Recomendações

Renda fixa ou dividendos? Veja o que o Banco Inter recomenda como melhor investimento para 2022

Alta da Selic a 9,25% ao ano não impede que algumas empresas paguem dividend yeld acima da taxa básica de juros no ano que vem e ainda há possibilidade de valorização dos papéis, segundo analistas

- Divulgação
- Divulgação

Apesar do momento ruim nos preços de tela, as empresas de capital aberto na B3 (B3SA3) divulgaram lucros consideravelmente maiores no terceiro trimestre deste ano.

O aumento de 125% em relação ao mesmo período do ano anterior foi suportado pela alta das commodities. Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3; PETR4) representam 40% desse volume.

E não foi só no período de julho a setembro. O primeiro semestre do ano também apresentou desempenho similar, com as grandes empresas ligadas à exportação beneficiadas pelo câmbio favorável.

Mas ainda faz sentido investir em dividendos após o aumento recente dos juros? 

Segundo o Banco Inter (BIDI11), antes de tudo, o investidor precisa estar atento ao seu perfil. Para aquele que gosta da renda variável e suporta volatilidade (atento ao fato de que ela costuma ser maior em ano eleitoral), uma carteira diversificada que favoreça os dividendos surge como uma melhor opção.

Por outro lado, o investidor que opta por menos variações na carteira e prefere ter uma projeção de ganhos mais palpável, deve diversificar seus ativos com maior concentração nos títulos de renda fixa e assim aproveitar os atuais níveis da Selic (9,25% ao ano). 

Os analistas observam que a taxa básica de juros atual faz o Ibovespa alcançar 7,8% de dividend yield ao ano, apesar de que a subida da Selic atinge negativamente o mercado de capitais.

"Observa-se o aumento do custo da dívida e do funding, o enfraquecimento da demanda e a migração para outros mercados e/ou títulos de renda fixa. Esses fatores acabam por contrair os lucros das empresas e, consequentemente, os dividendos futuros. Entretanto, esse cenário pode estar com prazo contado", dizem.

Os analistas dizem que a Selic também sinaliza que a taxa de juros deve retornar a patamares mais baixos após controlada a inflação. Ou seja, os dividendos são favoritos para o longo prazo.

Analistas do Inter respondem a essa pergunta com o panorama dos dividendos na Bolsa, setor por setor.

De acordo com o relatório assinado pela equipe de Research, algumas empresas podem pagar dividend yeld acima da Selic em 2022 e ainda com possibilidade de valorização dos papéis. 

Veja

Siderurgia e Mineração

As expectativas para o setor em 2022 seguem positivas, com empresas como Vale (VALE3) e CSN Mineração (CMIN3) ainda em situação confortável, com forte geração de caixa e mantendo seus planos de geração de valor via distribuição de proventos ou recompra de ações.

Porém, os analistas ressaltam que não deve-se esperar os níveis recordes observados em 2021, uma vez que os preços do minério de ferro devem
sofrer correções do atual patamar, bem como a demanda chinesa pela commodity deve ser amenizada, em virtude do menor ritmo de produção siderúrgica no país, apesar da volta de alguns estimulos por lá.

Óleo e Gás

A Petrobras (PETR4), uma das maiores produtoras mundiais de petróleo e gás, desde a mudança de gestão, tem apresentado resultados positivos.

A companhia, que em 2015 chegou a reportar uma dívida bruta de mais de US$ 126 bi, no terceiro trimestre deste ano conseguiu atingir sua meta de reduzir sua alavancagem para abaixo de US$ 60 bi (15 meses antes do planejado), através de uma forte geração de caixa e desinvestimentos em seus negócios non-core.

O Inter ressalta que essas iniciativas possibilitam o cumprimento de seu plano estratégico, que sugere uma distribuição em torno de US$ 65 bi
em dividendos nos próximos cinco anos (em consideração ao cenário de um preço do barril Brent em US$ 55).

Para efeito de comparação, a empresa atualmente possui um market cap de aproximadamente US$ 70 bi, o que implicaria em um retorno sobre o capital investido pelo acionista, apenas em dividendos, em somente 5 anos.

Serviços Financeiros

Diante de várias regras do Conselho Monetário Nacional (CMN), houve a limitação das instituições financeiras de distribuírem dividendos
além do mínimo obrigatório naquele exercício.

Em 2021, com o favorecimento aos serviços devido à retomada gradual das atividades, menores despesas com provisões, além de um bom momento do crédito no varejo e a consequente recuperação da lucratividade dos bancos, os níveis de payout avançaram.

Analistas esperam que em 2022, à medida que os bancos recuperem seus níveis de capital, maiores payouts podem ser pagos, mas ressaltam um desafio de aumento na inadimplência para o ano que vem e desaceleração do crescimento do crédito, principalmente no varejo com a alta dos juros.

"Apesar disso, o setor deve seguir em destaque entre os maiores pagadores de proventos, resultado de uma indústria com altos níveis de rentabilidade se comparados aos pares globais, por conta da ainda alta concentração bancária, alta taxa de juros e por consequência maiores spreads do setor", dizem.

Elétrico

Com a estagnação do crescimento econômico e o arrefecimento das commodities, 2022 pode ser um ano mais desafiador para o setor, segundo o Inter.

Ao observar 2021, recortes precisam ser feitos para entender a lucratividade das empresas. Do lado da oferta, a crise hídrica afetou bastante o setor como um todo.

A má hidrologia do final de 2020 até os setembro deste ano se desdobrou em um comprometimento na capacidade de geração elétrica das usinas hídricas, afetando tanto a geração natural, via vazão dos rios, quanto os reservatórios.

Os efeitos foram diversos, como:

(i) a necessidade do aumento do despacho térmico, energia mais cara, que eleva os custos de todo o sistema e promove aumento do preço de energia na ponta final;

(ii) medidas excepcionais, como por exemplo criação da Bandeira de Escassez Hídrica, entre outros.

Entre o final do ano passado e em torno de outubro, a indústria seguiu com bons volumes, principalmente as ligadas à extração mineral e de celulose.

Diante deste cenário, as empresas se comportaram de formas diferentes. As companhias ligadas a geração hídrica observaram uma queda na lucratividade, pressionadas pela menor disponibilidade de água.

Já as empresas com usinas térmicas, observaram um maior volume despachado ao longo de todo o ano. O Inter entende que essa situação deve se reverter em 2022, principalmente com uma melhora do período úmido.

Por fim, em distribuição, houve crescimento do volume, que se desdobra em elevação do faturamento. 

Frigoríficos

As empresas de frigoríficos também devem atravessar cenários desafiadores no ano que vem, segundo o Inter. Perda do poder de compra da população e incertezas do período eleitoral prejudicarão a rentabilidade do mercado interno, para os analistas.

Neste ano, as companhias do setor reportaram resultados recordes, principalmente em razão da elevada demanda chinesa, volta das atividades nos Estados Unidos e aumento do preço das proteínas, que foi acompanhado de uma desvalorização do real frente ao dólar para o mercado doméstico.

Com lucro acumulado, as companhias do setor inauguraram o ranking de maiores pagadoras de proventos do ano. De fora ficou a BRF (BRFS3), que congelou a sua distribuição até 2023.

Para o Inter, destacam-se as companhias que possuem atividades nos Estados Unidos, como a JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3), que obtiveram retornos superiores as demais por se beneficiarem das vantagens do cenário norte americano, que conteve estímulos do ciclo positivo da pecuária, volta do food service e incentivos do governo.

A recente suspensão do embargo chinês contribui para o setor não deve compensar, já que houve a volta gradativa da produção doméstica de carne suína na China, que pode diminuir a sua demanda por proteínas o que tende a reduzir a receita do ano para as companhias exportadoras.

Nos Estados Unidos, há a tendência de que o consumo volte a valores similares ao cenário pré-pandemia.