O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que serve de prévia para o índice usado pelo Banco Central em suas metas de inflação, subiu 0,14% em novembro, mostrando leve aceleração em relação à taxa de 0,09% registrada em outubro. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é o menor resultado para um mês de novembro desde 1998, quando a taxa foi de -0,11%.
No ano, o IPCA-15 acumula alta de 2,83% e, em 12 meses, de 2,67%, abaixo dos 2,72% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em novembro de 2018, a taxa foi de 0,19%. O número está abaixo do piso do BC para este ano, que é de 1,5 ponto percentual abaixo da meta de 4,25%, ou seja, 2,75%, o que mostra que o custo de vida da população está subindo menos e que há espaço para novos cortes de juros, boas notícias. Mas, ao mesmo tempo, um mau sinal, já que indica que a economia está mais fraca do que o esperado ainda.
Já para o ano que vem, quando a meta cai para 4,00%, o piso seria de 2,50%, o que colocaria a inflação dentro do intervalo de tolerância do BC, mas muito perto do limite de baixa, o que recomendaria uma política monetária estimulativa, ou seja, juro baixo para ativar a economia.
O Comitê de Política Monetária (Copom) já indicou que vai cortar os juros, hoje de 5,00% ao ano, em mais 0,50 ponto percentual em dezembro, para 4,5%, e deixou espaço para novos cortes no ano que vem. O número mostra também que a alta do dólar no mês passado e neste mês não chegou a influenciar os preços significativamente, como temem alguns analistas, o que poderia limitar os cortes nos juros.
Segundo o IBGE, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, três apresentaram deflação, com destaque para Habitação (-0,22%), responsável pela maior contribuição negativa no IPCA-15 de novembro, com -0,04 ponto percentual (p.p.). No lado das altas, destacam-se os grupos Vestuário (0,68%), Despesas Pessoais (0,40%) e Transportes (0,30%), cujo impacto no índice do mês foi de 0,06 p.p.
Já Alimentação e Bebidas, após a deflação observada em outubro (-0,25%), apresentou ligeira alta (0,06%), contribuindo com 0,02 p.p. Os demais grupos ficaram entre a queda de 0,06% em Artigos de Residência e a alta de 0,20% em Saúde e Cuidados Pessoais.
Grupo | Variação (%) | Impacto (p.p.) | ||
---|---|---|---|---|
Outubro | Novembro | Outubro | Novembro | |
Índice Geral | 0,09 | 0,14 | 0,09 | 0,14 |
Alimentação e Bebidas | -0,25 | 0,06 | -0,06 | 0,02 |
Habitação | -0,23 | -0,22 | -0,04 | -0,04 |
Artigos de Residência | -0,21 | -0,06 | -0,01 | 0,00 |
Vestuário | 0,14 | 0,68 | 0,01 | 0,04 |
Transportes | 0,35 | 0,30 | 0,06 | 0,06 |
Saúde e Cuidados Pessoais | 0,85 | 0,20 | 0,10 | 0,02 |
Despesas Pessoais | 0,16 | 0,40 | 0,02 | 0,04 |
Educação | 0,09 | 0,04 | 0,01 | 0,00 |
Comunicação | 0,00 | -0,02 | 0,00 | 0,00 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços, Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor. |
Os Transportes (0,30%) apresentaram o maior impacto entre os grupos no índice do mês, de 0,06 p.p. A gasolina e o etanol, que já haviam apresentado alta em outubro, aceleraram em novembro (de 0,76% e 0,52% em outubro para 0,80% e 2,53% em novembro, respectivamente). Os preços do óleo diesel (0,58%) e do gás veicular (0,10%) também subiram, levando o resultado dos combustíveis a uma alta de 1,07%. Ainda em Transportes, destaca-se também a alta nos preços das passagens aéreas (4,44%), após variação de 2,10% em outubro.
Bijuteria mais cara
Após a alta de 0,14% em outubro, o grupo Vestuário acelerou para 0,68% em novembro. Destacam-se as altas observadas nos itens roupa masculina (1,15%), roupa infantil (0,65%) e roupa feminina (0,49%). Além disso, as joias e bijuterias mostraram aceleração de preços em relação ao mês anterior, passando de uma alta de 1,24% em outubro para 1,87% em novembro.
As Despesas Pessoais também aceleraram na comparação com o mês anterior, passando de 0,16% para 0,40%, influenciadas pelos subitens empregado doméstico (0,31%) e jogos de azar (2,46%), cujo resultado reflete os reajustes aplicados, vigentes a partir de 10 de novembro, nos preços das apostas.
Cerveja em alta
O grupo Alimentação e Bebidas apresentou ligeira alta no índice de novembro (0,06%), após três meses consecutivos de deflação (-0,17% em agosto, -0,34% em setembro e -0,25% em outubro). A alimentação fora do domicílio passou de uma estabilidade de preços em outubro (0,00%) para uma alta de 0,12% em novembro. Esse resultado foi influenciado, principalmente, pelas altas na refeição (0,13%) e na cerveja fora (0,34%).
Além disso, a alimentação no domicílio, que havia apresentado queda de 0,38% em outubro, variou 0,03%. As carnes subiram 3,08% e contribuíram com 0,08 p.p. no IPCA-15 de novembro. Por outro lado, destacam-se as quedas da cebola (-18,60%), do tomate (-8,00%), da batata-inglesa (-7,92%) e do leite longa vida (-1,67%).
No lado das quedas, o grupo Habitação apresentou a maior variação negativa e o maior impacto negativo no índice do mês (-0,22% e -0,04 p.p.). Esse resultado foi influenciado pela queda observada na energia elétrica (-1,51%), cujo impacto foi de -0,06 p.p. Houve redução média de 5,30% nas tarifas residenciais de uma das concessionárias de São Paulo (-1,68%), vigente desde 23 de outubro. Em Brasília (-5,44%) e em Goiânia (-4,75%) também houve redução nas tarifas, ambas a partir de 22 de outubro: na primeira, a redução foi de 6,91% e, na segunda, de 5,08%. Segundo o IBGE, em novembro, passou a vigorar a bandeira tarifária vermelha patamar 1, cujo valor da cobrança adicional foi reajustado de R$ 4,00 para R$ 4,169 a cada 100 quilowatts-hora consumidos. Em outubro, estava em vigor a bandeira amarela, em que a cobrança adicional foi de R$ 1,50 a cada 100 quilowatts-hora.
Ainda em Habitação, o subitem gás encanado apresentou variação de -0,10%, decorrente da redução de 0,60%, vigente desde o dia 1º de novembro, nas tarifas praticadas na região metropolitana do Rio de Janeiro (-0,21%). Por sua vez, o resultado de 0,31% da taxa de água e esgoto decorre do reajuste de 4,87%, vigente desde o dia 1º de outubro, nas tarifas praticadas na região metropolitana do Rio de Janeiro (2,97%) e do reajuste de 3,43%, vigente desde o dia 11 de novembro, na região metropolitana de Curitiba (0,11%).
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