O medo de volta da recessão na Europa após dados mais fracos de atividade na Alemanha e o aumento da tensão entre o governo de Jair Bolsonaro e o Congresso, ameaçando a reforma da Previdência, provocaram uma forte aversão ao risco dos investidores, que fugiram da bolsa e procuraram abrigo no dólar. O Índice Bovespa fechou aos 93.735 pontos, em baixa de -3,10%, a segunda maior queda em um dia registrada pelo índice no ano, atrás apenas dos 3,7% de 6 de fevereiro. Com isso, o índice acumulou uma perda de -5,45% na semana, resultando em uma queda de -1,93% no mês, +6,65% no ano e +10,58% em 12 meses.
Já o dólar comercial avançou para R$ 3,9010, alta de +2,66%, acumulando variações de +2,12% na semana, +3,94% no mês, +0,67% no ano e +17,93% em 12 meses.
O risco-país no exterior também sofreu o impacto da piora dos cenários interno e externo, com o Credit Default Swap (CDS) Brasil subindo para 1,77 ponto percentual, ante 1,63 da véspera.
O dia começou com baixa generalizada, com o índice de gerentes de compras (PMI) industrial da Alemanha em forte baixa. A retração, confirmada pelo PMI da Zona do Euro, provocou uma busca por proteção que vez o juro dos títulos de 10 anos do Tesouro alemão ficar com juros negativos. As bolsas sofreram o impacto, e o Índice Stoxx 600 perdeu 1,22%. O DAX, da Alemanha, perdeu 1,61%, o CAC, de Paris, 2,04% e o Financial Times, de Londres, 2,01%.
O nervosismo dos investidores aumentou com os dados da economia americana medidos pelo PMI de março, que caiu para 52,5, o menor nível em 21 meses, abaixo dos 53,0 de fevereiro e dos 53,5 esperados pelo mercado. Os estoques do atacado nos EUA também subiram 1,2% em janeiro, um sinal de alerta.
Nos EUA, o Índice Dow Jones perdeu 1,77%, o S&P 500, 1,90% e o Nasdaq, 2,50%.
Estrangeiros trouxeram R$ 1,3 bi na quarta
No Brasil, o índice segue se distanciando dos 100 mil pontos atingidos na segunda-feira, apesar da entrada de estrangeiros. No dia 20 de março, segundo o BB Investimentos, houve entrada líquida de capital estrangeiro de R$ 1,330 bilhão, acumulando ingresso de R$ 3,787 bilhões em março. Assim, o saldo positivo no ano situa-se em R$ 2,693 bilhão.
Tensão política aumenta e Maia lava as mãos
No cenário político, a tensão aumentou entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e representantes do governo Bolsonaro. Depois do confronto com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, em torno do projeto anticorrupção, que Maia quer deixar para depois da votação da Previdência, as declarações do filho de Bolsonaro, Carlos, no Twitter, provocando o presidente da Câmara, acirraram ainda mais os ânimos. Maia não gosto também de ser chamado de “achacador” por apoiadores de Bolsonaro e agora afirma que não vai mais fazer articulação política para o governo, e que a função de conseguir votos é do presidente Bolsonaro. Segundo Maia, o presidente deve se dedicar menos ao Twetter e mais à articulação com os parlamentares.
Prisão de Temer complica ambiente
Além disso, há a piora do ambiente político após a prisão do ex-presidente Michel Temer e de seu ministro, Moreira Franco, que foi vista como uma forma dos procuradores da Laja Jato darem uma resposta ao Supremo Tribunal Federal (STF), que na semana passada decidiu que os casos de corrupção envolvendo caixa 2 devem ir para a Justiça Eleitoral. A prisão antes do julgamento e da condenação de dois dos mais influentes parlamentares do MDB aumentou o espírito de corpo dos políticos, que não gostaram também das comemorações de integrantes do governo e da família Bolsonaro.
A expectativa agora é com a volta do presidente da viagem ao Chile e à forma como ele vai tratar das várias crises políticas que surgiram. O fim de semana deverá ser de muita articulação política e conversa para apaziguar os ânimos e abrir espaço para a escolha do relator da reforma da Previdência e a retomada das discussões. Vai ser preciso muito churrasco para acalmar os ânimos.
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