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Semana pode ter corte de juros no Brasil e nos EUA

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Os mercados do Brasil e do mundo terão uma semana decisiva, com a definição da taxa de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom), aqui no Brasil, e pelo Comitê de Mercado Aberto (Fomc), nos EUA. Em ambos os casos, o mercado discute se o corte será de 0,25 ponto percentual ou 0,50 ponto.

Também saem esta semana os dados de inflação do IGP-M, que corrige os contratos de aluguel, a Produção Industrial de junho, a pesquisa de emprego mensal do IBGE, as contas públicas e um punhado de balanços do primeiro trimestre, incluindo Itaú Unibanco.

No exterior, além do Fomc, saem dados de emprego nos EUA, inflação e, do outro lado do Atlântico, o PIB da União Europeia do segundo trimestre. Há expectativa também de retomada das negociações entre Estados Unidos e China para acabar com a guerra comercial.

Quanto o juro vai cair?

No Brasil, a expectativa é com um novo corte de juros pelo Banco Central (BC), hoje em 6,5% ao ano, que já é uma das taxas mais baixas da história. A reunião começa na terça e a taxa deve ser divulgada na quarta-feira, no fim da tarde. Para a Rosenberg Associados, o balanço de riscos permite o reinício do processo de flexibilização monetária. Dado o caráter e tom cautelosos sempre demostrados pelo BC, a consultoria espera que o primeiro passo seja de um corte de 0,25 ponto percentual, “embora haja espaço para um corte de 0,50”, diz a Rosenberg.

Itaú aposta em corte de 0,5% logo de cara

Já o Itaú acredita que o Copom começa já com um corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica, que será seguida por outros dois cortes de mesma magnitude nas reuniões de setembro e outubro. O Bradesco, por sua vez, também espera uma redução de 0,25 ponto, e um comunicado que condicionará as decisões futuras à evolução dos dados econômicos. “Em nosso cenário, contemplamos um primeiro movimento de 0,25 pp e um orçamento total de 1,0 ponto”, diz o Bradesco, o que significa que a taxa Selic pararia em 5,5% ao ano. Para o banco, as incertezas em relação ao impacto da aprovação da Reforma da Previdência (em primeiro turno na Câmara) e os efeitos da liberação dos recursos do FGTS e do PIS/Pasep na atividade econômica levarão o BC a ser mais parcimonioso no início do ciclo.
E a velocidade de recuperação da atividade nos próximos meses será fundamental para determinar o tamanho do ciclo de corte, diz o Bradesco. No caso de alguma frustração com a retomada da atividade, porém, o corte pode ser maior. “Avaliamos que o Copom poderá aumentar a intensidade de ajuste e também o orçamento total do afrouxamento monetário” diz o banco.

Juro baixo por mais tempo

Para o Bradesco, a fraca demanda interna e a falta de pressão inflacionária no Brasil devem resultar em juros baixos por mais tempo. “Esperamos que a taxa Selic atinja uma média de 6,5% ao ano até o final de 2022”, diz o banco. Além disso, as baixas taxas de juros por mais tempo devem ajudar a impulsionar os mercados de capitais e as atividades de fusões e aquisições, assim como reduzir as despesas financeiras e aumentar a atratividade dos títulos, beneficiando ações altamente alavancadas e setores como bolsas , shoppings, estradas com pedágios e utilitários. O Bradesco revisou este mês sua estimativa para o Ibovespa no fim deste ano, de 116 mil pontos para 122 mil.

Resultado fiscal do governo na segunda-feira

Do lado fiscal, o resultado primário do governo consolidado de junho será divulgado na segunda-feira. A expectativa da Rosenberg é de um déficit primário, sem contar os juros da dívida, de R$ 11 bilhões. Segunda-feira saem também os dados do boletim Focus, pesquisa semanal feita pelo Banco Central para saber as projeções do mercado para os principais indicadores da economia. Destaque para as projeções de inflação, que podem influenciar a decisão do Copom.

Ainda sem data definida, os dados de vendas de veículos de julho da Fenabrave também podem ser divulgados, diz o Itaú.

Produção industrial 

A semana terá dois dados importantes sobre atividade industrial. Na segunda-feira, a FGV divulga a Sondagem da Indústria de junho e, na quinta-feira, o IBGE anuncia a Produção Industrial Mensal do mês passado. Para a Rosenberg, a indústria deve ter continuado a mostrar comportamento próximo da estabilidade na comparação mensal, -0,1%, com queda de 7,1% na comparação com o mesmo mês de 2018 por conta da elevada base de comparação. Para o Bradesco, a Produção Industrial deve apresentar queda de 0,5%.

Inflação do IGP-M

Já a inflação terá vez na terça-feira com o IGP-M de julho da FGV. O índice que corrige o aluguel deve desacelerar para 0,47%, segundo a Rosenberg, variação menor do que a observada no mês passado, de 0,80%. Na comparação em 12 meses, o indicador deve arrefecer de 6,51% para 6,41%. O destaque, segundo a consultoria, deve ser a desaceleração dos preços no atacado, o IPA-M, puxado pela queda dos grãos. Os preços ao consumidor (IPC-M) devem acelerar, puxados pela reversão da deflação do grupo de alimentos.   Já o Bradesco estima alta de 0,54% para o IGP-M de julho.

Desemprego na quarta-feira

Na quarta-feira, é a vez do emprego, com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra em Domicílio (Pnad) do IBGE relativa a junho. Segundo a Rosenberg, considerando-se tanto a sazonalidade favorável quanto a melhora da tendência (observada, também, nos dados do Caged), a consultoria espera recuo da taxa de desocupação para 12% no segundo trimestre do ano. O Bradesco trabalha com 12,1% de dezembro.

Fomc será destaque no exterior

Na agenda internacional, também bastante movimentada nesta semana, o destaque será a decisão de política monetária nos Estados Unidos, na quarta-feira, junto com a do Copom, só que mais cedo. Para a Rosenberg, o crescimento pouco maior que o esperado pelo mercado do PIB do segundo trimestre (2,1% contra 1,9%) divulgado semana passada reduz a probabilidade de um corte mais forte da taxa de juros, de 0,50 ponto.

Mas a composição deste crescimento, com retração dos investimentos, sinaliza menor atividade à frente, o que reforça a necessidade de ajuste da taxa. Assim, o corte de 0,25 ponto continua sendo o cenário mais provável, com grande atenção ao comunicado pós-reunião, o gráfico de dispersão das opiniões dos dirigentes do Fed sobre próximos passos e entrevista coletiva, afirma a Rosenberg.

Para o Bradesco, o Fomc decidirá por uma queda de 0,25 ponto percentual e um comunicado sugerindo cautela nos próximos passos.

Inflação e emprego nos EUA

Ainda nos Estados Unidos, sai na terça-feira a inflação dos gastos pessoais medida pelo PCE, que é o índice utilizado pelo Federal Reserve em suas metas de inflação. O Bradesco estima que o PCE deve mostrar leve aceleração dos núcleos. Na quarta-feira, saem dados do mercado de trabalho, na quarta-feira, do setor privado, pela pesquisa da empresa ADP, e na sexta-feira, do Departamento do Trabalho, o Payroll. O Bradesco estima que o mercado de trabalho americano deverá continuar indicando um ambiente aquecido, limitando uma queda maior nos juros pelo Fomc.

PIB da Europa

Na Zona do Euro, após os impactos da reunião do Banco Central Europeu (BCE), que indicou na semana passada que estuda novos estímulos para a região, sai nesta semana as divulgações do Produto Interno Bruto (PIB) (preliminar) do segundo trimestre de 2019, com a expectativa de desaceleração do crescimento em relação ao trimestre anterior, e dos dados de desemprego e vendas no varejo para junho, diz a Rosenberg. O Bradesco acredita que os dados da semana na Europa deverão reforçar a leitura de cenário de atividade fraca (PIB do segundo trimestre e taxa de desemprego) e inflação comportada.

O Itaú destaca que EUA e China voltam a realizar reuniões a partir de terça-feira para discutir as relações comerciais entre as partes. Na quarta-feira, sai a inflação de julho da Zona do Euro.

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