Mercado de crédito

Quer ganhar eficiência na gestão de crédito?

É preciso buscar dados novos, que não estão nos birôs, para ampliar a oferta de crédito

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O surgimento das fintechs, com suas soluções digitais, foi sem dúvida um divisor de águas na história do sistema financeiro nacional. Ao possibilitar que milhões de brasileiros, antes ignorados pelos grandes bancos, tivessem acesso a seus produtos, essas startups abriram portas à essa parte da população antes excluída, colaborando para a bancarização.

Apesar da melhoria no acesso, ainda há um longo caminho a ser percorrido para que a potencialidade do mercado nacional seja plenamente explorada, assim como ocorre nas economias mais desenvolvidas. Um desses desafios é justamente a democratização do crédito. A dificuldade está na própria renda das pessoas, muito baixa na maioria dos casos e difícil de comprovar.

Para agravar a situação, o cenário econômico não é dos mais fáceis. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o IPCA de janeiro subiu 0,54%, índice menor do que o registrado em dezembro, mas o maior para o mês desde 2016. Distante da meta de inflação para o ano perseguida pelo Banco Central, que é de 3,5% com teto de 5%, a inflação acumulada em 12 meses está em 10,38%. Essa disparada dos preços, sozinha, já é suficiente para reduzir o já reduzido poder de compra dos trabalhadores.

Para reverter esse processo, o Banco Central adota como remédio o aumento da taxa Selic, que hoje está em 10,75%, mas que deve ficar acima dos 12% até o final do ano, segundo projeções de economistas. Sabemos que o aumento da taxa básica de juros tem como efeito adverso o aumento no custo das operações de crédito, além de conter o desenvolvimento econômico. 

Diante de um cenário tão negativo é natural avaliarmos que há pouco ou nada a ser feito senão correr atrás dos mesmos tomadores e continuar a ignorar quem está fora. Mas não. É nesse grupo que estão as oportunidades. E é preciso garimpar para encontrá-las. Porém, se a gente sempre usar os mesmos dados, a gente vai sempre tomar a mesma decisão, não é mesmo?

Então, se todo mundo ignora o indivíduo que não está no birô ou cujo um dado tradicional não é positivo, essa pessoa não terá a oportunidade de criar uma boa informação ou melhorar seu histórico.

Uma provocação: Quantas pessoas têm um cartão de crédito em mãos, usam o mesmo e pagam em dia, mas estão ao mesmo tempo com apontamentos negativos nos Birôs? Se fizer essa pesquisa, garanto que irá se surpreender!

O que ocorre aqui? O Emissor do cartão tem dados adicionais de informação que levam ele a tomar outro tipo de decisão. Para aumentar a eficiência do mercado de crédito, é necessário buscar dados novos que estão fora dos birôs tradicionais para conseguir discriminar dentro dessa população quem de fato possui o risco muito alto e não consegue crédito, e quem é bom pagador e teve uma questão circunstancial ou pontual.

E o papel da Inteligência Artificial é justamente esse. Buscar informações diferenciadas e tratar os dados de forma a possibilitar decisões otimizadas. De imediato já existem muitos dados alternativos que são relevantes e incrementais para a formação de score mais próximo da realidade de cada consumidor. As informações do Cadastro Positivo já estão ganhando forma e maturidade para serem usadas pelas empresas financeiras. No longo prazo, o Open Banking também fornecerá informações adicionais mais precisas, que ajudarão na construção desse novo score.

A Inteligência Artificial, no entanto, pode fazer muito mais, buscando informações em outras fontes, fazendo diversos cruzamentos de dados a ponto de chegar a um nível diferenciado de personalização do score, podendo realizar segmentações de política, sejam elas de crédito, de produto ou de preço. A base de tudo são os dados. São eles o insumo de tudo o que está por vir em 2022 e também nos próximos anos.

Assim, investir em tecnologia é o caminho para tratar esses dados e aumentar o nível de democratização do mercado de crédito.

A opinião e as informações contidas neste artigo são responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, a visão da SpaceMoney.