Ao escolher investimentos, geralmente, procuramos por ações e títulos que tragam segurança e rentabilidade. Mas como encontrar os ativos mais seguros para aplicar? Como saber se o emissor é confiável? Para isso, você pode analisar o rating das empresas.
O rating é um indicador de risco do crédito de uma empresa, banco e até mesmo de um país. Mas ainda não entendeu muito bem? Então, continue lendo a matéria porque a SpaceMoney vai esclarecer algumas dúvidas sobre a segurança do seu investimento.
O que é o rating?
O rating (em tradução livre, avaliação) é conhecido como nota de risco ou classificação de risco de crédito. Consiste em classificações atribuídas a instituições emissoras de títulos, privadas e públicas.
As notas correspondem ao grau de risco de não pagamento de dívidas dentro do prazo fixado. Ou seja, o rating indica a possibilidade de a empresa, ou país, da qual você comprou um título te devolva o seu dinheiro com os juros e no prazo acordados.
Assim, para chegar a essa classificação, as agências de rating levam em consideração aspectos como:
- Riscos de longo prazo
- Riscos de curto prazo
- Fluxo de caixa
- Valor da dívida do emissor
- Crescimento da geração de receitas
Quem emite a nota?
No mercado global, há grandes agências especializadas em rating. As três principais atuantes no mercado e seus métodos de classificação são:
Moody’s
A Moody’s é uma agência de classificação estadunidense que atua no mercado desde 1909. Ela produz manuais de estatísticas relacionadas a ações e títulos emitidos por companhias de capital aberto. Por conta de sua análise minuciosa, possui bastante prestígio no mercado. Em contraste com outras agências, seu rating possui as seguintes nomenclaturas:
● Aaa – Prime
● Aa1, Aa2, Aa3 – Qualidade muito alta
● A1, A2, A3 – Qualidade Alta
● Baa1, Baa2, Baa3 -Boa qualidade
● Ba1, Ba2 – Especulativo
● B1, B2, B3 – Altamente Especulativo
● Caa1, Caa2, Caa3 – Risco Substancial
● Ca – Risco muito alto
● C – Risco Excepcionalmente alto
Segundo a Moody’s, os ativos Aaa são os de mais alta qualidade, com o menor grau de risco de investimento. Os Aa (Aa1, Aa2 e Aa3) também são de alta qualidade, com risco baixo, mas com suspeita de riscos a longo prazo. Os A (A1, A2 e A3) possuem grau de qualidade médio para alto e com baixo risco de crédito, mas que possuem maiores riscos a longo prazo.
O grupo Baa (Baa1, Baa2 e Baa3) possui risco de crédito moderado, mas sem critérios de proteção ao longuíssimo prazo. O grupo Ba (Ba1, Ba2 e Ba3) possui grau de risco acima do nível aceitável. Já o grupo B (B1, B2 e B3) está sujeito a alto risco de crédito.
Finalmente, os títulos muito sujeitos a risco de crédito são classificados como Caa (Caa1, Caa2 e Caa), Ca e C.
Standard & Poor’s
A Standard & Poor’s (ou S&P) publica análises e pesquisas sobre o mercado de ações e o mercado de títulos públicos e privados desde 1941. Ela segue um esquema diferente de Moody’s e, assim, suas nomenclaturas de rating são:
- AAA – Mais alta qualidade
- AA – Qualidade muito alta
- A – Qualidade alta
- BBB – Boa qualidade
- BB – Especulativo
- B – Altamente especulativo
- CCC – Risco substancial
- CC – Risco muito alto
- C – Risco excepcionalmente alto
- D – Inadimplente
Nesse sistema de classificação, a nota mais baixa é a D. Ela representa alto risco de inadimplência. O grupo C, CC, CCC possui riscos altos.
Na sequência crescente, entra o grupo especulativo: B-, B, B+, BB-, BB e BB+. Se uma empresa ou país apresenta essas notas, quer dizer que ela possui problemas com o longo prazo e é menos estável.
As avaliações BBB-, BBB, BBB+ possuem, portanto, qualidade média de investimento e, por fim, as notas de maior grau de investimento seguro são A-, A, A+, AA-, AA, AA+ e AAA.
Fitch
Da mesma forma que as outras, essa agência atua em avaliação de risco de crédito há anos. Possui uma sede em Nova Iorque e outra em Londres.
Seus níveis de classificação são:
- AAA – Mais alta qualidade
- AA – Qualidade muito alta
- A – Qualidade alta
- BBB – Boa qualidade
- BB – Especulativo
- B – Altamente especulativo
- CCC – Risco substancial
- CC – Risco muito alto
- C – Risco excepcionalmente alto
Portanto, a metodologia da Fitch é bastante similar à da S&P, entretanto possui menos divisões e sua pior colocação é o grupo C, representando alto risco de crédito.
Qual a importância do rating para o investidor?
Segundo um dos sócios fundadores da gestora de recursos de terceiros Amazônia Capital, Diogo Figueiredo, as agências podem facilitar a vida dos investidores ao fazerem um estudo aprofundado dos emissores. “O trabalho das agências, de forma geral, é completo e cauteloso”, disse.
Entretanto, Figueiredo ainda afirmou que há fundos de investimentos locais e internacionais que têm regras rígidas em seu regulamento para aplicação apenas em ativos que tenham notas altas. “Estes fundos administram uma quantidade enorme de dinheiro, assim, as empresas emissoras se empenham para conseguir uma nota alta para entrar na mira destes fundos”, compartilhou.
Então, como é de se esperar, quanto menor o risco de um ativo, menor também será o retorno proporcionado por ele. “Quanto melhor a nota da empresa, menos juros ela vai pagar ao investidor, porque ela oferece menos riscos para honrar seus compromissos”, esclareceu Figueiredo.
Qual a importância do rating para os fluxos de capital?
Atualmente, o Brasil é avaliado em BB- por Fitch e S&P, enquanto a Moody’s o coloca em Ba2. “Vamos fazer uma analogia: o Brasil sendo BB é um ‘aluno nota seis’. Mas, um país AAA faria parte dos melhores alunos da classe.
Como há agentes no mercado mundial que não investem em países de notas medianas, o Brasil, portanto, acaba ficando fora da mira de de muitos fundos de investimentos importantes, atraindo menos recursos e tendo que pagar juros relativamente maiores”, explicou Hélio Kwon, sócio-fundador da Amazônia Capital.
Dessa forma, o fluxo de capitais destinado ao Brasil é muito menor que aquele dirigido aos países europeus, por exemplo. Assim, isso impacta o câmbio, a taxa de juros que o país emite e a negociação entre mercados.
“Hoje acredito que o Brasil está caminhando para o nível investment grade, por conta das várias reformas e propostas que estão acontecendo. O mercado já está antecipando que, em algum momento no futuro, o Brasil será um país menos arriscado e que esta nova realidade será eventualmente formalizada pelas agências de risco”, afirmou Figueiredo, com uma visão otimista para o país.
Entretanto, Kwon lembrou que as agências tendem a se movimentar com cautela. Ou seja, mesmo que as reformas tributárias e da previdência sejam aprovadas ainda neste ano, as agências tendem a esperar um pouco para terem certeza de que as reformas surtirão o efeito esperado e, ai sim, alterarem suas notas.