Em meio a expectativas

Selic a 13,75% ou a 14% ao ano? Analistas se dividem entre manutenção e alta de juros

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já afirmou que a taxa de juros no Brasil permanecerá alta por um tempo mais prolongado

- REUTERS/Amanda Perobelli
- REUTERS/Amanda Perobelli

Nesta terça-feira (20), começa a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, que irá decidir se haverá ou não uma próxima alta de juros. Segundo o Itaú (ITUB4), o ciclo de aperto monetário do Banco Central terminou com a Selic a 13,75% ao ano. Para a instituição, a queda da taxa Selic deve ocorrer apenas no segundo semestre de 2023.

O Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (19), voltou a reduzir a expectativa de inflação para este ano e 2023, além de elevar as projeções para o PIB para este ano.

A expectativa para o IPCA deste ano passou de 6,4% para 6%. Para 2023, recuou de 5,17% para 5,01%. Já a projeção para o PIB subiu de 2,39% para 2,65% em 2022 e foi mantida em 0,50% para 2023.

De acordo com Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, o mercado está bem dividido entre não subir nada nos juros e subir 0,25%.

"Na minha opinião, o BC deve subir 0,25% só para mostrar postura mais cautelosa e responsável em relação à inflação. Sem contar que subir de 13,75% para 14% deixa o Brasil bem atrativo para atrair investidores", afirma Cohen.

Já Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, empresa de tecnologia e educação financeira para investidores, acredita que o Banco Central irá optar pela manutenção da taxa atual de juros: "Não vão mais subir juros esse ano, essa é minha visão. Os indicadores já vinham mostrando arrefecimento da inflação e o BC no Brasil começou a subir juros mais cedo do que outras economias lá fora".

Jorge explica que até poucos dias, o mercado vinha trabalhando com a possibilidade grande de manutenção na próxima reunião do Copom, ou seja, não subiria mais os juros.

"Mas de lá para cá, tivemos Powell surpreendendo o mercado com falas mais duras sobre o controle da inflação por lá. Nos últimos dias, também tivemos o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, demonstrando preocupação com a inflação no Brasil, diz.

Em um evento recente, Campos Neto afirmou que a instituição não pensa, neste momento, em baixar juros. Ele afirmou ainda que a batalha contra a inflação "não está ganha".

"No Brasil, como a gente começou a subir antes (a taxa de juros), fez uma subida mais rápida e mais forte, existe um entendimento de que o trabalho já tá feito e que a gente tem um apressamento, um mercado esperando a queda de juros, a gente tem comunicado que a gente não olha, não pensa em queda de juros neste momento", afirmou em um evento organizado pelo jornal Valor Econômico.

Para Ricardo Jorge, isso fez com que a dinâmica da curva de juros e as expectativas do mercado em relação à próxima reunião do Copom mudassem um pouco. 

Apesar da fala dura do presidente do Banco Central, Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital, acredita que o BC deve manter a taxa Selic atual em 13,75% também por conta da antecipação da alta de juros no Brasil antes mesmo de países como os EUA, que começou a subir juros há pouco tempo.

"Estamos confortáveis com os patamares atuais. Lembrando que a inflação no momento está contribuindo para a decisão do COPOM. Em agosto, tivemos uma deflação de 0,36%. Não tem por que, em um cenário como esse, subir mais os juros", afirma Labarthe.

Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador e CEO da escola Eu me banco, que capacita e forma profissionais para atuação na área de investimentos, reforça, no entanto, que essa deflação no país é temporária e se dá devido às medidas do governo em relação à redução do ICMS sobre combustíveis e energia.

"Trata-se de um alívio temporário que se dá por conta dessas medidas que proíbem estados de cobrarem taxa superior à alíquota geral de ICMS, que varia de 17% a 18% dependendo do local. Com o governo injetando dinheiro na população por meio de benefícios sociais como o aumento do Auxílio Brasil, poderemos ver os efeitos disso na inflação no começo do ano que vem", complementa.

Recomendações

Nesse cenário, Ricardo Jorge explica sobre a importância de diversificar o portfólio em ativos prefixados e pós-fixados.

No curto prazo, o especialista recomenda investir em ativos pós-fixados tendo em vista que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já afirmou que a taxa de juros no Brasil permanecerá alta por um tempo mais prolongado. E isso também contribui para aqueles investimentos em ativos pós-fixados, como é o caso do Tesouro Selic, ou seja, quanto maior a taxa Selic, mais o Tesouro Selic rende.

“Já no médio a longo prazo, a partir de 2024, os ativos prefixados tendem a ser vantajosos acreditando que lá para frente o Banco Central vai voltar a derrubar a taxa de juros. Lá na frente, os ativos prefixados vão se beneficiar quando o BC começar a baixar as taxas de juros. Esse mix entre pré e pós-fixado é uma boa estratégia que pode trazer bons retornos aos investidores”, diz.

As informações são de SHZ Agência.