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Ruídos entre Lula e o mercado, serviços no Brasil e Covid-19 na China: as notícias de hoje (11)

Fique por dentro dos principais assuntos que movimentam os negócios no Brasil e no exterior nesta sexta-feira

Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente eleito - Rovena Rosa, para a Agência Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente eleito - Rovena Rosa, para a Agência Brasil

Fique por dentro dos principais assuntos que movimentam os negócios no Brasil e no exterior nesta sexta-feira (11):

Brasil

Transição, ruídos fiscais e repercussões

“Nunca vi um mercado tão sensível, fica nervoso à toa”, disse Lula, que abusou da sorte ao mostrar tamanho descaso com a responsabilidade fiscal, como se o compromisso com a dívida social fosse o único que importa.

Afundou a bolsa, disparou o dólar, os juros futuros e brincou… “Podem ficar tranquilos”.

No início da noite, o senador Marcelo Castro (MDB-PI) confirmava a proposta para tirar do teto os gastos com o Bolsa Família. “Para sempre.”

No primeiro drible do novo governo ao Orçamento, o relator antecipou que, além de tirar o Bolsa Família do teto, “podemos excepcionalizar ainda 2% de receitas extraordinárias, como bônus de petróleo, também de forma permanente”.

Castro confirmou que a PEC vai criar um espaço fiscal de R$ 105 bilhões para outras despesas. Esse era o montante previsto para cobrir o Auxílio Brasil de R$ 400,00 na peça que foi enviada ao Congresso Nacional pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Segundo ele, os gastos com esse excedente serão discriminados, “o governo vai especificar item por item onde vai gastar cada centavo”. A tramitação da PEC deve ser rápida. Pode passar no mesmo dia na CCJ e no plenário do Senado.

Marcelo Castro falou com os jornalistas após sair de reunião na residência oficial do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que também contou com a presença do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) e vários líderes partidários.

Davi Alcolumbre (União Brasil), Carlos Fávaro (PSD), Alexandre Silveira (PSD), Izalci Lucas (PSDB), Eduardo Braga (MDB), Randolfe Rodrigues (Rede), Weverton Rocha (PDT), Paulo Rocha (PT-PA), além de Aloizio Mercadante (PT) e Wellington Dias (PT).

As costuras políticas para aprovação da PEC seguem firmes, inclui não apenas o compromisso de Lula de não interferir nas eleições da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, mas também a disposição de negociar o famigerado orçamento secreto.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede) disse que Lula vai tentar construir uma saída política e não judicial para as chamadas emendas do relator (RP-9), e que estaria “disposto a dialogar com o Congresso para buscar uma solução”.

O presidente eleito deve apenas tentar reduzir o valor do orçamento secreto, que alcançou R$ 19,0 bilhões em 2023.

Um trecho da fala de Lula pegou o mercado, quando ele questionou por que as pessoas seriam levadas a sofrer para garantir “a tal da estabilidade fiscal”. “Por que toda hora as pessoas falam ser preciso cortar gastos, fazer superávit?”. “Por que as mesmas pessoas que discutem teto de gastos com seriedade não discutem a questão social neste País?”.

O discurso pode ser relevado no palanque, mas Lula já se elegeu e suas palavras têm consequências, sobretudo em meio à indefinição da política econômica do PT e do nome do novo ministro da Fazenda, que continua guardado a sete chaves.

No final do dia, Lula estava aborrecido com a reação negativa do mercado, segundo o Broadcast Político, mas não disse se poderia aceitar o conselho de Tebet para antecipar as linhas econômicas de seu futuro governo e o novo ministro.

O discurso de Lula aos líderes partidários que o apoiaram na campanha eleitoral, no meio da tarde, somou-se aos comentários de Henrique Meirelles em evento organizado pelo BTG Pactual (BPAC11) para botar fogo na palha seca.

O ex-ministro, que também apoiou o candidato petista, mas não foi chamado à equipe de transição, fez uma avaliação pessimista sobre os sinais que Lula tem dado. Disse que ele tem 65% de chance de estar “em direção a Dilma”.

Para Meirelles, Lula fez “a opção mais fácil, de agradar lá dentro” e que o vice-presidente, Geraldo Alckmin, chamou André Lara Resende e Persio Arida com o compromisso de que “eles teriam condições de influenciar mais à frente”.

Procurado pelo Estadão, Meirelles disse que alguém vazou uma fala dele de forma enviesada, que Lula ainda está no “modo campanha” e “temos de aguardar a definição dos nomes para ter uma visão mais clara da política econômica”.

O ex-ministro admitiu, no entanto, que existe no PT uma linha de pensamento que defende maior investimento público sem muita preocupação porque geraria receitas. Para ele, seria possível aumentar gastos, desde que se faça um ajuste depois.

Bombeiro de plantão, Alckmin fez postagem em suas redes sociais na noite de ontem e garantiu que “responsabilidade fiscal e social andarão juntas mais uma vez, como Lula já provou saber fazer".

Lula e Alckmin viajaram ontem (10) à noite para São Paulo, sem a publicação do texto da PEC, que pode ficar para a semana que vem, e prolongar assim as incertezas. O mercado até pode melhorar, mas agora vai querer ver para crer.

No começo da tarde, a presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), disse não saber o que na fala do presidente eleito causou toda essa repercussão do mercado.

“Não sei o que o presidente Lula falou que pudesse ter uma variação tão grande de sentimento de mercado”, disse Gleisi Hoffmann. “Aliás, hoje todos indicadores voltaram à normalidade, o que mostra que foi um movimento especulativo, o que é muito ruim para o país", disse a deputada.

(Reuters)

Fernando Haddad no Ministério da Fazenda?

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca para participar da COP-27, no Egito, na próxima segunda (14). Na comitiva que acompanha o petista, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, vai estar presente.

De acordo com a apuração do jornalista Guilherme Bauza, para o jornal GloboNewsMais, da GloboNews, Lula pode confirmar a nomeação de Haddad para o Ministério da Fazenda durante a viagem.

Gabriel Galípolo passou a ser o nome mais cotado para assumir a presidência do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, concedeu uma entrevista exclusiva ao telejornal ancorado por Tiago Eltz e Julia Duailibi. Ele pediu adiamento de eleição do BID e afirmou que não vai ser ministro no futuro governo Lula.

Veja:

Banco Central

Às 10:30, os diretores do BC Diogo Guillen (Política Econômica) e Fernanda Guardado (Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos) têm a terceira reunião trimestral com economistas do mercado financeiro.

Na quinta-feira (10), nos primeiros encontros, executivos mostraram preocupação sobre a política econômica e, sobretudo, a fiscal. Houve até mesmo quem defendesse que, ao invés de cortar, que o Copom tenha que subir a Selic no ano que vem.

Esta percepção não foi consensual, mas só de ter sido trazida à tona revela o grau de receio de uma deterioração das contas públicas, em meio às manobras fura-teto e à demora no anúncio de um nome com credibilidade à Fazenda.

Às 11:45, Campos Neto (BC) faz palestra no evento online “O Cenário Econômico e a Agenda BC#”, do CFA Society Brazil.

Campos Neto falou que a autonomia do Banco Central segue e que vai trabalhar com o novo governo.

Com relação a reação do mercado após as falas do presidente eleito Lula, Neto disse que o ponto seria se vai atender tanto o social e o fiscal ao mesmo tempo.“Essa a equação que o novo governo precisa resolver e o Banco Central está disposto a trabalhar junto”, disse.

“Se não tiver equilíbrio fiscal e começar a afetar as outras variáveis, vai achar um gasto adicional muito maior vai ajudar a sua causa de gerar emprego e atender a população carente, mas na realidade pode ter efeito oposto”, afirmou.

“Se você desorganiza o mercado, diminui investimento, gera instabilidade, acaba gerando desemprego”, concluiu o presidente da autoridade monetária.

(Bom Dia Mercado e Reuters)

Edinho Silva fala ao mercado

 

Reforma Trabalhista

A reforma trabalhista completa cinco anos nesta sexta-feira (11). Veja a reportagem especial do g1 sobre o tema aqui.

CadÚnico

O prazo para atualização das informações do Cadastro Único (CadÚnico) se encerra nesta sexta-feira (11).

Indicadores Econômicos

Serviços – O volume de serviços cresceu 0,90% na passagem de agosto para setembro, quinto resultado positivo seguido, com ganho acumulado de 4,90%.

Com isso, o setor não só ampliou o distanciamento em relação ao nível pré-pandemia, já que se encontra 11,8% acima de fevereiro de 2020, como alcançou o patamar mais elevado da série histórica iniciada em 2011, e superou novembro de 2014.

Em relação a setembro de 2021, o volume de serviços avançou 9,70%, décima nona taxa positiva consecutiva.

Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgada, nesta sexta-feira (11), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No acumulado do ano, o volume de serviços subiu 8,6% frente a igual período de 2021.

O acumulado nos últimos doze meses passou de 9,0% em agosto para 8,9% em setembro, mantendo a trajetória descendente iniciada em abril de 2022 (12,8%).

Icei – O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) recuou 8,5 pontos entre outubro e novembro de 2022 e chegou em 51,7 pontos. Esse foi o segundo mês consecutivo de piora da confiança, após sucessivos avanços de otimismo do setor industrial ao longo do ano.

Os dados foram divulgados hoje (11) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).(Agência Brasil)

Raça e a renda média salarial – Estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado hoje (11) mostra a cor como fator relevante na diferenciação do rendimento mensal médio dos trabalhadores no país em 2021.

De acordo com o levantamento, os brancos ganham R$ 3.099 em média. Esse valor chega a ser 75,7% maior do que o registrado entre os pretos, que soma R$ 1.764. Também supera em 70,8% a renda média de R$ 1.814 dos trabalhadores pardos. (Agência Brasil)

Jogos da seleção na Copa do Mundo – O Diário Oficial da União publica, nesta sexta-feira (11), portaria do Ministério da Economia com orientações aos órgãos e entidades integrantes da administração pública federal direta, autárquica e fundacional sobre o expediente nos dias de jogos da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo 2022.

Veja detalhes aqui. (Agência Brasil)

EUA

Janet Yellen – A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse à Reuters nesta sexta-feira (11) ser bom ver os últimos dados de inflação do país que sugerem a diminuição das pressões ascendentes, mas acrescentou que ainda não ficou claro se a inflação atingiu um ponto de virada para permanecer em queda. 

A declaração surge um dia após a divulgação de que o índice de preços ao consumidor dos EUA registrou em outubro o menor nível desde janeiro, a uma taxa anual de 7,7%. (Reuters)

Ásia

China – Pequim revelou o maior recuo até o momento em sua rigorosa política Covid Zero, provocando uma valorização das ações e ganhos acentuados na moeda do país.

O índice MSCI Ásia-Pacífico subiu até 5,1% na sexta-feira, e pavimentou o caminho de seu primeiro ganho semanal consecutivo desde agosto.

Os mercados acionários asiáticos fecharam com alta expressiva, com o índice Hang Seng, de Hong Kong, em alta de 7,74%, o indicador acionário de Xangai ganhou 1,69% e o índice japonês Nikkei avançou 2,98%.

As ações de fabricantes de chips dispararam, em impulso aos índices de referência em Taiwan, Coreia do Sul e Japão. 

Os ganhos foram uma reação imediata ao anúncio de que a China reduziu o tempo que os viajantes e seus contatos próximos passem em quarentena. O país ainda abandonou a exigência de testes para a doença. Além disso, as autoridades removeram um sistema controverso que penaliza as companhias aéreas por trazerem casos do vírus para o país.

(Bloomberg)

Europa

BCE – Três autoridades do Banco Central Europeu com posicionamento mais duro pediram na quinta-feira (10) o aumento dos juros para um nível que enfraqueça o crescimento a fim de conter a alta dos preços, que eles disseram estar em risco crescente de se enraizar na zona do euro. (Reuters)

Reino Unido – A produção econômica encolheu em 0,2% no terceiro trimestre, contra previsão de analistas de contração de 0,5% em uma pesquisa da Reuters, mostraram dados oficiais desta sexta-feira. (Reuters)

União Europeia – A Comissão da UE previu que a economia da zona do euro vai crescer 3,2% este ano, mais do que os 2,7% previstos em julho, mas depois vai haver desaceleração acentuadamente para 0,3% no próximo ano, bem abaixo da previsão de julho de 1,4%, antes de se recuperar 1,5% em 2024 .

Mas a forte desaceleração dificilmente vai afetar os empregos: a Comissão prevê que a taxa de desemprego suba para 7,2% no próximo ano, de 6,8% este ano, antes de cair para 7,0% em 2024.

Além disso, o déficit orçamentário agregado da zona do euro pouco vai aumentar, a 3,7% do PIB em 2023, de 3,5% observados este ano e depois caindo novamente para 3,3% em 2024.

A dívida pública deve continuar em queda para atingir 92,3% do PIB no próximo ano, de 93,6% neste ano e chegar a 91,4% em 2024.

A inflação, embora ainda alta, também vai desacelerar para 6,1% na zona do euro em 2023, de 8,5% este ano, e cair ainda mais para 2,6% em 2024, disse a Comissão. (Reuters)