“PIB cresce”. “Ibovespa (B3) fecha em máxima recorde”. Para os mais leigos, a segunda frase pode parecer consequência da outra. Mas não é bem assim. “Os dados econômicos de um país não necessariamente afetam o desempenho de sua bolsa de valores”, explica Guilherme Lisbão, estrategista da EOS Investimentos e colunista da SpaceMoney.
Exemplo disso é o Irã. Em 2018, o país estava se recuperando de uma crise quando foi flagelado pelas sanções norte-americanas. Resultado: a estimativa é de que sua economia tenha contraído 9,5% no ano passado. Por outro lado, a bolsa de Teerã foi a com melhor desempenho do mundo em 2019, como conta Lisbão em seu artigo de hoje.
Esse descompasso acontece porque, enquanto o Produto Interno Bruto mede a geração de riquezas em todos os setores econômicos de um país, os índices acionários são um termômetro do setor privado — e além disso, restrito às empresas de capital aberto.
“Grande parte do PIB é gerado pelo governo, levando em conta importações, exportações e serviços, por exemplo”, aponta Lisbão.
“Isso não aparece na bolsa de valores, assim como o que vemos no mercado financeiro não é contabilizado no PIB”.
É claro que isso não significa que o que acontece na economia não afeta o que é listado nos índices. Em países com cenário macroeconômico promissor, as empresas encontram um ambiente para melhores resultados — e suas ações tendem a subir.
“A recessão que tivemos no Brasil em 2015, por exemplo, obviamente atrapalhou as companhias”, lembra Lisbão. O especialista aponta que o que acontece no contexto econômico geral é mais um dos fatores a serem observados, mas não o único, na hora de avaliar as oportunidades nas bolsas de valores. “Mesmo quando um país vai mal, não deve-se deixar de olhar para a sua bolsa”.
E o momento do Brasil pode ser lido dessa maneira. A recuperação econômica ainda rasteja e as projeções do PIB vêm sendo revisadas para baixo — no último Boletim Focus, a estimativa era de 2,23%, contra 2,30% no cálculo anterior. Mas, para o especialista, a bolsa não deve decepcionar em 2020.
“O Brasil ainda tem empresas baratas e, se mantivermos a inflação baixa, a expectativa é de que o Ibovespa (B3) tenha uma boa performance este ano”, diz Lisbão.
Mesmo o câmbio, que quebrou recorde no fechamento ao bater R$ 4,39 na última quinta-feira (20), não deve ser motivo de preocupação. “Não é um cenário de pânico, apenas um período de ajuste ao novo patamar da Selic”, explica o estrategista. “E ele já está mais perto do fim”.
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