após passar anos na zona de rendimentos negativos, em meio às compras de títulos do BCE para impulsionar a inflação, ele está se aproximando rapidamente dos 0%.