O boletim Focus, elaborado pelo Departamento de Relacionamento com Investidores do Banco Central, apresenta toda segunda-feira o resultado de uma pesquisa com 120 instituições financeiras sobre os principais indicadores econômicos. Entretanto, ele representa a mediana dessas estimativas. No caso da Selic, a fórmula é a mesma.
“Boletim Focus é o principal relatório do mercado para tentar prever o futuro da economia brasileira, entretanto, sua metodologia é baseada na mediana, o que torna difícil saber qual a probabilidade real atribuída pelo mercado para aquela previsão”, afirma Felipe Uchida, sócio da Equus Capital.
Agora, a Equus Capital faz semanalmente o Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS). Através da coleta e tratamento de dados, é possível estimar a probabilidade indicada pelo mercado de alteração para a próxima reunião do Copom.
“Analisando os dados, vemos que a probabilidade de corte indicada pelo mercado, neste momento, é de 91,46%. Vale lembrar que, próximo da última reunião do Copom, este percentual estava em 96,1%”, afirma Uchida.
Entre os dados, estão as negociações de Contrato de Opção de Copom que formam grandes “palpites” coletivos sobre como a taxa Selic vai (ou deveria) se comportar no futuro, considerando assuntos macro e microeconômicos.
Esses contratos são uma forma dos investidores mostrarem o que eles acreditam que ocorrerá nas reuniões futuras do Copom.
Atualmente, observa-se um aumento significativo no mercado de opções de Copom, com 33.420 contratos em aberto, cerca de 10 mil a mais que na reunião anterior.
“Esse aumento de quase 30% no número de contratos revela que o mercado está demonstrando uma atenção crescente e uma resposta especulativa às políticas do Banco Central e aos indicadores econômicos atuais. Tal aumento sugere que os investidores estão ajustando suas estratégias e posições financeiras em antecipação a possíveis mudanças na taxa Selic, refletindo um ambiente de incerteza e expectativa quanto ao futuro da política monetária", explica.
Uchida também destacou que este cenário enfatiza a importância de acompanhar de perto os movimentos do mercado e as decisões do Copom, que têm o potencial de influenciar significativamente as estratégias de investimento e a saúde econômica do país.
“Fazendo uma analogia entre o mercado de opções e o boletim Focus, imagine que, dentro da roleta de um cassino, existem espectadores (Focus) observando o jogo, e opinando se a bolinha cairá na cor preta ou vermelha e existem os jogadores (IEPS), ou seja, aqueles que estão colocando dinheiro acreditando na sua aposta. É exatamente essa a diferença entre o mercado de opções e o Boletim Focus. Ambos são importantes, mas a metodologia é diferente”, ressalta.
Por fim, Uchida informou que o mercado de opções tem dado uma melhor previsibilidade para o mercado financeiro na tomada de decisão do Banco Central.
"Isso é bom para a economia. As instituições financeiras, os investidores e até mesmo as empresas, conseguem se programar com racionalidade se elas sabem o que ocorrerá com a Selic”, finaliza Uchida.