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Selic aos 5,25% ao ano pode frear alta de alimentos, mas encarece crédito, diz especialista

Como consequência, o consumo e os investimentos das empresas poderiam ser desestimulados

- Arquivo: Agência Brasil
- Arquivo: Agência Brasil

Na última quarta-feira, 4 de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) acrescentou 1 p.p. à taxa básica de juros Selic, que passou de 4,25% para 5,25%. De acordo com Ahmed Sameeer El Khatib, coordenador do Instituto de Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), essa elevação pode frear a inflação dos alimentos básicos como arroz e feijão.

"Em função do aumento progressivo e agressivo da inflação desde 2020, tivemos a necessidade de acionar a elevação da taxa Selic. Esse freio pode, num primeiro momento, evitar preços mais elevados de alimentos", diz. "Mas [a alta] pode deixar o crédito mais caro, fato que desestimula o consumo e investimentos das empresas", pondera.

O especialista explica que quando o governo aumenta a Selic, torna-se o crédito "mais caro" e dificulta-se o acesso a ele, pois aumentam os juros do cartão de crédito, cheque especial e empréstimos. No longo prazo, entretanto, essa estratégia controla a inflação.

Como a Selic está associada ao "custo do dinheiro", o consumo da população tende a diminuir, porque o crediário se torna mais caro, e isso desestimula as pessoas a comprarem mais.

"A população começa a conter seus gastos, reduzindo a demanda. Isso provoca uma retração na economia, redução nos preços dos produtos e serviços, e tudo isso faz a inflação cair. Uma taxa Selic em elevação gera retração de consumo; taxa Selic em alta, desestimula o consumo e a economia (mas pode conter a inflação).", diz Ahmed.

De acordo com o especialista, outros impactos são de curto prazo e serão pequenos. Ahmed afirma que o câmbio, um pouco mais estável, com o real um pouco mais valorizado perante o dólar, reduz a pressão inflacionária sobre combustíveis e alimentos, mas alerta para um cenário de desestímulo aos investimentos por parte das empresas, o que pode aumentar o desemprego.

"Existe uma teoria conhecida como Lei de Okun: um preceito econômico que identifica uma relação inversamente proporcional entre PIB e taxa de desemprego. Estudos que demonstram que a cada 1 ponto porcentual de aumento dos juros no Brasil, temos a redução do crescimento do PIB em cerca de 0,3 ponto porcentual, com uma defasagem de um ano e meio. Aplicando a teoria mencionada anteriormente, a Lei de Okun, para o Brasil aponta que uma redução do crescimento do PIB dessa ordem de grandeza (-0,3 ponto porcentual) tende a elevar a taxa de desemprego em 0,1 ponto porcentual", finaliza.

Com informações da Assessoria de Imprensa da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP).