Com o crescimento exponencial de debates sobre a chamada economia verde pelo mundo, companhias têm buscado caminhar conforme o compasso desse cenário. Uma delas, a Petrobras (PETR3)(PETR4), tem anunciado uma série de medidas para atingir a diversificação do portfólio e objetivos verdes.
Em entrevista ao jornal O Globo, Jean Paul Prates, presidente da estatal, destacou os projetos de energia eólica offshore, a ideia de investir em fábricas de hidrogênio e cita estudos para entrar no segmento de baterias para veículos elétricos.
“Bateria é uma coisa ainda muito incipiente. Menciono aqui, mas é uma coisa para começar a tratar em dois anos. É um exemplo muito minúsculo que a gente ainda nem colocou no plano estratégico”, comenta ao jornal.
“Se você pensar que a eletrificação da frota, mesmo com o (carro) híbrido, usa bateria, e quer estar perto do consumidor final em algum momento e participar de uma logística mais capilarizada no futuro, tem que estar olhando para essa área. Estamos vendo o tamanho do negócio e quem está jogando”, acrescenta.
Em junho, o executivo informou que a companhia vai destinar 15% de seus investimentos a energias verdes entre 2024 e 2028, algo bem maior que os 6% previstos no plano atual, de US$ 78 bilhões, elaborado na gestão passada.
Desde então, a petroleira criou uma diretoria dedicada à transição energética e vem assinando acordos com outras empresas para possíveis projetos em áreas como energia solar, eólica em terra e no mar, e produção de hidrogênio, uma das principais apostas no mundo quando se fala de energia limpa.
Segundo Prates, a Petrobras pretende ampliar a produção de biocombustíveis e investir em inovações como injetar carbono em reservatórios de petróleo e gás vazios para reduzir suas emissões.
O presidente já pensa em uma espécie de segunda fase para os projetos renováveis. Cita o desenvolvimento de armazenamento de energia, baterias e o uso de minerais críticos, os insumos críticos para equipamentos de transição energética.
A política de “abrasileirar” os preços dos combustíveis
Ainda na entrevista, o presidente da Petrobras tratou sobre a estratégia de conciliar os interesses da Petrobras e do consumidor por meio de uma “abrasileiração” nos preços dos combustíveis.
“Quando a gente conseguir mostrar que, ao abrasileirar os preços, estamos praticando o preço do mercado brasileiro, constituído por produto produzido aqui e as importações, teremos a respostas se a petrobras está ou não segurando o preço dos combustíveis”, comenta o executivo.
“Agora, é referência internacional, pois importamos. A gente não é isolado do mundo. A gente não pode ser a Venezuela e vender diesel a R$ 1. A Petrobras pode fazer o preço brasileiro porque tem o seu modelo de 70 mil variáveis de programação”, afirma Prates
Questionado pelo O Globo, se a avaliação continua mesmo com os reajuste na política de preços acontecendo mensalmente, ele diz que a avaliação não é por prazo.
“É por patamares de relevância e de consolidação de um preço novo. Muita gente nem acreditava que a gente fosse fazer um ajuste na magnitude que a gente acabou fazendo”, ressalta.
De acordo com o executivo, o barril de petróleo Brent ultrapassou os US$ 90 e vai rumo aos US$ 100. O diesel teve tempestade perfeita, com parada de refinaria nos EUA, entre outros fatores. Aqui teve a reoneração (restabelecimento de impostos federais e estaduais sobre combustíveis).
“Estamos pagando por uma crise atual e por uma crise do ano passado que o (ex-presidente Jair) Bolsonaro (PL) empurrou para agora. Ele simplesmente retirou os impostos dos estados e retirou os impostos federais como se isso fosse solução para baratear qualquer produto no mercado”, pontua Prates.
Por fim, o jornal indagou sobre a subida do petróleo e se há necessidade de fazer reajuste, o presidente da Petrobras disse que a gasolina tem estado ok. O diesel tem ficado sistematicamente alto, e a companhia está sempre monitorando.
“Temos conseguido manter o preço, pois ajustamos com uma folguinha. Claro, se a gente estiver numa situação em que a gente tenha de ajustar, a gente vai ajustar. Não há uma voz do governo dentro da Petrobras mandando mexer no preço”, conclui o executivo.
As informações são do jornal O Globo