O Banco Safra decidiu elevar o preço-alvo das ações de Tim (TIMS3) para R$ 20,80 (de R$ 18,00 anteriores), com recomendação de compra, após incorporar os ativos móveis da Oi (OIBR3)(OIBR4) em projeções e estimar potenciais sinergias decorrentes desses negócios.
Por volta das 10:42 desta quinta-feira (10), as ações TIMS3 caíam 1,27%, a R$ 13,95.
Não foi apenas a Tim (TIMS3) que adquiriu os ativos móveis da Oi. Claro e Vivo (VIVT3) também realizaram aquisições, mediante a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Análise dos remédios propostos
Para a medida ser efetivada, o órgão exigiu contrapartidas como a venda de parte dos ERBs (Estações de Radio Base – Antenas) da Oi, remédio estrutural que foi incluído no novo acordo da semana passada, e a necessidade de cumpri-los antes da conclusão do negócio.
A votação no Cade foi estreita e o presidente do órgão usou seu voto de desempate a favor da venda. Lembramos que o negócio já havia recebido anuência prévia da Anatel na semana anterior.
Em relatório, o Safra ressaltou ainda que a Tim (TIMS3) se tornou uma referência de ultra banda larga e líder em cobertura 4G no país.
As soluções propostas incluem ainda a manutenção de uma oferta de referência para serviços nacionais de roaming, compartilhamento de serviços móveis e uma oferta de radiofrequência.
O acordo também propõe a criação de um agente fiduciário para acompanhar a execução dos remédios em condições justas.
O Safra acredita que entre as potenciais estruturas de remédios, a venda de sites móveis (ERBs) foi a menos prejudicial para os adquirentes.
Embora a venda tenha sido aprovada com os remédios, o conselho decidiu que deveriam ser aplicadas antes da conclusão da operação, que, para o Safra, pode demorar alguns meses dada a eventual venda de parte dos ERBs da Oi.
Analistas ressaltam que já se esperava que a Oi levasse alguns meses para dividir seus ativos entre três entidades separadas a serem vendidas para Claro, Vivo e TIM Brasil, portanto o atraso na operação pode não ser tão relevante.
Apesar disso, o Safra vê a aprovação do negócio como muito positiva tanto para a Tim quanto para a Vivo, com a Tim mais beneficiada pela consolidação, porque vai incorporar cerca de 40% da base de clientes da Oi (contra 29% para Vivo), bem como 54% do espectro total.
Para o Safra, a necessidade de vender os ERBs antes da conclusão não deve alterar materialmente a potencial sinergia do negócio.
Entretanto, pode reduzir um pouco as sinergias da Tim (que deve adquirir 49% das estações-base) e Claro (que deverá adquirir 32% dos sites), e em uma instância menor para a Vivo (que deve adquirir apenas 19% desses ativos).
Projeções
O Safra assume que as empresas devem absorver a base móvel da Oi dentro dos próximos dois trimestres, e os principais benefícios deverão ser o aumento de receita, diluição de custos e sinergias no 2º semestre de 2022, com impacto total nos resultados de 2023.
No caso da Tim, analistas esperam um aumento de R$ 2,7 bilhões nas receitas de serviço móvel para 2023 (aumento de 15% em relação aos números anteriores), e aumento do EBITDA de R$ 1,8 bilhão (aumento de 18,7%), o que deve levar a margem EBITDA a melhorar em 190 bps.
Por outro lado, a Tim deve pagar cerca de R$ 7,3 bilhões pela operação, e o Safra estima cerca de R$ 2 bilhões em obrigações de arrendamento dos sites móveis (que podem mudar, pois parte deles pode ser vendida para outros players).
Analistas ressaltam que além do aumento do EBITDA, o fluxo de caixa livre operacional (EBITDA menos Capex) pode crescer ainda mais (cerca de R$ 1,4 bilhão em 2023), incorporado o fato de que os celulares dos clientes da Oi devem usar a capacidade instalada da Tim, e exigirão, portanto, capex.
Veja as vantagens e desvantagens de investir em ações da Tim, segundo o Banco Safra:
Vale a pena investir em TIMS3?
– Consolidação de mercado é uma oportunidade para a Tim Brasil;
– Possibilidade de novos movimentos de M&A, a partir da venda de alguns players de infraestrutura.
Quais são os riscos de TIMS3?
– Piora do ambiente competitivo;
– Deterioração das condições macroeconômicas;
– Riscos regulatórios e tecnológicos (mudança do cenário da indústria ou antecipação dos ciclos de investimentos).