Ouro

Preços do ouro despencam em meio a chamadas de margem

Por Geoffrey Smith

Investing.com – Os preços do ouro caíram para sua mínima em dez dias na sexta-feira (28) após investidores de portfólio começarem liquidar suas posições em favor de dinheiro e títulos enquanto a fuga de ativos de risco em todo o mundo continuou em ritmo vertiginoso.

Às 13h (horário de Brasília), os futuros do ouro para entrega na Comex estavam em baixa de 3,5% a US$ 1.585,70, enquanto o ouro spot caía 3,5% para US$ 1.584,40.

Os futuros da prata também escorregaram, caindo 5,9% para US$ 16,62 por onça, sua mínima desde o início de dezembro, enquanto a platina deslizou 4,9% para US$ 860,85 por onça.

Vários relatórios sugerem que as perdas de investidores em ações se tornaram tão severas ao longo da semana que eles foram forçados a vender suas posições em metais preciosos para atender às chamadas de margem.

Há meses, consumidores finais de ouro, como bancos centrais e joalherias, têm diminuído suas compras, pois entradas de portfólio fizeram os preços atingirem máximas recordes (incluindo um novo recorde histórico em termos denominados em euros.

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Isso deixou o mercado à mercê de operações de hot money, escreveu Georgette Boele, do ABN Amro, em uma nota semanal na sexta-feira.

“Há cerca de seis meses agora, o ouro tem sido um ativo popular”, argumentou. “As posições de investidores estão em cerca de 80% o fornecimento anual (fornecimento de minas e reciclagem), o que pode voltar ao mercado a qualquer momento em que os investidores mudarem de ideia”.

Boele alertou que mais vendas podem vir se a tendência atual de aversão ao risco se tornar mais intensa.

“Se a aversão ao risco se tornar pânico no mercado, os investidores passarão a encarar dinheiro e ativos muito líquidos como atraentes. Eles irão provavelmente liquidar suas posições investidas em ouro”, disse Boele.

O ouro se desligou completamente de rendimentos de títulos nesta semana: o rendimento do Tesouro a 2 anos, sensível ao Fed, despencou para 0,91% na sexta-feira, ante 1,38% uma semana antes, enquanto o rendimento do Tesouro a 10 anos caiu para uma baixa de recorde de 1,15% na sexta-feira, antes de se recuperar levemente.

Tais rendimentos refletem expectativas de que o Fed irá cortar taxas de juros em três vezes ou mais ao longo dos próximos anos, mesmo que muitos economistas defendam que o efeito econômico do vírus é principalmente um choque na oferta – algo a que bancos centrais normalmente não reagem.

O presidente do Fed em St. Louis, James Bullard, disse na sexta-feira que um corte de taxas ainda não está no “cenário base” do Fed, embora isso possa mudar dependendo do impacto econômico nos EUA – basicamente a mesma posição informada ao congresso pelo presidente do Fed, Jerome Powell, no início do mês.

O analista da Nordea Morten Lund destacou que a janela para sinalizar uma mudança de política está se fechando rapidamente, pois o blackout period que precede a próxima reunião do Federal Open Markets Committee começa no fim da semana que vem. Nem Powell e nem o vice-presidente Richard Clarida devem dar declarações antes disso, pontuou Lund.