
Volatilidade menor e comportamento político mais previsível são duas possíveis tendências norte-americanas ao longo dos próximos quatro anos com a vitória de Joe Biden. O democrata foi declarado novo presidente dos Estados no último fim de semana e deve assumir a Casa Branca em 20 de janeiro. É o que indica uma análise divulgada nesta segunda-feira (09) pela RB Investimentos. A corretora diz que esse cenário deve favorecer diretamente as bolsas de valores e ativos de maior risco.
As perspectivas econômicas e políticas dependem ainda da conclusão das eleições no senado norte-americano, atualmente com maioria republicana. O documento aponta que governos divididos apresentam resultados menores de crescimento econômico.
De acordo com o levantamento do JP Morgan Asset citado pela RB, com o cenário de vitória de Biden com um eventual Senado republicano, “o S&P 500 deve ter um retorno que gire perto de 7,8% ao ano, e o PIB deve subir 2,8% no trimestre anualizado”.
Caso o cenário oposto se concretize e haja hegemonia democrata no Executivo e Legislativo, o retorno médio seria de 9,8% do S&P 500, que é um dos principais índices acionários dos EUA, e de 4% do PIB.
Pacote de estímulos
Outro ponto de atenção no novo governo e que também depende das eleições no Senado é o novo pacote de estímulos americano. O desenho de Biden, que prevê recursos na ordem de US$ 2 trilhões, dificilmente deve ser aprovado em caso de maioria republicana.
Porém, a RB prevê que, seja qual for o resultado dessas eleições, as discussões, já amplamente noticiadas e debatidas pelos mercados, devem avançar e podem afetar a economia brasileira e investidores nacionais.
“Mercados devem reagir positivamente ao tema, por conta da maior liquidez que ficará disponível. Com todo o programa econômico de Biden, o investidor brasileiro deve ficar atento a novas oscilações cambiais, desta vez em forma de apreciação cambial”, afirma o relatório, assinado pelo estrategista Gustavo Cruz. Para a corretora, o dólar sofrerá enfraquecimento no próximo ciclo econômico e o cenário de crescimento mundial será diversificado.
Análise setorial
O relatório traz ainda uma seleção de setores que podem ser afetados de maneira positiva ou negativa com a eleição de Biden. O destaque vai para a preservação ambiental, que deve receber uma série de propostas destinadas a sua incrementação.
Segundo a corretora, os planos do democrata, que já garantiu a recolocação dos EUA no Acordo de Paris, devem favorecer empresas do setor ambiental e prejudicar companhias ligadas ao petróleo e à emissão de gases do efeito estufa. A RB destaca que, ao escolher BDRs (Brazilian Depositary Receipts, certificados de empresas estrangeiras negociados na B3) e fundos internacionais, o investidor deve ficar atento a conjectura.
Outro segmento importante, a infraestrutura, que também era uma preocupação do governo Trump, “deve ser um dos focos do novo presidente”. “Mais uma vez, companhias fornecem material ou mesmo estão envolvidas em pesquisa e desenvolvimento do setor são bons ativos para ficar de olho no médio prazo”, diz a análise.
O setor da tecnologia, por outro lado, deve sofrer com regulação do tamanho e do funcionamento das corporações. Para a corretora, o movimento limitará o upside do setor, que esteve em destaque nos últimos anos.