A semana deverá ser marcada pelos desdobramentos do impasse entre americanos e chineses nas negociações para pôr fim à guerra comercial entre os dois países. Depois do retrocesso da semana passada, que fez o presidente americano Donald Trump determinar o aumento na sexta-feira das tarifas de importação de 10% para 25% sobre US$ 200 bilhões de produtos chineses, havia a expectativa de que as partes entrariam em algum acordo no fim de semana. Isso, porém, não aconteceu e a tensão aumentou, com as autoridades chinesas indicando que não querem ceder nos pontos exigidos pelos americanos, que incluem proteção à propriedade intelectual e transferência de tecnologia para companhias chinesas. No fim de semana, o jornal Diário do Povo, publicação oficial do Partido Comunista divulgou artigo dizendo que jamais perderia o respeito do país e que ninguém deveria esperar que a China “engula a fruta amarga que ameaça seus próprios interesses”. Outros jornais divulgaram artigos afirmando que a China não tem medo de um recrudescimento da guerra comercial.
Já Trump informou que as tarifas devem continuar elevadas enquanto não houver acordo e que os produtos chineses poderão ser substituídos por produtos locais. Trump provocou polêmica ao afirmar erroneamente que as tarifas mais altas serão pagas pelos chineses, já que o aumento do custo impactará diretamente os importadores americanos e os consumidores dos produtos chineses, que terão de pagar mais caro pelos artigos. Representantes do próprio Federal Reserve, banco central americano, já afirmaram que as tarifas podem aumentar o custo e reduzir o consumo dos americanos, permitindo uma alta menor dos juros.
Além da guerra comercial, as atenções dos investidores vão estar na desaceleração da economia mundial. Na terça-feira sai a produção industrial da zona do euro de março e o indicador de expectativas de maio. Na Alemanha saem dados de inflação de abril e a pesquisa de Situação Atual. Na China, saem investimentos em ativos fixos urbanos, produção industrial e vendas no varejo de abril. E nos EUA, ainda na terça, os preços dos produtos importados.
Na quarta-feira sai um dado importante, o PIB do primeiro trimestre da Alemanha, principal economia da Europa, e o PIB da zona do euro. Saem também dados de emprego da zona do euro. Nos EUA, saem dados de pedidos de hipotecas de maio, vendas no varejo, produção industrial e utilização da capacidade instalada de abril, o Índice do Mercado Imobiliário da associação dos corretores americanos (NAHB) de maio.
Mercado local terá ata do Copom
No mercado local, a semana terá poucos indicadores econômicos, com destaque para o boletim Focus do Banco Central (BC) na segunda-feira, que traz uma pesquisa sobre as projeções do mercado para as principais variáveis econômicas. A expectativa é de que o mercado tenha revisto suas projeções para os juros deste ano e de crescimento.
Ainda sobre juros, na terça-feira sai a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que manteve a taxa de juros em 6,5% na semana passada. Em seu comunicado junto com a decisão, o Copom já indicou maior preocupação com o desaquecimento econômico e levou muitos analistas a apostar em novas quedas dos juros ainda este ano. A ata pode dar mais detalhes da visão do BC e reforçar a queda nos juros.
Para o Banco Safra, a expectativa é de um primeiro corte de 0,50 ponto percentual na taxa Selic na reunião de 31 de julho, seguido de um corte adicional de mesma magnitude no encontro seguinte.
Atrasos na votação da reforma da previdência podem jogar para frente o corte de juros. “Como de costume, a ata a ser divulgada na próxima semana trará informações mais detalhadas sobre a visão do BC sobre a atividade e inflação”, diz o banco em relatório.
Saem também na terça-feira dados do setor de Serviços do IBGE.
Atividade do BC
Na quarta-feira, o principal indicador é o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de março, que pode confirmar que o primeiro trimestre fechou com queda na atividade econômica. O IBC-Br antecipa o resultado do PIB calculado pelo IBGE.
IGP-10 e IPC Fipe
Na quinta-feira, o IGP-10 de abril da Fundação Getulio Vargas tratá informações sobre o comportamento dos preços tanto no varejo quanto no atacado. Na sexta-feira, a Fipe divulga seu índice de preços.
Ao longo da semana, sem data certa, saem os dados de emprego do Caged de abril e a arrecadação federal de abril.
Previdência e derrotas de Bolsonaro
Além dos indicadores econômicos, o mercado seguirá atento à tramitação da reforma da Previdência na comissão especial da Câmara dos Deputados. O presidente Jair Bolsonaro acumulou derrotas na semana passada no Congresso em temas ligados à reforma administrativa. O desgaste do ministro da Justiça, Sérgio Moro, também pode preocupar os investidores. No fim de semana, em meio aos boatos de que Moro estaria prestes a pedir sua renúncia, Bolsonaro disse pretende indicá-lo para uma vaga no Supremo.
Guedes na Comissão de Orçamento na terça
No Congresso, a expectativa é com a ida do ministro da Economia, Paulo Guedes, à Comissão Mista do Orçamento para discutir a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2020 na terça-feira, às 14 horas. Mais cedo, a Comissão vai discutir o pedido do governo federal de captar mais R$ 248,9 bilhões no mercado para cumprir os compromissos e respeitar a “regra de ouro”, que impede que o governo tome empréstimos para pagar despesas correntes.
A Câmara deve tratar ainda de medidas provisórias importantes, como a da reforma administrativa e a de saneamento. Além disso, pode ser encaminhado ao Congresso o plano de ajuda financeira aos estados, observa o Banco Votorantim.
Balanços na reta final
A semana terá ainda a reta final dos balanços do primeiro trimestre.
Na segunda-feira, saem os dados antes da abertura do mercado de Direcional e Itaúsa. Depois do fechamento, saem Alliar, Cosan, Ânima, Eletrobrás, Portobello e Oi.
Na terça-feira, divulgam seus balanços Embraer, CPFL, Equatorial, Banrisul, Bradespar, Copel, Hapvida, Helbor, JBS, Lopes Brasil, Rnova, Santos Brasil e Tupy.
Na quarta, dia 15, saem antes da abertura IMC e Kroton. Depois do fechamento saem EZTEC, JSL, Unidas, Metal Leve, Petrorio e Ultrapar. Sem horário definido serão divulgados os balanços de Cemig, Cesp, Ferbasa e Ômega.
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