Roraima continua sendo abastecida por usinas termelétricas

Mesmo com o retorno da energia elétrica na Venezuela, o estado de Roraima, cuja maior suprimento elétrico é feito pelo país vizinho, segue abastecida por usinas térmicas. De acordo com a Roraima Energia, subsidiária da Eletrobras responsável pela distribuição de energia no estado, não há previsão de que Roraima retome o suprimento energético da Venezuela.

Desde o apagão na última quinta-feira (7), que deixou cerca de 90% do país sem energia, incluindo Caracas, o abastecimento de energia em Roraima está a cargo de cinco usinas termelétricas.

Roraima é o único dos 27 estados brasileiros desconectados do sistema elétrico nacional. Metade de seu suprimento de energia vem da usina hidrelétrica de Guri, através de uma linha de transmissão inaugurada em 2001 pelos então presidentes Hugo Chávez e Fernando Henrique Cardoso.

Antes do apagão, a importação de energia elétrica da Venezuela era de apenas 30 MW (megawatts) durante o dia, e o resto é suprido por usinas térmicas brasileiras. À noite, o volume aumentava para 120 MW.

Com o novo cenário, a Roraima Energia avalia que o acionamento das termelétricas consome diariamente cerca de um milhão de litros de óleo combustível. Para dar conta da demanda, uma operação logística foi montada pelo Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica para levar caminhões com diesel para as usinas.

A Roraima Energia estima que mesmo que o abastecimento diário fosse suspenso, o combustível armazenado é suficiente para manter as usinas funcionando por oito dias. A Aneel fala em dez.

“Dez dias é a reserva operativa (capacidade de estoque de combustível) para a ausência de reabastecimento, prevista na Portaria MME n° 483, de 14/12/2017. No caso de operação em capacidade máxima deverá haver utilização da reserva operativa e suprimento em contingência para repor os volumes dessa reserva operativa”, informou a Aneel.

Custo

Contudo, o acionamento das térmicas faz com que o preço da eletricidade tenha um custo muito mais alto do que a linha de conexão para a Venezuela, cuja geração é hidrelétrica. Esse impacto é absorvido por um subsídio nas contas de luz, a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC).

Segundo estimativas da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o aumento no subsídio para dar conta do custo anual de operação do sistema Boa Vista, com e sem a importação da Venezuela, seria de aproximadamente R$ 684 milhões.

Linhão

A solução estrutural para o abastecimento de energia em Roraima é ligar o estado ao sistema elétrico nacional. A medida depende da construção do linhão de transmissão Manaus-Boa Vista, o chamado linhão de Tucuruí. Licitado em 2011, o projeto ainda está em processo de licenciamento ambiental, em razão de um impasse envolvendo os índios waimiri-atroari, que habitam a região. O motivo é o traçado previsto para o linhão. Dos 721 quilômetros da malha, cerca de 123 quilômetros passam dentro da Terra Indígena Waimiri-Atroari.

No último dia 27, o governo resolveu declarar o linhão um empreendimento de infraestrutura de interesse da política de defesa nacional. Com a declaração de interesse nacional, em tese, o governo pode acelerar as etapas para que o projeto receba o licenciamento ambiental. A intenção do governo é que as obras de construção do linhão tenham início a partir do dia 30 de junho.

Venezuela

Depois do apagão, a energia elétrica na Venezuela começou a retornar no domingo (10), gradualmente e de maneira parcial, em bairros de Caracas e vários estados. Na tarde desta terça-feira (12), o ministro de Comunicação e Informação da Venezuela, Jorge Rodriguez, informou que o serviço de energia elétrica tinha sido restaurado em quase todo o país.

Mesmo com o retorno da eletricidade, o presidente Nicolás Maduro anunciou hoje (12) que as aulas permanecerão suspensas até amanhã (13), até que o serviço elétrico esteja normalizado.

No domingo, a organização não-governamental (ONG) Codevida, que atua na Venezuela, informou que 15 doentes renais morreram nos últimos dias no país, em decorrência da falta de diálise.

Maduro culpou os Estados Unidos pelo apagão e disse que “ataques cibernéticos” ocorreram por intermédio de pessoas infiltradas na empresa estatal de energia Corpoelec. Segundo ele, o objetivo é desestabilizar seu governo por meio de sabotagem cibernética.