A sétima pesquisa de popularidade da série XP Ipespe traz uma informação esperada e uma novidade. A esperada é a queda na popularidade do presidente Jair Bolsonaro, cujo governo vive de crise em crise, em sua maioria causadas pelos seus próprios aliados. A inesperada é o interesse e um inusual levantamento sobre a popularidade do vice-presidente, Hamilton Mourão. Em um país em que vice-presidentes são cargos meramente decorativos, a escolha do assunto da pesquisa revela mais do que seu resultado.
Mourão é pop
Mourão é uma das poucas personalidades entre as 12 pesquisadas pela XP Ipesp que apresenta melhora em sua avaliação, de 5,5 para 5,6 pontos, ao lado do governador de São Paulo, João Dória, que passou de 5,0 para 5,1 pontos. Todos os demais perderam nota. O destaque fez o general ganhar um levantamento detalhado, ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes.
General e bombeiro
O vice passou a chamar a atenção da opinião pública logo nos primeiros meses de governo, ao atuar como bombeiro nas crises provocadas pelas declarações desastradas do presidente Bolsonaro e de seus filhos. A atenção da imprensa logo despertou a desconfiança da família e a ira de seu guru ideológico, o astrólogo e filósofo Olavo de Carvalho. Eles temem que o vice acabe se tornando uma opção caso o presidente Bolsonaro perca as condições políticas de governar ou que ajude a aumentar a influência dos militares no governo, tutelando o presidente.
Ruim ou péssimo sobem para 31%
O levantamento encomendado pela maior corretora do país mostra, pelo terceiro mês seguido, tendência de alta na avaliação negativa da população em relação ao governo Jair Bolsonaro. O percentual dos entrevistados que classificam a atuação do governo como ruim ou péssima oscilou (dentro da margem de erro) de 26% para 31%. Considerando a redução de quatro pontos percentuais entre as pessoas que não responderam ou não sabiam avaliar, é provável que entrevistados desse grupo tenham migrado para uma avaliação negativa do governo, avaliam os autores do estudo.
Em contraponto, se manteve estável no último mês o percentual de entrevistados que avaliam como ótimo e bom o atual governo, em 35%. Os que acham o governo regular caíram 1 ponto percentual e são agora 31%, o que representaria 66% de apoio ao atual presidente.
Foram feitas 1.000 entrevistas nos dias 6 e 8 de maio. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais.
Os mais-mais da política: Moro lidera
Nesta rodada, a pesquisa voltou a medir a opinião da população sobre personalidades da política brasileira. O ministro da Justiça, Sérgio Moro, permanece com a melhor nota (6,5), seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (5,7) e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes (5,7). Na outra ponta, Rodrigo Maia teve nota 4,1 e Fernando Haddad nota 3,8.
Mourão é o cara para 39%
Os entrevistados foram questionados na pesquisa também sobre a atuação do vice-presidente e 39% classificaram como ótimo e bom seu desempenho, enquanto 20% avaliaram como ruim ou péssimo. Perguntados sobre a contribuição de Mourão para o governo, apenas 11% dos entrevistados responderam que o vice-presidente colabora negativamente e outros 82% classificaram como positiva ou neutra a contribuição.
Mourão está melhor que Paulo Guedes, guru econômico do presidente e responsável pela condução do país de volta ao crescimento. O ministro foi considerado bom ou ótimo por 38% dos entrevistados. Os que acham sua atuação ruim ou péssima são 23%.
Reforma da Previdência tem apoio de 45%
Pela primeira vez a pesquisa perguntou a opinião dos entrevistados sobre a proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governo Jair Bolsonaro. A PEC da Nova Previdência tem o apoio de 45% da população, ainda que 21% divirjam parcialmente do texto proposto. Outros 50% discordam da PEC, mas nesse grupo 22% acreditam que alguma reforma seja necessária.
Ainda assim, 74% dos entrevistados contam com a aprovação da proposta de Bolsonaro, mesmo que haja alterações. O percentual de entrevistados que reconhecem a necessidade de mudanças nas regras da Previdência no Brasil manteve o patamar dos últimos meses, tendo oscilado de 61% para 62%.
Perspectivas para o governo pioram
Com relação à expectativa com o restante do mandato de Bolsonaro, os que acham que ele será ótimo ou bom tiveram pequeno aumento, dentro da margem de erro, passando de 50% para 51%. Já os que acham que será ruim ou péssimo subiram 4 pontos, acima da margem de erro, de 23% para 27%. Os que acham que será regular caíram levemente de 18% para 17%.
Congresso segue mal na fita
A avaliação do Congresso se manteve ruim, com pequenas oscilações dentro da margem de erro. O percentual de ruim ou péssimo caiu de 42% para 40% e os que acham o Parlamento regular passaram de 40% para 41%. Os que acham o Congresso ótimo ou bom subiram de 13% para 14%.
Menos fé no combate à corrupção
A expectativa com relação à corrupção também piorou. Os que acham que ela vai diminuir nos próximos seis meses caíram de 43% para 41%, enquanto os que acham vai aumentar passaram de 24% para 25%. Os que acreditam que a corrupção vai continuar como está subiram de 29% para 30%.
A culpa da crise é do PT para a maioria
Pelo menos por enquanto, o governo Bolsonaro não precisa se preocupar em ser culpado pela crise econômica. Para 54% dos entrevistados, a culpa da crise é dos governos do PT, mais especificamente o governo Lula (34%) e Dilma (20%). O percentual aumentou, era 50% na pesquisa anterior. O governo Temer é apontado como responsável por 14% dos entrevistados e fatores externos, 15%. Bolsonaro é apontado por 5% apenas como responsável..
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