Semana terá Nova Previdência, Nova UDN, crise política, IPCA-15 e ata do Fomc nos EUA

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O presidente Jair Bolsonaro mostrou uma disposição ímpar ao deixar o hospital na semana passada, não só aprovando as linhas gerais da reforma da Previdência, chamada pela equipe do governo de Nova Previdência, como ainda detonando um dos seus principais assessores e provocando uma crise política que pode levar à criação de um novo partido para substituir o partido governista, o PSL. O anúncio da idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 para homens e com prazo de transição menor, 12 anos, agradou os investidores, que aguardam agora o envido do projeto com mais detalhes nesta semana, até quarta-feira. O texto final deve tratar dos benefícios por idade e deficiência, que podem ficar abaixo do salário mínimo, e do acúmulo de benefícios e regras para trabalhadores rurais e militares.

Bebiano balança

Ao mesmo tempo, os investidores vão estar atentos aos desdobramentos políticos da Crise das Laranjas, que deve levar à saída do secretário-geral da Presidência, Gustavo Bebiano, nesta segunda-feira. Trata-se da primeira baixa do governo em menos de dois meses após a posse, em meio a denúncias de que o PSL, que Bebiano presidia, financiou candidaturas laranjas em Pernambuco e Minas Gerais.

Bebiano não é só um auxiliar. Como presidente do PSL, ele foi um dos principais articuladores políticos da candidatura de Bolsonaro, mas nunca conseguiu superar a influência da família sobre o presidente. A forma como Bebiano sai, chamado de mentiroso pelo presidente e por seu filho, Carlos, pode cobrar seu preço em revelações sobre os bastidores da campanha e da formação do governo, além de aumentar a desconfiança de possíveis aliados no Congresso com possíveis alianças. O presidente perde também um articulador no Congresso que começava a ganhar respeito entre os partidos, ao lado do chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

A volta da UDN

Para completar,  os filhos do presidente, sua verdadeira base de apoio, negociam a criação de um novo partido que ressuscitaria a antiga União Democrática Nacional (UDN), segundo informações do jornal O Estado de S.Paulo. O partido defendia ideais liberais, mas não se furtava em apoiar tentativas de golpes de Estado durante os anos 1950 e 1960, e teve seu melhor momento com a eleição de Jânio Quadros, que renunciou sete meses depois de assumir.

A criação de um novo partido com um nome que remete a um passado não tão glorioso às vésperas da votação da reforma da Previdência é um movimento no mínimo temeroso para um governo que precisa aprovar reformas constitucionais polêmicas no Congresso. Algo como trocar a turbina do avião durante o voo.

Fomc, IPCA-15, Caged, desemprego e PMI

Para além do cenário político e da Nova Previdência, a semana terá dados importantes na economia local e internacional. Na quarta-feira, nos EUA, saem os dados da ata da última reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, banco central americano). Já na quinta, no Brasil, sai o IPCA-15 de fevereiro, que serve de prévia para o IPCA, usado nas metas de inflação do Banco Central (BC). O IPCA-15 subiu 0,30% em  janeiro e a estimativa do Banco Fator é de alta de 0,48%. Na sexta-feira, o IBGE divulga os dados de emprego e desemprego da Pesquisa Nacional por Amostra em Domicílio (Pnad) contínua do quarto trimestre.

Desaquecimento da Europa

Na Zona do Euro e nos EUA, saem na quinta-feira os Índices de Gerentes de Compras (PMI) da Manufatura e de Serviços de fevereiro e a inflação ao consumidor (CPI) da Alemanha, que podem reforçar o receio com um desaquecimento da economia mundial. Na sexta-feira será conhecido o PIB da Alemanha no quarto trimestre e os preços ao consumidor na zona do euro.

Sem data definida, no Brasil, o Ministério do Trabalho divulgará os dados de emprego formal (Caged) de janeiro, com a expectativa do Banco Fator de criação de 75 mil vagas. Saem também dados da arrecadação federal de janeiro.

Muro de emergência e negociação EUA-China

Em outro foco das atenções dos investidores, autoridades americanas devem se reunir com representantes chineses para continuar negociando um acordo para reduzir o déficit comercial chinês com os EUA. As reuniões acontecem agora em solo americano e o presidente Donald Trump se disse otimista com as negociações, que precisam ter algum avanço até o começo de março, quando a alta de tarifas para produtos chineses entra em vigor.

Já a polêmica decretação de emergência nacional por Trump para conseguir recursos para construir o muro na fronteira dos EUA com o México deve continuar repercutindo no Congresso. A oposição democrata e mesmo republicanos descontentes com a transferência de recursos das Forças Armadas para o muro podem criar problemas para o presidente americano em outros campos.

Índice perto dos 100 mil de novo

O Índice Bovespa encerrou o pregão sexta-feira aos 97.525 pontos, em queda de 0,50%, acumulando alta de 0,14% no mês, 10,97% no ano e 15,7% em 12 meses. Até dia 13 de fevereiro, a bolsa registra um ingresso líquido de capital estrangeiro de R$ 655,8 milhões, aumentando o saldo positivo do ano para R$ 1,3 bilhão.

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