Historicamente, a caderneta de poupança sempre foi considerada o porto seguro da economia familiar. Especialmente em um passado recente, pré-Plano Real, quando a inflação no Brasil estava fora de controle, deixar o dinheiro na poupança era a única maneira de manter o poder de compra enquanto os preços subiam vertiginosamente.
A terceira edição do “Raio-X do Investidor”, publicado pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) em 2020, mostra que o Brasil ainda tem poucos investidores — apenas 44% tem algum tipo de aplicação financeira —, mas que entre eles a “caderneta” continua soberana: 84% ainda utilizam a caderneta para guardar as economias.
Será que esses investidores estão perdendo dinheiro? Confira se a poupança vale a pena em algum cenário.
Melhor que nada
Dez entre dez consultores financeiros concordam: a poupança não vale mais a pena. Em 2020, quem deixou o dinheiro parado nesse tipo de aplicação perdeu dinheiro.
De acordo com informações da provedora de dados financeiros Economatica, o rendimento acumulado da poupança no ano passado foi de 2,11%. O retorno, que já é tímido, foi sufocado pela inflação no período. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA — considerado a inflação oficial do Brasil — fechou o ano passado em 4,52%. Com esse resultado, quem deixou R$1 mil na poupança em janeiro, terminou o ano com o equivalente a R$977 em poder de compra.
Há, porém, o lado menos pior da poupança: se os mesmos R$ 1 mil fossem deixados parados na conta corrente, a perda seria ainda maior. Com a alta do IPCA, restaria em poder de compra o equivalente a R$954.
Importante lembrar que esse cálculo vale para a “nova poupança”, que atualmente rende de 70% da Selic após mudança das regras pelo governos. Para depósitos anteriores a 3 de maio de 2012, vale a regra da “antiga poupança”: 0,5% ao mês. Em ambos os casos é somada também a TR (Taxa Referencial), mas que atualmente está zerada.
Ou seja: a poupança é melhor que nada, mas dá para ser melhor — e com os mesmos benefícios da caderneta.
Aprenda e invista!
Brasileiros têm uma dificuldade cultural para guardar dinheiro. Uma pesquisa realizada pelo Ibope em abril de 2020 com duas mil pessoas maiores de 16 anos revelou que apenas 21% tiveram alguma educação financeira na infância.
A consequência disso é o descontrole com o dinheiro, mau uso de produtos como cheque especial e cartão de crédito, além de — claro — pouca ou nenhuma informação sobre como manter ou fazer crescer o patrimônio.
Para investidores iniciantes e também para os mais experientes, existe uma série de ferramentas disponíveis na internet para comparar ativos, simular aplicações e auxiliar na tomada de decisões sobre uma carteira de investimentos.