A taxa de desemprego brasileira recuou de 13,7%, no trimestre móvel até julho, para 13,2%, no trimestre móvel até agosto, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (PNAD Contínua), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado foi melhor que o esperado pela XP e pelo consenso de mercado, de 13,4%. Descontados os efeitos sazonais (estimativas próprias), a taxa de desocupação declinou de 13,5% para 13,1% entre julho e agosto.
De acordo com o relatório assinado por Rodolfo Margato, economista da XP, pelas expectativas da corretora, tanto a população ocupada total quanto a força de trabalho avançaram em agosto.
"No primeiro caso, calculamos elevação mensal de 1,4% (totalizando 90,1 milhões de pessoas), o quinto resultado positivo consecutivo. Enquanto isso, a PEA (População Economicamente Ativa) exibiu alta de 0,6% no mesmo período, chegando a 103,8 milhões. A reabertura da economia tem propiciado uma recuperação gradual e consistente do nível de emprego desde meados do 2º trimestre", diz Margato.
O economista explica que, em agosto, a população ocupada e a força de trabalho estavam 4,3% e 2,3% abaixo dos respectivos níveis registrados antes da eclosão da pandemia.
"Caso a PEA estivesse no mesmo patamar de fevereiro de 2020, estimamos que a taxa de desemprego seria de 15,2% na leitura referente ao oitavo mês de 2021", afirma.
Rendimento real efetivo médio contrai 1,5%
Na passagem de julho e agosto, o rendimento real efetivo médio contraiu 1,5% e chegou a cerca de R$ 2.510/mês. Esse foi o terceiro resultado negativo seguido com base em cálculos mensais dessazonalizados da XP.
"Inflação persistentemente alta, ampla ociosidade no mercado de trabalho e mudanças na composição da população ocupada (participação crescente das categorias de emprego informal que, em média, possuem rendimentos mais baixos) explicam a manutenção do rendimento médio da economia brasileira em níveis deprimidos", diz.
O indicador está cerca de 4% aquém dos patamares vistos antes da pandemia de Covid-19.
Com isso, a massa de rendimento real efetiva – que combina rendimento médio com população ocupada – ficou praticamente estável em agosto (queda de 0,2% ante julho, interrompendo uma sequência de cinco leituras positivas na margem).
A variável está 6,2% abaixo dos níveis observados no início de 2020.
Informalidade
As categorias de emprego informal acompanhados pela PNAD Contínua permanecem em rota de recuperação, na esteira da redução das restrições de mobilidade e retomada do setor de serviços.
Segundo as estimativas da XP, a população ocupada sem carteira assinada teve expansão de 2% entre julho e agosto, a quinta alta consecutiva.
Com isso, o nível de emprego informal totalizou 39,3 milhões de pessoas, cerca de 1,2 milhão abaixo do contingente registrado antes da pandemia.
Emprego formal
Por sua vez, a população empregada formal cresceu 0,7% no mesmo período, somando 50,8 milhões (havia cerca de 53,5 milhões de trabalhadores com carteira assinada antes do surto da Covid-19).
Projeções
A XP estima que a taxa de desemprego encerrará 2021 a 12,6%, de 14,7% em 2020, com base na série dessazonalizada.
Para o final de 2022, por sua vez, a XP vê a taxa de desocupação em 12,2%.
"Para as médias anuais, prevemos 13,7% e 12,4%. A nosso ver, a desaceleração (acentuada) da atividade econômica esperada para o decorrer de 2022 impedirá um recuo mais expressivo da taxa de desemprego brasileira", afirma Margato.
A XP também divulgou suas novas projeções para o PIB. Para 2021, há a estimativa de crescimento em 5,0%; já para 2022, a expansão deve ser de 0,8%.
Com informações de Agência Fato Relevante.