Por Barani Krishnan, da Investing.com – Os preços do petróleo subiram pelo segundo dia consecutivo após a Opep e seus aliados conseguirem anunciar um aumento na produção sem assustar o mercado – um fato que destacou que o cartel está finalmente aprendendo com os erros do passado.
Os 13 membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, comandada pelos sauditas, e 10 aliados liderados pela Rússia, concordaram em aumentar a produção em 500.000 barris por dia a partir de janeiro, após dias de tensas discussões. Isso trará os cortes totais de produção no início de 2021 para 7,2 milhões de barris por dia.
Os preços do petróleo subiram, ainda que modestamente, com o acordo, em vez de cair, já que o grupo produtor conseguiu exibir uma sensibilidade de mercado atípica de seu passado. Apenas alguns anos atrás, não teria sido surpreendente ver a Opep adicionar um milhão de barris à produção com um aumento de preço de US$ 10, apenas para ver o mercado quebrar US$ 20 depois.
O West Texas Intermediate negociado em Nova York, o principal indicador para o petróleo dos EUA, fechou em alta de 36 centavos de dólar, ou 0,6%, a US$ 45,64 por barril. O WTI subiu 1,6% na sessão anterior, após registrar um ganho de 27% em novembro, seu melhor mês desde maio, com as apostas dos investidores de que o mundo poderá em breve estar livre do coronavírus, com vacinas prestes a chegar nas próximas semanas.
O Brent de Londres, a referência global para o petróleo, encerrou as negociações de quinta-feira a US$ 48,71, alta de 46 centavos, ou quase 1%, após o ganho de 1,8% de quarta-feira. Em novembro, o Brent subiu 28%, seu melhor mês desde uma alta de 95% em maio em relação às baixas de abril.
“A Opep+ previsava a todo custo evitar um ataque de raiva, então um pequeno aumento em janeiro era aceitável para os sauditas. Um aumento mensal de 500.000 barris por dia em janeiro vai substituir o aumento de 1,9 milhão que estava previsto”, disse Ed Moya, analista da OANDA de Nova York.
“A Opep+ decidirá mensalmente quanto mais petróleo deve ser colocado no mercado. A Opep+ evitou preocupações com excesso de oferta, já que um aumento de 0,5 milhão na produção permite que os estoques diminuam nos próximos meses. Se a recuperação econômica global for mais forte do que o esperado, você pode esperar níveis terríveis de cumprimento do acordo, e, eventualmente, o pacto Opep+ pode ser rescindido.”
De fato, o ajuste de meio milhão de barris parece ser uma proteção bem calculada para a Opep+ recuar a qualquer momento.
No mínimo, a pandemia de Covid-19 permitiu que a Opep fosse mais ágil do que em qualquer outro momento em suas seis décadas de história. O grupo pode organizar uma reunião por Zoom com alguns dias de antecedência agora, em comparação com os velhos tempos, quando demorava meses para o grupo se reunir em Viena ou alguma outra capital de consenso.
Outra coisa positiva para o cartel na quinta-feira foi o acordo tácito do Irã de seguir qualquer pacto fechado pela liderança do grupo, embora Teerã em si não tenha um papel ativo, dadas as sanções prevalecentes do governo Trump contra a república islâmica.
O Irã precisa ser observado com atenção, pois pode ser o próximo sapato a cair dentro da Opep, dependendo da rapidez com que o governo Biden suspenda essas sanções e quanto Teerã acrescentará ao fornecimento no curto prazo.
O ministro da Energia da Arábia Saudita, Abdulaziz Salman, que lidera a Opep, parecia imperturbável na quinta-feira até mesmo com a produção galopante da Líbia.
Por enquanto, parece que a Opep aprendeu com os erros do passado e está confiante em como administrar qualquer excesso de oferta que venha a curto prazo.