Na quinta-feira (09), os mercados esperaram ansiosamente pelo desfecho da reunião da Opep+, o grupo formado pelos países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados.
No encontro, realizado via videoconferência, o impasse entre Rússia e Arabia Saudita foi resolvido (por ora), e decidiu-se pela redução da produção de petróleo em 10 milhões de barris diários, como forma de diminuir a sobreoferta do petróleo.
Mas, afinal, qual será o impacto desse acordo no mercado de petróleo? Segundo Patrícia Krause, economista da Coface para a América Latina, seja qual for o capítulo final da novela, os preços do petróleo não vão melhorar no futuro próximo,
“Um corte do tamanho do supostamente proposto seria significativo [Krause falou antes do término da reunião], mas não o suficiente para elevar o patamar de preços no futuro próximo”, explica. “O acordo serviria para manter como estamos, para não piorar a situação”. A economista afirma que o petróleo também sofre com a falta de demanda, com o mundo em isolamento social por conta do novo coronavírus.
Em março, os preços da commodity chegaram a cair mais de 35% em um único dia. Hoje, o brent operava a US$ 32,75 o barril, enquanto o WTI ficava a US$ 26,13, após um dia de oscilação à espera da reunião. O valor dificulta a produção do petróleo norte-americano, que tem maior custo de extração.
“Na próxima terça também temos uma conferência dos produtores do Texas [estado norte-americano]”, lembra Patrícia. “Talvez vejamos alguma medida sair dali também, pois não adianta os cortes serem apenas do lado da Opep”.
Os Estados Unidos estão sendo pressionados a reduzirem também sua produção. O presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou na última terça-feira que o governo ainda “tomaria uma decisão sobre isso”, caso o pedido fosse feito.
De qualquer maneira, a Opep afirma que o acordo oficial deve sair entre maio e junho, lembra a economista. “Há ainda espaço para mais uma rodada de negociações”, afirma.
O impacto aqui
A gigante brasileira Petrobras também sentiu os efeitos da montanha-russa do petróleo, enfrentando alta volatilidade em seus papéis. No entanto, para Patrícia Krause, a situação para a petroleira não deve se agravar no futuro.
“A empresa está no caminho certo, tanto na política de preços quanto no foco em atividades com alta rentabilidade”, explica. “Se não houver nenhuma outra grande turbulência, a situação não deve piorar para a Petrobras”.