Com a crise do coronavírus que assola o mercado desde o início de março, muitas pessoas que entraram na renda variável durante o bull market correram de volta para a renda fixa. Com a busca de maior liquidez e menores riscos, a velha caderneta de poupança, por exemplo, bateu recorde de captação para o mês: R$12,2 bilhões, segundo dados do Banco Central.
Mas nem só de aversão às perdas vive a renda fixa. A classe também oferece ativos que podem ser rentáveis a médio e longo prazo. Com um déficit fiscal maior do governo, por conta das medidas econômicas para combater a pandemia, a taxa de juros tende subir no futuro.
“O Tesouro LTN, por exemplo, tem prefixados que com taxas acima de 5%”, aponta Luís Barone, sócio-diretor da Ativa Investimentos. “E em não tão longo prazo, de 2 a 3 anos. É uma oportunidade com relativa segurança e rentabilidade”.
Outra opção são os fundos de renda fixa, ou seja, portfólios que têm pelo menos 80% do patrimônio alocado em títulos atrelados à variação da taxa de juros.
“Eles também sofreram bastante no último mês”, aponta Eduardo Montalban, estrategista de renda fixa da Planner Corretora. “Mas estão com preços bons e com um carregamento bastante atraente, de 130% a 140% do CDI, para quem permanecer a médio e longo prazo”.
Riscos? Todos os investimentos têm
A ideia de que não há nenhum risco ao investir em renda fixa é equivocada, apesar de eles serem menores do que os de renda variável. “Também existe volatilidade nessa classe de ativos”, explica Aline Malinowski, assessora de investimentos na Criteria. Os NTN-B, também chamados de Tesouro IPCA, são um exemplo: sofrem oscilações diárias, pois sua rentabilidade depende também da inflação.
Para ter previsibilidade, os títulos de Letra Financeira do Tesouro Nacional são uma boa pedida, diz Eduardo Montalban. “O rendimento é a taxa diária, que segue a Selic, e apresenta menos riscos”.
E, quando a crise chegar ao seu fim, as indefinições também serão menores, afirma João Baptista Peixoto Neto, sócio-diretor da Ouro Preto Investimentos. “Aí vão surgir bons papéis de crédito privado”, diz. “CRIs, CRAs e Fundo de Investimento em Direitos Creditórios de empresas que se fortaleceram”.
Por enquanto, o recomendado é apertar o cintos. “Você nunca realiza a perda até vender ativos”, aconselha Aline Malinowski. “O que houver em suas mãos, segure”.