Os proprietários da marca Soldiers, autodenominados “reis da creatina“, estão no centro de uma investigação da Polícia Civil que resultou na apreensão de toneladas de suplementos alimentares.
A defesa do grupo questiona a validade das acusações, apontando falhas nos relatórios policiais e o uso de informações do site de reclamações Reclame Aqui como base para as ações.
O Início da investigação
A operação teve início em 10 de outubro, quando uma loja da Soldiers, localizada em um shopping na Zona Leste de São Paulo, foi alvo de buscas. Na ocasião, documentos fiscais, um celular e quatro potes de suplementos foram apreendidos.
Posteriormente, as buscas se expandiram para endereços relacionados à produção e distribuição dos produtos. Em Jundiaí, uma empresa de envase foi lacrada pela Vigilância Sanitária devido à falta de contratos e documentação formal.
Outro galpão na Zona Leste de São Paulo foi alvo de mandado, resultando na apreensão de centenas de paletes de suplementos.
A Polícia Civil alega que os produtos apreendidos não possuem a documentação necessária para a produção e que o grupo Soldiers estaria envolvido em falsificação ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Defesa do Soldiers contesta fundamentação
A defesa do grupo Soldiers questiona os fundamentos da investigação, especialmente o uso de links do site Reclame Aqui para justificar as buscas.
Além disso, os advogados afirmam que a operação teve origem em outra investigação, de uma empresa concorrente, mas que a eles foi negado acesso aos documentos desse processo.
Em nota, o grupo Soldiers declarou que todos os locais vistoriados pertencem a prestadores de serviços independentes, negando vínculo societário ou irregularidades. Também reforçou que possui todas as licenças necessárias para operar.
O Ministério Público de São Paulo solicitou mais clareza sobre os crimes investigados. Em relatório datado de 19 de novembro, a promotora responsável destacou lacunas nos documentos apresentados pela polícia.
“Deverá a autoridade policial esclarecer os crimes investigados, quando foram praticados, quem são as supostas vítimas, bem como demais circunstâncias que permitam delimitar o objeto da investigação”, afirmou o relatório.
A Polícia Civil informou que aguarda o laudo técnico dos produtos apreendidos para determinar sua composição e eventuais irregularidades.
Soldiers Nutrition: crescimento sob suspeita
Um dos pontos levantados pela investigação é o crescimento acelerado da marca Soldiers. Em entrevista aos investigadores, o CEO Yuri Abreu afirmou que a empresa faturou R$ 150 milhões em 2023, com projeção de R$ 250 milhões para 2024.
Para a polícia, esses números se destacam em um cenário econômico adverso e podem indicar irregularidades.
Os sócios Yuri Abreu e Fabiula Freire, que também se autodenominam “rei e rainha da creatina”, somam mais de 300 mil seguidores nas redes sociais, onde compartilham momentos de luxo e celebram o crescimento da marca.
Enquanto aguarda o resultado dos laudos periciais, a investigação segue apurando indícios de que o grupo Soldiers teria criado empresas fictícias para burlar sistemas de fiscalização, configurando um suposto cartel.
A defesa, por sua vez, reafirma a legalidade das operações da Soldiers e alega que até o momento não há indícios concretos de irregularidades.
Em nota à imprensa, a Soldiers Nutrition afirmou que a operação policial foi baseada em “um equívoco” e destacou que nenhuma irregularidade foi apontada até agora. A empresa também lembrou que seus processos passam por auditorias regulares da Vigilância Sanitária.
Com informações de CNN.