Nesta quinta-feira (26), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) divulgou a nova previsão do valor adicionado do setor agropecuário para este ano e para 2022. O crescimento do PIB do setor em 2021 foi revisto de 2,6% (previsão feita em junho) para 1,7%, representando o quinto ano consecutivo de crescimento do setor, o único a não apresentar redução em 2020.
Segundo o instituto, o ajuste nas projeções foi motivado, principalmente, pela redução nas estimativas de produtividade e produção de culturas importantes (como a do milho), devido a impactos climáticos adversos da ocorrência de um fenômeno La Niña mais severo nesta safra, e pela piora do cenário para a produção de bovinos.
No valor adicionado da produção vegetal em 2021, os pesquisadores revisaram a alta de 2,7% para 1,7%. Ainda assim, o desempenho positivo foi sustentado pelas altas nas produções de soja (+9,8%), trigo (+36,0%) e arroz (+4,1%). Isso compensou as quedas estimadas para as demais culturas: milho (-11,3%), cana-de-açúcar (-3,2%) e café (-21,0%). O rendimento do milho em 2021, em especial, foi muito prejudicado pelo atraso na colheita da soja, que retardou o plantio da segunda safra, ficando dependente de chuvas tardias que não ocorreram.
Na produção animal, a previsão de alta foi revista de 2,5% para 1,8%, com crescimento para todos os segmentos, com exceção da produção de bovinos, com queda de 1,0%. Há expectativa de desempenho positivo na produção das demais proteínas: suínos (+7,7%), frangos (+3,9%), leite (+3,1%) e ovos (+4,5%). No caso dos suínos, o bom desempenho está relacionado com o forte crescimento das exportações para a China este ano.
Já a previsão para 2022 foi realizada com base nas primeiras informações disponibilizadas pela Conab para os segmentos da produção vegetal e previsões do Grupo de Conjuntura do Ipea para a produção animal. Os pesquisadores do instituto estimam um crescimento de 3,3% no PIB do setor, com crescimento de 3,9% na produção vegetal e de 1,8% na produção animal.
De acordo com a Conab, há expectativa de manutenção do bom desempenho da produção de soja, que deverá bater novo recorde em 2022, e de boa recuperação de culturas como milho e algodão, após a forte queda projetada para este ano. Além disso, o abate de bovinos deverá, enfim, registrar recuperação após dois anos consecutivos de queda.
“Esperamos uma recuperação da oferta de bovinos no ano que vem, tendo transcorrido tempo suficiente para a recomposição do rebanho após o pico em 2019", acrescentou Pedro Garcia, pesquisador associado do Ipea.
Por fim, o instituto ressaltou que “os principais riscos da projeção de crescimento estão relacionados aos efeitos climáticos sobre a produção vegetal e ao atraso na retomada dos abates de bovinos”.
O levantamento segue sendo realizado com base nas estimativas do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e em projeções próprias para a pecuária a partir de dados da Pesquisa Trimestral do Abate de Animais, da Produção de Ovos de Galinha e Leite.
Nesta edição, conta com estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para previsões de 2022.
*Com informações Assessoria do Ipea