Mesmo após a criação do saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em 2019, o patrimônio do fundo não foi comprometido.
Segundo Rafael Baldi, diretor-adjunto de produtos da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), “não houve esvaziamento” do FGTS até o momento.
A declaração foi feita durante uma live promovida pelo jornal Valor Econômico, em que Baldi destacou que seria necessário duplicar o volume atual de saques para que o fundo começasse a sofrer saques líquidos.
Baldi explicou que, para o fundo enfrentar saques líquidos — ou seja, quando o total de saques excede o montante de depósitos —, o volume do saque-aniversário teria que dobrar.
“Precisa duplicar o que já tem hoje para começar a zerar [ter saques líquidos]”, afirmou o diretor da Febraban.
Crescimento dos recursos do FGTS
Henrique Lian, diretor-executivo da Proteste, complementou as declarações afirmando que, desde a implementação do saque-aniversário, o FGTS viu seus recursos crescerem 34%, e apenas 5,0% do fundo foi utilizado para essa modalidade de saque.
Segundo ele, os números mostram que o impacto sobre o patrimônio do FGTS foi pequeno até o momento.
Por outro lado, Emmanuel Souza de Abreu, coordenador-geral de Regulação do Sistema Financeiro do Ministério da Fazenda, mencionou que a manutenção do patrimônio do FGTS tem sido sustentada por um mercado de trabalho aquecido.
Ainda assim, ele destacou que o governo e a equipe econômica estão atentos à necessidade de tornar essa preservação mais estrutural, garantindo a longevidade do fundo.
Limitação do crédito consignado preocupa
Durante a mesma live, Henrique Lian levantou uma preocupação em relação ao crédito consignado.
Ele afirmou que a oferta dessa linha de crédito poderá ser prejudicada caso o governo federal decida limitar sua oferta a uma “plataforma pública” e impor um teto para as taxas de juros. S
Segundo Lian, “todo mundo perde” com essa possível medida, diz ele, que referiu-se a uma redução no interesse das instituições financeiras em oferecer crédito consignado.
Rafael Baldi, da Febraban, compartilhou da mesma opinião, e explicou que o operacional para a concessão do crédito consignado não seria assim tão simples.
Ele apontou que a redução das taxas de juros para beneficiários do INSS, promovida pelo Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) desde o ano passado, foi um dos fatores que contribuíram para a diminuição da oferta de crédito.
Segundo Baldi, a diferença entre a taxa média cobrada pelas instituições e o teto permitido era de cerca de 0,3 ponto percentual, mas agora essa diferença se tornou muito pequena.
Com isso, os bancos ficaram desestimulados a conceder essa modalidade de empréstimo.
E, assim, o mercado de crédito consignado pode enfrentar uma retração, caso essas limitações sejam implementadas
As informações são do jornal Valor Econômico.