A semana começa com o presidente Jair Bolsonaro nos Estados Unidos, em visita oficial que deverá render mais fotos que negócios efetivos, desviando um pouco as atenções da reforma da Previdência, que começa a tramitar na Câmara. O presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), espera que o projeto seja votado até o fim de maio, mas ainda será preciso definir pontos importantes, como o relator do texto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Os deputados vão esperar, porém, a chegada do projeto de reforma dos militares para garantir que ninguém vai escapar das mudanças e evitar um desgaste com os eleitores.
Já nos mercados, a expectativa é com o Índice Bovespa perto dos 100 mil pontos. Na sexta-feira, o principal indicador do mercado brasileiro fechou em novo recorde, aos 99.136 pontos, e pode superar a barreira psicológica nesta semana, dependendo do avanço da reforma da Previdência.
BC deve mostrar atividade ainda fraca
No campo econômico, a semana começa quente, com o Banco Central (BC) divulgando seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) de janeiro. A expectativa do mercado é de uma queda de 0,2% no mês e crescimento de 0,3% sobre o mesmo mês de 2018.
O banco Credit Suisse trabalha com uma queda do IBC-BR de -0,2% no mês e um crescimento de 1% sobre o mesmo mês do ano passado. Em dezembro, o índice havia subido 0,2% no mês e 0,2% em 12 meses. A melhora, segundo o CS, acompanha os indicadores recentes da economia, como a produção industrial, que teve uma contração menor em janeiro, de -2,3%, do que em dezembro, com -3,6%. Já as vendas do varejo ampliado cresceram 3,5% em janeiro, ante 1,7% em dezembro. “Se nossas projeções se confirmarem, o IBC-Br vai reforçar as indicações de que a economia real continua a crescer a um ritmo bem gradual”, diz o CS. O Bradesco espera queda de 0,2%, refletindo o desempenho negativo da indústria e dos serviços no período. O Banco Safra trabalha com queda de -0,4% no mês e alta de 0,7% em 12 meses.
Primeiro Copom de Campos Neto
Na terça-feira começa a reunião de dois dias do Comitê de Política Monetária (Copom), que definirá a taxa de juros básica Selic. A reunião termina na quarta-feira à noite e será a primeira sob comando do novo presidente do BC, Roberto Campos Neto, indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Não se esperam, porém, grandes movimentos e o Copom deve manter os juros em 6,5% ao ano. As atenções estarão no texto do comunicado que acompanha a decisão, e que pode dar alguma pista dos próximos passos do BC e como o novo presidente vê os cenários externo e interno. O CS espera que o Copom mantenha os juros, apesar do aumento da inflação recente por conta da alta do dólar e do petróleo no exterior. O Safra espera juros também em 6,5%. Já o Bradesco espera manutenção da taxa Selic em 6,5%, mas acredita que o BC deverá alterar marginalmente alguns vetores do seu balanço de riscos para o cenário prospectivo de inflação, considerando-o mais simétrico.
Caged e Arrecadação federal
Dois eventos devem ser os focos da semana, diz o Banco Votorantim: a reunião do Copom – que deve manter os juros estáveis e indicar os próximos passos de política – e a nomeação do relator da reforma da Previdência na CCJ da Câmara. No âmbito econômico, destaque para o índice de atividade do BC, a arrecadação federal e os dados de emprego do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), ambos relativos a janeiro, sem data definida. Na terça-feira, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulga a segunda prévia do IGP-M de março.
Fomc define juros nos EUA e BoE no Reino Unido
No exterior, a agenda econômica é relativamente vazia. Nos EUA, o destaque será a reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, banco central americano) que deve manter os juros estáveis nos EUA. A reunião começa na terça e termina na quarta-feira, como o Copom, mas a decisão nos EUA sai mais cedo, no meio da tarde. Os juros devem permanecer entre 2,25% e 2,50% ao ano.
O Bradesco acredita que o banco central americano trará, em seu comentário sobre a decisão, um tom ainda mais cauteloso acerca da evolução da economia do país, o que deve reforçar o cenário do banco, de estabilidade da taxa de juros neste ano. Já as leituras preliminares dos índices PMI da indústria de transformação referentes a março deverão reforçar a avaliação de atividade global fraca nesse primeiro trimestre.
Na Europa, o foco ficará nos índices de gerentes de compras (PMIs), que antecipam a atividade econômica, além de números de confiança da região na terça-feria e a reunião do Banco da Inglaterra (BoE) na quinta-feira.
Será importante saber a posição do BoE depois que o Banco Central Europeu (BCE) revisou para baixo suas projeções de crescimento da região e prorrogou os incentivos para os bancos. Além disso, o BoE enfrenta as dificuldades criadas pela saída do Reino Unido da União Europeia. Na semana passada, a primeira-ministra Theresa May saiu mais enfraquecida após ser derrotada em sua proposta de aprovar no Parlamento um acordo para o Brexit com algumas concessões. Mas conseguiu pelo menos evitar uma saída drástica conseguindo uma autorização para negociar um adiamento do Brexit. Na Ásia, a principal divulgação deve ser a inflação no Japão.
Segue sendo muito complicado estimar o comportamento de curto prazo dos mercados de risco no Brasil e exterior diante de todas as situações que podem ocorrer. O Brexit segue difícil com
Theresa May tendo que discutir uma terceira minuta de acordo com a União Europeia, com boas chances de ser negado pelo parlamento britânico. Pelo menos a possibilidade de uma segunda consulta sobre o Brexit foi rejeitada no parlamento. Então a situação fica
sendo de aceitar uma terceira minuta ou sair da União Europeia sem acordo, o que parece pouco provável.
Com os EUA, não temos mais informações sobre o andamento das negociações com a China. O que temos são declarações do secretário do Tesouro Mnuchin de ter mantido contato com Lighthizer
e o ministro Liu da China e que as negociações devem ser fechadas nas próximas semanas. Donald Trump aguarda uma definição do Brexit para negociar com o Reino Unido e a União Europeia. Aparentemente a situação está sendo bem encaminhada.
No Brasil, mercados ainda voláteis por conta da situação política e ruídos sobre previdência e comissões (principalmente a CCJ) com presidência de Francischini do PSL em seu primeiro mandato.
Os trabalhos podem ser acelerados, assim que o governo encaminhar o projeto dos militares.
Mas conseguiu pelo menos evitar uma saída drástica conseguindo uma autorização para negociar um adiamento do Brexit. Na Ásia, a principal divulgação deve ser a inflação no Japão.
O Ibovespa e os 100 mil pontos
O Índice Bovespa fechou aos 99.136 pontos na sexta-feira, em alta de 0,54%) acumulando 3,96% de ganho na semana, 3,72% no mês, 12,80% no ano e 16,73% em 12 meses. A alta do mercado reflete a volta dos investidores estrangeiros, que até dia 9 de março acumulam um saldo positivo em R$ 305,481 milhões no mês, depois de registrarem saídas de mais de R$ 1 bilhão. No ano, porém, o saldo está negativo ainda, em R$ 789,3 milhões.
O dólar seguiu no sentido contrário da bolsa, encerrando a semana cotado a R$ 3,82 no mercado comercial, com queda de 0,73% no dia. Na semana, a moeda americana caiu -1,29% na semana, mas ainda sobe, +1,79% no mês. No ano, o dólar cai -1,42%, mas sobe 16,25% em 12 meses. Segundo o BB Investimentos, o risco medido pelo CDS Brasil permaneceu em 1,56 pontos percentuais no exterior.
Incerteza no curto prazo
Segue muito complicado estimar o comportamento de curto prazo dos mercados de risco no Brasil e exterior, avalia Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital ModalMais. O Brexit segue difícil com Theresa May tendo que discutir uma terceira minuta de acordo com a União Europeia, com boas chances de ser negado pelo Parlamento britânico. Pelo menos a possibilidade de uma segunda consulta sobre o Brexit foi rejeitada no Parlamento. A situação fica sendo de aceitar uma terceira minuta ou sair da União Europeia sem acordo, o que parece pouco provável.
Com os EUA, Bandeira observa que não há mais informações sobre o andamento das negociações comerciais com a China. “O que temos são declarações do secretário do Tesouro Mnuchin de ter mantido contato com Lighthizer e o ministro Liu da China e que as negociações devem ser fechadas nas próximas semanas”, diz. Donald Trump aguarda uma definição do Brexit para negociar com o Reino Unido e a União Europeia.
No Brasil, mercados ainda seguem voláteis por conta da situação política e ruídos sobre Previdência e comissões (principalmente a CCJ) com a presidência de Francischini, do PSL, em seu primeiro mandato, destaca Bandeira. Os trabalhos podem ser acelerados assim que o governo encaminhar o projeto dos militares.
Para o economista, quase tudo depende do encaminhamento da reforma da Previdência. Quanto menos o projeto original for mexido e mais rápida for aprovado, melhor será a reação dos mercados, pois significa que o governo tem credibilidade e capital político para realizar outras mudanças fundamentais.
Bandeira diz que ainda espera o rompimento do patamar de 100.000 pontos do Ibovespa, não pelo que possa significar em termos de tendência, mas pela marca emblemática superada. “Seguimos acreditando em mercado de alta, com fluxo maior canalizado.”
Resultados de Lojas Americanas, Cyrela e Qualicorp
Nesta semana, ainda ocorrerão algumas divulgações de resultados. Metal Leve divulga seu balanço do quarto trimestre após o fechamento na segunda-feira. Na terça, Aliar e Energisa publicam seus dados após o fechamento. Na quarta, antes da abertura, Randon publica seus dados e, depois do encerramento, saem os balanços de Tegma, Anima, B2W, Eneva, Lojas Americanas e Lopes Brasil.
Na quinta-feira, saem resultados da Cyrela, EzTec, Qualicorp e Tecnisa após o fechamento. Sexta-feira é o dia de Cesp mostrar seu balanço.
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