O Produto Interno Bruto (PIB) do 2º trimestre foi divulgado na manhã desta terça-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O maior tombo da série histórica veio dentro do esperado, com queda de 9,7% na atividade econômica brasileira, comparado com o período anterior. No primeiro trimestre, o recuo foi de 1,5%.
Os setores mais afetados foram os da indústria, com queda de 12,3%, e de serviços, que caiu 9,7%. Já a agropecuária cresceu 0,4% durante o trimestre. Apesar da recessão técnica, com dois trimestres de retração seguidos, a atividade econômica pode dar sinais de recuperação a partir do 3º trimestre.
“Durante o período, o auxílio-emergencial manteve o poder de compras das famílias, o que deve continuar até o fim do ano”, aponta Eduardo Yuki, economista-chefe da Panamby Capital. O benefício do governo para desempregados e trabalhadores informais ainda não teve o valor definido para os próximos meses, mas o governo federal já afirmou que será pago até o final do ano.
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Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que mostraram criação de empregos em julho, também são um ponto de otimismo, lembra Eduardo. “Alguns setores também tiveram queda de estoque, o que mostra que as companhias estavam mais pessimistas que os consumidores”, diz Yuki.
Além disso, os instrumentos utilizados pelo Banco Central durante o pico da crise, como injeções de liquidez, devem continuar reverberando na economia brasileira nos próximos meses. “Tínhamos um nível de reserva confortável, que deu opções para o BC”, afirma Cristiane Quartaroli, economista da Ourinvest.
Para o PIB de 2020, a projeção do mercado é de queda de 5,28%, segundo compilação do boletim Focus, divulgado na última segunda-feira (31). Para 2021, a estimativa é de alta de 3,50%. Em 2022 e 2023, os economistas esperam crescimento de 2,50%.
No entanto, a reação econômica ainda depende muito da evolução da pandemia no país, afirma Quartaroli. “Estamos num cenário pouco confortável para imaginar uma melhora rápida no último trimestre”, afirma.
Além disso, a retomada das agendas de reformas estruturais é o que vai trazer crescimento sustentado para a economia. “A reforma tributária, por exemplo, é algo que deve caminhar lentamente”, afirma a economista da Ourinvest. “E isso influencia a confiança de empresários, que, apesar de estar crescendo, ainda não voltou aos níveis pré-crise”.